Os «Encontros Cinematográficos do Fundão» regressaram à Primavera, de 11 a 15 de Maio, após invernos «rigorosos». A organização aguentou o barco, muitas vezes com poucos meios, venceu as dificuldades. Actualmente o evento afirma-se como um dos mais genuínos e essenciais do mundo cinematográfico português, com natural destaque em vários e importantes órgãos da comunicação social, nacionais e internacionais.

Durante os dias em que decorreu em A Moagem-Cidade do Engenho e das Artes no Fundão a 12.ª edição dos «Encontros Cinematográficos», que incluiu uma retrospectiva do grande realizador americano Sam Peckinpah e o ciclo «Guerra e Paz», recolhi testemunhos de alguns participantes:
Rui Pelejão, jornalista, Alcaide: «São doze anos de viagens, filmes e camaradagem, uma história de amor pelo cinema, pela amizade e pela vida.»
Manuel Mozos, realizador e funcionário da Cinemateca Portuguesa, Lisboa: «É sempre uma grande alegria participar nestes Encontros Cinematográficos do Fundão, este ano dedicados ao realizador Sam Peckinpah e logo com um convidado da grandeza do Mike Siegel, extraordinário conhecedor e divulgador da obra de Peckinpah. Além dos filmes exibidos e das pessoas presentes, importa salientar o espírito de confraternização e a troca de ideias e sentimentos sobre o cinema e a vida.»
Manuel da Silva Ramos, escritor, Lisboa: «Esta 12.ª edição dos Encontros Cinematográficos do Fundão prima mais uma vez pela originalidade e descoberta de cineastas. Este ano é a revelação de Sam Peckinpah, um cineasta americano cheio de sensibilidade e erotismo, um realizador ecléctico que fez filmes de quase todos os géneros, dos policiais aos westerns, sem esconder a violência da vida. Um dos filmes dele teve aqui no Fundão a estreia mundial, exumando-se a versão do realizador que fora enterrada pelos produtores. Também nestes Encontros tivemos a oportunidade de descobrir um filme muito importante de Marta Ramos e José Oliveira, intitulado “Paz”, que reflecte os problemas da situação militar nas colónias durante o fascismo em oposição à camaradagem no presente de um grupo de veteranos e amigos. Lançou-se ainda um livro de grande sensibilidade, de Helena Almeida, houve um concerto peckinpahniano num Moto Clube e a comovente inauguração de uma exposição colectiva com pessoas de várias nacionalidades a partilhar a mesma casa e a mesma rua. Estes Encontros, mais uma vez, fazem a diferença em Portugal.»
Mike Siegel, realizador e historiador do cinema, Estugarda (Alemanha): «Estes dias no Fundão serão guardados como os mais felizes da minha vida. Muito obrigado pelo convite.»
Miguel Marías, escritor e historiador do cinema, Madrid: «Sou fã destes Encontros há vários anos, pela programação sempre cuidada e atenta, pela naturalidade, paixão e amabilidade de todas as pessoas.»
Jorge Almeida, cinéfilo, São Paulo: Além dos filmes geniais – muito deles menos conhecidos – e dos convidados de excelência, destaco a simpatia das pessoas e três momentos inesquecíveis: uma rapariga descalça a descer a Avenida de Liberdade para assistir à projecção do filme “Paz”; o concerto de homenagem a Sam Peckinpah e o convívio no Moto Clube Os Trinca Cereja; todas as pessoas a cantar na inauguração da fantástica exposição colectiva “Templo de Amor em tempos de Guerra”. Estes Encontros são um Templo de Amor, uma casa aberta a todos. Parabéns!»
Elsa Ligeiro, editora, Alcains: «Tenho participado nestes Encontros nos últimos anos. Adoro estes encontros de cinema, pois sou uma cinéfila apaixonada e na minha adolescência já comprava os Cahiers du Cinema, para tomar conhecimento do cinema europeu, principalmente o francês e italiano. Venho ao Fundão, porque me agrada o ambiente, a programação e o contacto directo com actores, realizadores, programadores, escritores, músicos… Saliento a forma apaixonada como são abordados os autores presentes e a constante descoberta de filmes que não passam nos circuitos comerciais. Por exemplo, foi aqui que descobri, na edição anterior, o documentário “As Operações SAAL”, de João Dias, que muito me marcou.»
João Alves Fernandes, operador fabril, Setúbal: «Há vários anos que me desloco ao Fundão para assistir a estes Encontros, porque aprecio a arte cinematográfica de qualquer género e aqui os filmes e os autores são bem tratados.»
Luís Ângelo de Sá Barbosa, eng.º electrónico, Lisboa: «Nestes Encontros, além dos óptimos filmes, salienta-se a amizade e a proximidade entre todos os participantes. As pessoas que gostam de cinema e se deslocam ao Fundão nunca mais esquecem este evento. Acompanho os Encontros desde a primeira hora e marcarei presença sempre que me for possível, porque vale mesmo a pena. Não é por acaso que faço umas centenas de quilómetros para estar presente no Fundão.»
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2012.)
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