Ter razão antes do tempo não é motivo de grande satisfação, pois tal quer dizer que alguém tomou as decisões erradas…

Foi em novembro de 2013 que, aqui mesmo, escrevi isto:
«Parto de uma conceção de integração territorial de criação de uma centralidade entre o litoral português e as regiões centrais de Espanha, em que o Arco Urbano do Centro Interior português Guarda-Covilhã-Fundão-Castelo Branco e o Eixo Urbano da Raia Central Espanhola Salamanca-Cáceres deveriam constituir o “sistema nervoso” raiano e as espinhas dorsais dos dois sistemas urbanos fronteiriços, os quais deviam desenvolver um conjunto de iniciativas que contribuíssem de modo eficaz para o desenvolvimento de todo o sistema territorial transfronteiriço.
Infelizmente, o novo mapa territorial da Região Centro, ao separar Castelo Branco, Penamacor e Idanha-a-Nova dos restantes municípios da Beira interior parece ir ao arrepio da construção desta centralidade raiana, decisão que já tive oportunidade de criticar.»
E, reafirmei em maio de 2014 que, e cito:
«Como sempre tenho dito, é um erro crasso não olhar para a Beira Interior como um todo, e esta decisão de separar o que é uno, só pode conduzir ao desastre.»
Tinha como motivo para estas minhas objeções a decisão que os autarcas, com a cumplicidade da CCDR-Centro, tinham tomado de criar duas Comunidades Intermunicipais que dividiam a Beira Interior: de um lado a CIM Beiras e Serra da Estrela e do outro a CIM Beira Baixa, como se os problemas da Beira Interior não fossem os mesmos para o conjunto dos Municípios abrangidos.
Mas a razão vem sempre ao de cima e é, com grande satisfação que leio a entrevista que Luís Tadeu, Presidente da Câmara de Gouveia e da CIM Beiras e Serra da Estrela, deu ao «Jornal do Fundão» e em que vejo esta autarca a defender (finalmente!) a união das duas CIM’s, como sendo um processo natural e que, cito:
«Admito perfeitamente que na evolução deste processo das CIM possa chegar um momento de – até por uma questão de ganhos de escala com outras áreas do país –, essa junção resultar em ganhos para este território e populações.»
A extinção das Comunidades Intermunicipais das Beiras e Serra da Estrela e da Beira Baixa e a sua fusão numa única CIM da Beira Interior parece assim voltar a estar na agenda política regional.
Até que em fim! Só é pena que venha com um atraso de quase década e meia, durante a qual a Beira Interior, as suas populações e empresas perderam com esta divisão artificial, daquilo que era uno!
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007)
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