É já esta semana o São João…

Que me desculpem os «valdespinheiros», gente à qual me ligam profundos laços familiares (os meus avós e a minha mãe eram de Vale de Espinho), mas o São João para mim é o do Sabugal.
O São João da minha infância realizava-se então no Largo da Fonte, quando era apenas um largo.
Mas a festa começava verdadeiramente meses antes com os peditórios que os mordomos faziam por toda a Vila.
Algum tempo antes da data, lá aparecia o pinho, arrastado por carros de bois ou camionetas, até ao local onde seria erguido.
Ainda no chão era preparado para ser «vestido» e como cheiravam bem os montes de rosmaninho!
Já não me lembro de quem o «vestia», mas era uma admiração ver os homens atados ao pinho por cordas e ver o pinho transformar-se, pouco a pouco, no «carvalho», no topo do qual era colocada uma boneca de papel cheia de bombas de foguetes.
O Largo era então preparado, levando o coreto de madeira, a «quermesse», a barraca de comes e bebes e o «dancing».
E tudo ficava pronto para as festas abrilhantadas por uma ou mais orquestras de baile.
Os bailes faziam-se à volta do coreto (à borla e ao pó) ou no «dancing» cimentado, sendo a entrada para o mesmo paga.
Quando era hora, o baile parava e os pregoeiros (muitas vezes o meu pai ou o Ti Alberto Espanha) faziam convergir a atenção para a quermesse onde eram pregoadas as ofertas que os sabugalenses haviam dado.
Fim de noite era, quase sempre, com fogo preso de artifício.
Na última noite anunciavam-se os novos mordomos e deitava-se fogo ao carvalho, à volta do qual todos dançavam.
E lembro ainda as mulheres que ocupavam o coreto e levavam todos a cantar a marcha do Sabugal, a verdadeira, levantando bem alto o orgulho em ser sabugalense.
Nota: Este texto recupera parte de uma pequena nota que escrevi e publiquei no faceboook a 24 de junho de 2020.
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007.)
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