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Página Principal  /  Concelho do Sabugal • Diário de um Peregrino • Fundão • Religião • Santuário de Fátima • Santuário de Sacaparte  /  Diário de um peregrino (2)
10 Maio 2022

Diário de um peregrino (2)

Por António Bogas
Concelho do Sabugal, Diário de um Peregrino, Fundão, Religião, Santuário de Fátima, Santuário de Sacaparte antónio bogas, peregrinação 2022 Deixar Comentário
Peregrinação a pé de Sacaparte a Fátima

Um grupo de peregrinos constituído por elementos com vínculo de naturalidade e/ou de residência ao concelho do Sabugal percorre há vários anos, anualmente no mês de maio, o caminho até ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Em 2017, ano em que se celebrou o Centenário das Aparições na Cova da Iria, passou a designar-se «Grupo de Peregrinos de Ligação entre Santuários Sacaparte/Fátima». (Dias 2 e 3.)

Grupo de peregrinos do Sabugal caminham em direcção a Fátima
Grupo de peregrinos do Sabugal caminham pelas serras da Cova da Beira em direcção ao Fundão

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DIA 1  >  CONVENTO DE SACAPARTE  >  TERREIRO DAS BRUXAS
31,6 KMS

DIA 2  >  TERREIRO DAS BRUXAS  >  FUNDÃO
40,1 KMS

DIA 3  >  FUNDÃO  >  JANEIRO DE CIMA
40,5 KMS

TOTAL: 112,2 KMS
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DIA 2  –  7 DE MAIO  –  TERREIRO DAS BRUXAS  >  FUNDÃO
40,1 KMS

Para que pudéssemos iniciar a caminhada rumo a Nossa Senhora, familiares e amigos de alguns Peregrinos foram encorajados a acordar às cinco horas da manhã, a fim de nos proporcionarem uma viagem de carro até ao local de onde teríamos de iniciar o segundo dia de percurso, às 06:10 minutos, junto à Capela de Nossa Senhora do Bom Parto no Terreiro das Bruxas, uma vez que a primeiro dia tinha terminado nesta localidade.

Alcançado o Vale da Senhora da Póvoa, fomos presenteados com um «mata-bicho» pelo Peregrino Tó Ricardo, que na companhia da sua esposa Palmira, nos ofereceu uns cafés e umas iguarias, no sentido de repor energias, até que chegássemos ao recinto de Nossa Senhora de Quebrada, já para os lados dos Três Povos, e com cerca de 8,5 quilómetros percorridos, local onde tomámos o pequeno-almoço, extraordinariamente bem preparado pelo nosso sempre disponível e indispensável Vítor de Penalobo, mais conhecido no Grupo por Vitinho, que demonstra ser possuidor de uma generosidade, perspicácia e simpatia ímpares. Foi neste local que se juntou a nós o Peregrino Tó Luís, único elemento pertencente à Beira Baixa, constituindo-se assim como um verdadeiro «embaixador» do concelho de Penamacor, distrito de Castelo Branco, num Grupo maioritariamente constituído de gente raiana das terras de Ribacôa.

Depois de rezarmos o Terço, fomos calcorreando metro após metro em caminho de terra, numa planície sita entre a Bemposta e os Três Povos, onde despontam enormes plantações de amendoeiras, cerejeiras e pessegueiros, numa metamorfose imprimida na paisagem, em virtude da atividade agrícola que nos tempos modernos se pratica naquela região, decorrente da água sabiamente guiada desde a Albufeira da Senhora da Graça no Sabugal, alimentada pelo Rio Côa, e que permite irrigar uma vasta porção de terras produtivas até à Cova da Beira, para os sítios da Gardunha.

Pelas 12 horas e 40 minutos, numa zona de pinhal perto dos Enxames, e após refrescarmos os pés em água gelada, terapia muito eficaz que o Grupo foi aprimorando com a experiência acumulada, o Peregrino Filipe, nosso «enfermeiro», exímio na cura dos pés, procedeu aos curativos daqueles cujas mazelas já se faziam notar com alguma intensidade.

Neste local almoçámos e repusemos energias para chegar até ao próximo ponto de «paragem obrigatória», o Espanhol Bar, localizado na Estrada Nacional 343 em pleno Carvalhal, propriedade da senhora Sílvia Rodrigues, natural dos Foios, e que anualmente aguarda os Peregrinos vindos da Raia com uma enorme simpatia.

Refrescadas as gargantas, fizemo-nos ao caminho até à cidade do Fundão, onde jantámos e pernoitámos, depois de se terem palmilhado 40,1 quilómetros ao longo deste dia.

À medida que as passadas se sucedem e as conversas se estabelecem, vamos apercebendo-nos de que a Fé é uma constante em todos nós e que imbuídos de enorme espírito de sacrifício e sentido do dever, cada um dos Peregrinos vai fazendo o percurso de forma peculiar e personalizada, verificando-se que alguns optaram por regimes de ingestão de alimentos e de bebidas muito próprios, e outro que, por razões de intolerância aos raios solares, vê-se impelido a caminhar totalmente tapado, provocando um calor em si ainda mais elevado, que aquele que todos os restantes estamos a suportar nestes dias de altas temperaturas que se fazem sentir.

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Merecido momento de descanso num dia em que o termómetro chegou aos 35º
Merecido momento de descanso num dia em que o termómetro chegou aos 35º

DIA 3  –  8 DE MAIO  –  FUNDÃO  >  JANEIRO DE CIMA
40,5 KMS

Neste terceiro dia de Peregrinação, os despertadores tocaram às cinco horas da manhã e, tomado o pequeno-almoço, iniciámos a caminhada a partir do centro da cidade do Fundão, tendo-nos dispersado em fila ao longo de alguns metros, para que, em segurança, fossemos caminhando numa estrada nacional, que serpenteia as serras, e de onde se avistavam paisagens de uma beleza rara e a «perder de vista» sobre o vale que se espraia entre a Serra da Gardunha e a Serra da Estrela.

Pelas 8 horas e 30 minutos estávamos a realizar uma pequena paragem para retemperar forças na localidade de Lavacolhos, conhecida pela Terra dos Bombos, tendo-nos sido proporcionado um reforço alimentar.

Seguimos caminho ao longo do alcatrão, com a temperatura a subir e o cansaço físico a acumular-se, em oposição à boa disposição e admirável estado mental do Grupo, mantendo-se as lindas paisagens que a vista alcançava, avistando-se da outra margem do Rio Zêzere as novas explorações integrantes das Minas da Panasqueira, já depois de ter-mos deixado Silvares para trás.

Já com muitos quilómetros palmilhados sobre o alcatrão radiante de um calor incómodo, encetámos um percurso no sopé das «montanhas» criadas pelo Homem com as areias resultantes da exploração das riquezas que o subsolo esconde na margem norte do Rio Zêzere. Num carreiro traçado sobre as areias a meia-encosta, entre o monte bem alto e o rio que corre sobre o seu leito, pudemos caminhar ao longo de uma vereda de cerca de quatro quilómetros a contemplar uma beleza pouco frequente, mas muito encantadora, diria mesmo deslumbrante, que se divide entre um vale onde corre o Rio e uns montes de areia criados pela força do Homem.

Após 27,2 quilómetros, e percorrida parte significante do Grande Percurso do Zêzere, parámos na localidade de Barroca, já os relógios apontavam as 13 horas e 15 minutos, onde nos esperava um almoço vindo do Sabugal, proporcionado pelos nossos conterrâneos Célsio Vinhas e Zé Teixeira.

Pelas 15 horas recomeçamos o trajeto e atravessámos a localidade de Alqueidão, onde se pode avistar o Santuário de Nossa Senhora da Rocha.

Enquanto caminhávamos rezámos um Terço, e durante vários quilómetros trilhámos mais um troço do Grande Percurso do Zêzere, agora coincidente com o Percurso do Xisto, ao longo da margem norte do Rio, onde as paisagens deslumbrantes se sucediam, sob um Sol tórrido que forjava temperaturas a rondar os 35.º C, sendo os seus raios muitas vezes serenados pelos recortes que as sombras dos pinheiros ou dos eucaliptos generosamente nos concediam. Entretanto encontrámos uma fonte natural de água fresca, como que de um oásis se tratasse, hidratamo-nos e reagrupámo-nos para um último esforço, pois faltavam cerca de três quilómetros para atingirmos o final desta longa, mas lindíssima etapa, na também não menos encantadora localidade de Janeiro de Cima, constituinte das Aldeias de Xisto.

Aqui jantámos e pernoitámos depois de 40,5 quilómetros percorridos desde que saímos pela madrugada do Fundão, tendo-nos sido permitido dar folga aos nossos pés, já muito massacrados, pelas 18 horas e 30 minutos, sem que possamos esquecer que no final deste trajeto já tínhamos acumulado 112 quilómetros desde a tão temporalmente breve, quanto distante em metros, madrugada em que encetámos os primeiros passos no Santuário de Nossa Senhora de Sacaparte, na longínqua localidade de Alfaiates.

O espírito de união mantém-se inabalável, e o entusiasmo reina entre os Peregrinos, sendo visível a amizade e a camaradagem que emana de todos os elementos deste Grupo, antídotos muito benéficos para suportar as dores musculares que se fazem sentir e as bolhas que despontam nas solas dos pés, também conhecidas nas nossas terras por «borregas» na nossa terra, e que muito vão molestando os caminhantes, mas que o Peregrino Filipe se encarrega de cuidar com a sabedoria que ao longo dos anos foi acumulando.

Amanhã, outra jornada de sacrifício se deparará perante nós, a qual será realizada com a mesma alegria e entusiasmo que a inabalável Fé e Esperança de que todos estamos munidos.

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«Diário de um Peregrino», por António Bogas
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