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Página Principal  /  Aldeia de Joanes • Aldeia de Joanes • Bismula • Cultura • Fundão • Livros • Opinião  /  Idas a terras de Camilo
31 Julho 2022

Idas a terras de Camilo

Por António Alves Fernandes
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Organizado e com os esforços da Dra. Dina, Directora da Biblioteca Eugénia de Andrade do Fundão, cumpriu-se inserido no Programa Anual do Clube de Leitores daquela Biblioteca, uma visita à «Casa de Camilo-Museu» em São Miguel de Seide, concelho de Vila Nova de Famalicão.

Grupo do «Clube de Leitores do Fundão» de visita à Casa de Camilo-Museu
  • Grupo do «Clube de Leitores do Fundão» de visita à Casa de Camilo-Museu
    Grupo do «Clube de Leitores do Fundão» de visita à Casa de Camilo-Museu
  • Grupo do «Clube de Leitores do Fundão» de visita à Casa de Camilo-Museu
    Grupo do «Clube de Leitores do Fundão» de visita à Casa de Camilo-Museu
  • Grupo do «Clube de Leitores do Fundão» de visita à Casa de Camilo-Museu
    Grupo do «Clube de Leitores do Fundão» de visita à Casa de Camilo-Museu
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  • Grupo do «Clube de Leitores do Fundão» de visita à Casa de Camilo-Museu
    Grupo do «Clube de Leitores do Fundão» de visita à Casa de Camilo-Museu
  • Grupo do «Clube de Leitores do Fundão» de visita à Casa de Camilo-Museu

Num sábado quente, trinta e três leitores saíram ainda manha cedo num autocarro cedido pelo Município do Fundão, percorrendo uma viagem de mais de três horas. Deparamos e avistamos paisagens carbonizadas, que nos dão imagens de um País adiado. Já lá vão tantos anos de democracia, não tem faltado dinheiro, oportunidades, estudos, nomeação de comissões, impostos, e vemos tantos hectares ardidos, ainda nos vem o cheiro de terra queimada. E, quem observa com atenção alguns incêndios não avançaram com forças devastadoras porque encontram terrenos verdes cultiváveis, que lhes travaram a fúria escaldante.

Na véspera andei às voltas com a leitura aligeirada do jornalista Rui Pelejão do livro «Olhos cheios de fumo», a sua estreia de cronista, pois as nossas almas perante tantos incêndios estão cheias de fumo, de revolta, de ansiedade, pelos mesmos problemas…

Numa estação de serviço a primeira paragem onde só se aconselha a comprar um jornal, cujo preço é igual em todo local vendável. Ao folhearmos um diário, nas suas páginas anteriores uma notícia, «a venda de livros em Portugal, subiu 17,6% no primeiro semestre do ano». Tendo a notícia como verdadeira, temos mais portugueses a ler livros, e é bom para os autores, para os livreiros… sobretudo para os portugueses.

A este propósito vem-me à memoria que há cinquenta e dois anos, a colecção que ficaria conhecida como Livros RTP, um extraordinário sucesso, tendo vendido mais de quinze milhões de exemplares de diversos autores, sendo o primeiro livro publicado foi a «Maria de Moisés» de Camilo Castelo Branco e o último «Os Lusíadas» de Luís de Camões.

Há muitos anos alimentava a ideia de um dia concretizar a visita à residência de Camilo Castelo Branco, o altar da sua inesgotável obra, dizem-me só ultrapassada pelas edições da Bíblia. Ali viveu vinte e seis anos, escreveu praticamente todos os dias, de onde surgiu a sua imensa obra literária, com um vocabulário camilianismo de mais de trinta mil palavras, que o foi o nosso primeiro profissional das letras.

Circunvago o Largo onde se situa a estátua de Camilo Castelo Branco, não muito longe a Igreja Paroquial, restaurada pelo endinheirado emigrante brasileiro, Joaquim José Nunes Guimarães, que contratou o pedreiro Malvário, que coloca na lápide de granito o seu nome, em substituição do benfeitor.

Em frente ao portão do Camilo, um Cruzeiro com a Cruz, um símbolo, mas nas horas amargas do escritor, era um escárnio.

O grupo do «Clube de Leitores do Fundão» transporta o portão do eremitério como se estivéssemos a entrar num templo, pisámos uma passadeira granítica, em homenagem aos visitantes, junto à escadaria ainda uma resistente acácia «Jorge», daqueles tempos em homenagem a um filho de Camilo.

À nossa recepção, Reinaldo Fernando Nunes Ferreira, o nosso anfitrião, com conhecimentos muito detalhados e saber da obra camiliana, um explicador e pedagogo nato, respira simpatia, delicadeza, atenção, prende a atenções de todos os visitantes. Na nota introdutória faz-nos um itinerário da infância, dos estudos, das aventuras amorosas, prisão, condições humanas, dificuldades sociais, materiais. Fala-nos dos seus amigos, que quando cegou o abandonaram, ficando apenas com um, a esposa. Com a prática do suicídio, acaba por morrer só e completamente abandonado, pelos «amigos da onça», que justificavam a não visita, porque já não os via.

A entrada, uma sala com bengalas e chapéus de Camilo. O nosso Guia coloca um na cabeça e
caminhamo-nos, para a cozinha (tão comparável com as das nossas Beiras) sala de jantar. Seguem-se os quartos da cama, quase monástico, mesmo ao lado escritório, com mesa e estante que lhe permite escrever de pé. Vemos estantes com livros recuperados de leilões e dos acidentes de vida do escritor, forçado a escrever para não mendigar. Ao fundo da sala um riquíssimo móvel, que família de José Régio, devolveu num acto de solidariedade.

Informa-nos o nosso prestigiado e sabedor guia, que o escritor muitas vezes se levantava para dar continuidade na escrita dos seus romances.

Numa estante, uma lápide que assinala a visita do patriarca Castilho, também lembrado nos pedacinhos de papel piedosamente guardados com que entretinha a sua cegueira.

No final da visita, a minha ideia foi de ter encontrado uma grande riqueza camiliana e patrimonial, enquanto a minha visão que me fica da sua residência, nem rica, nem pobre, casa de um remediado proprietário rural. Recordar as memórias que encerra muitos fantasmas, muita frieza, muitas tristezas, revoltas, amores e desamores, desesperos, um cadeirão onde depois da visita de um médico, que lhe aconselha banhos no Geres, para não lhe dizer abertamente que a sua cegueira não tem cura, à saída daquele especialista da visão, suicidou-se aos 65 anos, em 1 de Junho de 1890.

Acabava de morrer, no final de uma pequena agonia, um D. Quixote do século dezanove da Literatura Portuguesa.

Percorremos uma casa de um poeta, um museu, mas também é um mausoléu. fiquei com a ideia de ter percorrido um mausoléu.

Nas escadarias que subimos, agora na descida, tirámos a fotografia de família do Clube de Leitores da Biblioteca Eugénio de Andrade do Fundão.

Boas Férias… Boas Leituras.

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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2012.)

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António Alves Fernandes

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