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Página Principal  /  Lembrando o que é nosso • Opinião • Quadrazais • Região Raiana • Tradições  /  Crónica das ruas e povoamento passado e presente de Quadrazais (2)
17 Junho 2022

Crónica das ruas e povoamento passado e presente de Quadrazais (2)

Por Franklim Costa Braga
Lembrando o que é nosso, Opinião, Quadrazais, Região Raiana, Tradições franklim costa braga 2 Comentários

Crónica escrita no ano do Senhor de MMXXII por Franklim Costa Braga para memória futura.

(Continuação.)

Crónica Segunda

No início do século XX foram construídas muitas casas de boa dimensão. Uma neta da D. Rita, a Sra. Albertina do Moira, haveria de construir uma grande casa numa extensa tapada a ladear a Rua de Santo António, em 1901, ano do seu casamento com António Manuel de Moura, se é que não a herdou dos pais.

Na primeira década do século XX os irmãos da Sra. Albertina do Moira, Sr. Antoninho, Sr. Zezinho e Sr. Alexandre, professor, haveriam de erigir grandes casas com grandes quintais, respectivamente na Rua de Santo Cristo, na então Rua de Santo António, actual Rua Dr. Francisco Maria Manso, e na Tapada do Alvelo, nome derivado provavelmente do proprietário Domingos Alvelo, que existiu no século XVII. Nos anos 20 do mesmo século o filho da Sra. Albertina do Moira, Sr. ( Evaristo) Augusto Moira, fixou residência na actual Rua José Simão Nabais Salada, com curral, e tendo uma grande garagem-palheiro na Rua do Cimo. Nesta década também o Sr. António Salada construíu a sua casa na Rua do Meio.

Nos anos quarenta outro filho da Sra. Albertina do Moira, o João Bernardo, haveria de construir casa ao Fole, onde teve taberna.

Também no início do século XX os ambulantes, que viviam melhor que a média da aldeia, começaram a construir casas já com boa dimensão e com primeiro andar, como foi o caso do ti Engenheiro na Rua do Cimo, de meu avô Manuel Joaquim Braga, do ti Abel em frente de meu avô, e do ti Zé Chibo ao Fundo, do ti João Xastre na Rua da Casa Queimada, do Chau com uma casa na Rua da Igreja e outra onde agora tem café o Candajo, do ti Zé Menina ao Fole, do ti Abílio na Rua do Ribeiro, do ti Simão Ferrador na Rua das Ameixoeiras, do ti Paisana, na Rua do Eiró, e da ti Sansão do Tonhinho, num recanto da Rua do Eiró; já nos anos 20 construíram boas casas o ti José António Escudeiro, à Santa Eufêmia, o Tó Domingos, num recanto da Rua do Eiró, o Gordinho, o Pardido e o Funil, ao Fole, o Bedo na confluência da Rua do Ribeiro com a Rua do Fole, o ti Nascimento, o Réqué, o Ginjo, o Manel Zé Abel e o Manel Zé Vaz Menina ao São Sebastião, o ti António Augusto Restelo junto da Igreja, o Valhé Cardosa na Rua das Ameixoeiras, e o pai do Simão Bicheiro, num recanto à Praça; nos anos trinta o Mas e o Comaites na Rua das Ameixoeiras, o Tó Matias na Rua da Praça, o ti Tó Coixo, ao Fundo, o Manuel Borrega (Sarangalho), num recanto da Rua da Fonte, o Zé Jaquim Cipriano na actual Travessa do Prof. Alexandre Justino Vieira, onde mais tarde viveu o cunhado Américo Saloio, comprada depois pelo Odemiro Vaz, o C’stantino da Marzé Chanas no recanto da então Rua de Santo António, agora Rua Dr. Francisco Maria Manso, com a Rua de Santo Cristo, o Finote a São Sebastião, o Zé João, no Eiró, a ti Gija (Luísa) da Glória num recanto da Rua do Eiró, o Cacheinado da Boguelha no início da Rua da Praça, e o Manel Zé d’Amélia no Vale; nos anos quarenta o ti Manel Domingos, frente ao adro da igreja, meu tio Quim Braga, o Zé Ferro, e o Orlindo Soares na Rua de São Sebastião, e o Raúl, ao Fole; e já nos anos cinquenta a de meu pai, António Braga, na Rua de Santo António.

Ainda na primeira metade do século XX o ti Jaquim Sapateiro, que tinha uma reforma de sargento por ter perdido um olho na 1.ª grande guerra, construíu uma grande casa recuada com um extenso curral e quintal com portão para a Rua de Santa Eufêmia, a que se seguiu outra do ti Zé Manel Coixo, e também a ti Sansão Lucas na Rua do Ribeiro, e o Piroco num beco, hoje Travessa da Rua Manuel José Moreira Saloio.

Também os que viviam do contrabando, instalados em Coimbra, Viseu, Lisboa e outros lugares e os contrabandistas por conta própria, que nos Arquivos Paroquiais aparecem como negociantes, contribuíram para a melhoria das casas de Quadrazais.

Nos anos vinte, erigiram suas casas a Bajé Pecada, frente ao adro da igreja, o Menalzé Carvalha, na confluência da Rua de Santa Eufêmia com a Rua da Casa Queimada, os irmãos Valhezinho no fim da Rua do Meio, o Tó Ronha, ao Fundo, e o João Lhalhão à Santa Eufêmia, a Bajé do Mário também à Santa Eufêmia, o Manel Jaquim Meirinha, às Regueiras, o ti Benjamim na quelhe que liga à Rua do Eiró, e o Zé Borrega uma na Rua do Cimo e outra num recanto da Travessa Prof. Alexandre Justino Vieira; nos anos trinta o Belmiro Meirinha na Rua da Casa Queimada, o Manel Fracisco Sapateiro à Santa Eufêmia, e o João Baldo na Rua Direta, hoje Rua Prof. Alexandre Justino Vieira.

Nos anos quarenta o Jé (José) Carvalha fez uma grande casa na Rua do Eiró, onde funcionou uma secção da escola feminina, o Zé Manel Sedas na agora Rua Dr. Francisco Maria Manso, as Nanas e Mochos, o ti Birrão, na Rua de Santo António, o Catarnocho e o Maja, no início da Rua do Meio. E outros ambulantes e negociantes de contrabando também melhoraram as suas habitações.

Alguns abades também deixaram marca nas casas que construíram, como o abade Aragão (o Padre Velho) que construiu a sua casa na Rua do Cimo, nos finais do século XIX, comprada depois pela ti Marifêmia (Maria Eufêmia).

Os comerciantes, taberneiros e até os de outras profissões contribuíram também para a melhoria das habitações da aldeia, com suas casas de altos e baixos, como foram os casos na primeira década dos comerciantes ti Catanas ao Vale, do Preto Meirinha, que teve uma fabriqueta de sabão ao Fundo, construíu no Vale ao lado da Plácia, e o ti Zé Manel Barreiro na Rua Direita; nos anos vinte, o ti Manelzé Saloio na Rua de São Sebastião (neste caso comprando metade da casa que se supõe ter sido do conde de Rezende), e o Tó Neceto (Aniceto) na Rua do Fole; dos taberneiros minha bisavó materna Maria na Rua do Cimo, o Perricho e a ti Nazaré, à Praça, o Manel Jaquim Moreira, pai do Calristas e do Viriato, na Rua da Casa Queimada, e os irmãos Cordeiro na Praça, o Candajo, primeiro frente à casa do ti João de Paulo, e o Padece na Rua de Santa Eufêmia; e nos anos quarenta o Tó da Prazeres; alfaiates na primeira década do século XX, como o ti Zé Vinhas, na Rua do Cimo; vendedores de azeite e borras, como o Galana e o Cotilhas na Rua da Casa Queimada; dos moleiros, nos anos 20, ti Zé Jaquim Cabral, na Rua do Cimo; dos carpinteiros ti Sá na Rua do Cimo, ti Jaquim Ramos ao São Sebastião e João da Bivinda em frente do adro da igreja; dos lavradores-na primeira década: Manel Pires Diz, à Praça, João de Paulo, ti C’stantino, Cabucho, o ti Zé Manel Mocho, Maregas; nos anos quarenta o ti Manel Barreiro na R. das Casinhas; dos pastores: na primeira década o João de Coixo (Cometa), na Rua do Fole; nos anos vinte o Zé Vaz, ao Fundo, Liseu Vaz, na Rua do Cimo, e Tó Ganito, no Eiró; pedreiros: nos anos trinta a casa onde viviam os irmãos Zé e Ismael Casado, na então Rua de Santo António.

Outros, também construíram as suas casas, como o Sr. António Augusto (Paposeco) nos anos trinta, ao São Sebastião, frente às escolas construídas também por essa altura.

Houve outros profissionais que também melhoraram suas casas como a ti Luísa Gázea na Rua do Eiró, o Matias Sono, polícia, num recanto da Rua da Fonte, e o ti Quim Chorão, à Santa Eufêmia.

E muitas outras casas foram construídas apenas com rés-do-chão ou com 1.º andar, onde os donos viviam em espaço suficiente e não partilhavam a habitação com animais, como aquela onde viveu a Sra. Elisa primeiro a São Sebastião e depois no início da Rua da Casa Queimada, e aquela onde viveu o Herculano (Riclano), na Rua do Eiró.

Para lá da actual Avenida de Santa Eufêmia nos anos quarenta surgiram na Rua da Casa Queimada as casas do da ti Esperança, do ti Telvino Avelez, forneiro, do Camponês e do Simão Jaquino.

Em 1950 construíu meu pai a sua casa na Rua de Santo António, na Tapada de castanheiros que era de minha avó Gija (Luísa), última dessa rua nessa altura.

Casa de meus pais, já reparada, comigo na escaleira
Casa de meus pais, já reparada, comigo na escaleira

Com a abertura da Avenida de Santa Eufêmia no início dos anos sessenta começou a construção de casas ao longo dessa avenida. Só com o dinheiro dos emigrantes, sobretudo para França, nos meados dos anos setenta/oitenta disparou a construção de casas. Na Rua de Santo António construíu o Quim Padece uma na que fora a tapada de castanheiros do Sr. Zezinho e o Zé Bola outra pegada ao quintal de meus pais em terreno que fora da ti Nazaré Balbina. Frente ao cemitério, em terreno de castanheiros da sogra ti Joja do Amano (Plácia) construíu o Zé Manel da Trindade uma vivenda. Na Rua da Casa Queimada surgiu a casa do Daniel Marelo. No actual Beco do Barroco, na tapada do ti Birrão apareceram as casas das três filhos deste: do Belmiro, da Maria e da Anésia, ao lado duma baixinha da primeira metade do século XX, pertença do ti João Preto. Os terrenos de castanheiros e alguns pinhais além do cemitério, Cabecinho, Burraca, Eirinhas e Marco encheram-se de casas e vivendas, algumas com bonitos jardins em frente e quintais nas traseiras, bem como o Reboleiro, Albardeiro, onde abundavam grossos castanheiros, Veiga, Bairro da Escola Velha e até para além das Regueiras.

Na Rua de Santo António seguiam-se a do Tó da Prazeres, a casinha do Matias Lóreiro (o Puta Ratada), hoje garagem da Vitalina do Birrão, a casa do ti Birrão e os palheiros do João Mocho.

A Avenida ainda não existia. O João Mocho construíu depois uma casa no seu terreno, encostada à do ti Birrão. Este terreno nas traseiras ia até à Rua da Casa Queimada. Do outro lado desta rua eram terrenos do Cuco e do Senhor. Nos anos cinquenta alargou-se o caminho para o Sabugal, dando lugar a uma estrada. Lembro-me de andarem a alargar a estrada e deitar nela a terra e pedras tiradas do poço que meu pai fazia no seu quintal, sendo calcada por um rebolo de granito puxado por vacas. Em tempo de chuva ou neve a camioneta da carreira da Empresa do Zêzere, que começou a ir a Quadrazais em 1955, conduzida pelo anafado Saraiva, ficava atolada à Telhada, tendo de ir alta noite uma junta de vacas desatolá-la. Só nos anos sessenta foi alcatroada.

Mas foi nos anos setenta e oitenta que a paisagem habitacional de Quadrazais mudou completamente, com a construção em larga escala de vivendas por parte dos emigrantes, a ponto de se terem criado novos bairros e ruas, como aconteceu no seguimento da Rua de Santo António, no Cabecinho e Burraca servidos pela nova Rua do Cemitério, pela Rua de São Gens e Eirinhas, agora fazendo parte da Avenida Santa Eufêmia, na continuação da Rua do Vale, pelo Reboleiro, Veiga e Albardeiro, pelas Eiras e Ladeira e pela Rua da Escola Velha, do Castanheirinho e Negrinhas e até pelas Regueiras.

Nos anos cinquenta/sessenta foram calcetadas as ruas de Quadrazais, a começar pela principal desde o início da Avenida até à capela de São Sebastião. Pouco a pouco foram sendo calcetadas as outras. Também pelos anos cinquenta desapareceram as estrumeiras das ruas, com a GNR a fazer cumprir as posturas da Câmara Municipal, que as não permitiam. Mas a verdadeira higiene pública em Quadrazais só apareceu nos anos setenta, com a canalização das águas e esgotos, criando-se assim condições para a construcção de casas de banho dentro das habitações, acabando de vez com os cagadoiros em recantos vários, como na Rua da Casa Queimada, Quelhe do Pateiro, castanheiros da Plácia, Eiras e mesmo nos quintais. Para isso já havia contribuído a introdução da electricidade em 1962, que tornou mais difícil esconderijos à noite.

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«Lembrando o que é nosso», por Franklim Costa Braga
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Maio de 2014.)

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Franklim Costa Braga

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2 Comments

  1. Franklim Braga Responder
    Sábado, 18 Junho, 2022 às 12:56

    Na crónica Primeira falei disso.
    Abraço
    Franklim

  2. Augusto Simão Sales Salada Responder
    Sexta-feira, 17 Junho, 2022 às 15:37

    Caro amigo Franklim

    Fiquei um pouco admirado por não teres referido a casa do meu bisavô Simão Torres Brás que foi Quartel General do Duque Wellington e hoje é pertença do Sr. Henrique Nabais sobrinho do ti Abel, como também a casa onde o meu Pai teve o comércio mandada construír pelo meu avô José Nabais Salada e a minha avó Zézinha nos finais do século 19.

    Grande abraço amigo Franklim até ao prazer de ver-te novamente.

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