
Um grupo de peregrinos constituído por elementos com vínculo de naturalidade e/ou de residência ao concelho do Sabugal percorre há vários anos, anualmente no mês de maio, o caminho até ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Em 2017, ano em que se celebrou o Centenário das Aparições na Cova da Iria, passou a designar-se «Grupo de Peregrinos de Ligação entre Santuários Sacaparte/Fátima». (Véspera e Dia 1.)

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DIA 1 > CONVENTO DE SACAPARTE > TERREIRO DAS BRUXAS
31,6 KMS
TOTAL: 31,6 KMS
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Neste ano de 2022 o «Grupo de Peregrinos de Ligação entre Santuários Sacaparte e Fátima» concedeu-me o privilégio de os acompanhar nesta caminhada rumo à Casa-Mãe de Nossa Senhora.
O propósito de realizar a Peregrinação a Pé com início no Sabugal e términus no Santuário de Nossa Senhora de Fátima há muito que em mim estava impregnado, materializando-se num desejo derivado da Fé de que a Mãe Santíssima é detentora de uma generosidade ímpar, ao conceder-me a vida que calcorreio diariamente, na procura incessante de uma felicidade muito própria, por vezes difícil de ser compreendida pelos que me rodeiam, sendo, por isso, mui sui generis e demasiado pessoal.
A crença que a ajuda Divina adveniente da sobrenaturalidade inerente à força que imana de Nossa Senhora, nos ampara, fortalece e auxilia na superação dos constrangimentos e dos obstáculos com que nos deparamos ao longo da vida, e nos permite erguer quando as dificuldades aparecem, muitas vezes, nos momentos menos expetáveis, levou-me a apelar, em determinadas alturas do meu percurso pessoal e profissional de que as minhas preces fossem satisfeitas, pelo que, senti que tinha chegado a hora de retribuir as dádivas, mediante a doação de uma reflexão introspetiva e de um silêncio interior que a sucessão das passadas me proporcionarão.
O mote conjuntural para me dispor a realizar a Peregrinação este ano reside, fundamentalmente, no facto de me sentir preparado espiritualmente.
Por outro lado, a motivação que me foi imbuída pelo Grupo de Peregrinos de que hoje faço parte, na qual reconheci um sentimento de pura amizade e sã camaradagem, virtudes às quais incorporam uma experiência acumulada na concretização, ao longos dos últimos anos, deste feito – a realização desta caminhada ao encontro de Nossa Senhora – levou-me a despertar e a acreditar para a efetivação deste sentido e consciente desafio.
DIA 5 DE MAIO – VÉSPERA DA PEREGRINAÇÃO
Chegado ao dia 5 de maio, véspera de nos iniciarmos na caminhada, de saco feito, onde não faltam as roupas e o calçado apropriado, assim como os cremes e as barras energéticas, encontrei-me a correr para a estação de Santa Apolónia, onde apanhei o comboio para a cidade da Guarda, viagem que me fez recuar no tempo, e relembrar os tempos do serviço militar obrigatório, quando era assíduo neste percurso sobre estes mesmos carris que compõem a linha da Beira Baixa.
Convencido de que no saco transporto tudo quanto se afigura necessário de índole material, mais convicto estou de que, para empreender esta depuradora e saudável aventura, residem no meu íntimo os sentimentos e os valores que transformam o sofrimento em louvor ao Imaculado Coração de Maria, e convertem o silêncio do vazio em audíveis chamamentos para a reflexão sobre o verdadeiro significado da existência humana, e, desta forma, encontrar algumas respostas para as nossas inquietações e incertezas, mas também para as nossas alegrias e propósitos, pois nem sempre descobrimos os motivos melhor contextualizados em cada cenário por nós vivenciados.
Quiçá esta Guerra de hoje, que os nossos irmãos ucranianos sofrem sem tréguas, tão distante dos desígnios de Fátima para esse país tão propalado ao longo da sua história, a Rússia, constitua um marco para que seja este o momento ideal para que todos oremos a Nossa Senhora e façamos a entrega de algo de nós à Mãe Santíssima, e assim, consigamos contribuir para um Mundo melhor, para que o términus da Guerra seja breve e se adquira uma Paz duradoura que este Século XXI reclama.
Outra tormenta que a todos afetou e condicionou de forma diversa, a pandemia Covid-19, que agora parece querer assinar com a Humanidade o necessário armistício, posiciona-se como um fator impulsionador para que esta viagem de entrega à espiritualidade aconteça e a serenidade interior se consolide.
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DIA 1 – 6 DE MAIO – SANTUÁRIO DE SACAPARTE > TERREIRO DAS BRUXAS
31,6 KMS
A alvorada aconteceu às seis horas, pois aguardava-nos uma deslocação de carro até ao Santuário de Nossa Senhora de Sacaparte, sito junto à estrada que liga a Aldeia da Ponte a Alfaiates, local onde tomaríamos o pequeno-almoço, gentilmente cedido por um habitante desta aldeia de Alfaiates.
Pelas 7 horas e 23 minutos iniciámos a marcha, após a fotografia de grupo que corporiza a primeira de muitas que lhe sucederiam.
Ao cimo do Santuário, o Peregrino Zé Carlos presidiu ao primeiro Terço, e rezámos por todos nós, pelas nossas famílias, pelos nossos amigos, pela saúde e felicidade de todos, e, ainda, por uma sã e feliz vivência entre os Homens, a fim da Paz estar presente em todo o Mundo.
Após uma paragem no Cemitério no Soito para um cumprimento afetivo e saudoso ao Manuel Rito, junto à sua campa, procedemos a uma primeira passagem pela casa do nosso Peregrino Filipe nesta Vila, onde fomos presenteados com uma mesa recheada de mimos e extraordinário repasto.
De novo, já na companhia deste nosso amigo Filipe, fizemo-nos ao caminho, e algumas horas mais tarde estávamos a atravessar a cidade do Sabugal, dirigindo-nos para a casa de mais um Peregrino, o Tó Ricardo, na casa do qual, mais uma vez fomos brindados com bebidas frescas e muitas iguarias para comer.
Passados alguns minutos, desta vez já com os Amigos Tó Ricardo, Artur e Nuno Conde a acompanhar-nos, rumámos ao Restaurante Belo Horizonte, onde nos esperava o já merecido almoço, muito simpática e generosamente servido pela sua proprietária Lúcia.
Passados 31,6 quilómetros desde o Convento da Sacaparte, sem podermos olvidar que alguns Peregrinos deste Grupo saíram dos Forcalhos, e passadas 5 horas e 41 minutos de viagem efetiva, os ponteiros dos relógios marcavam as 16 horas e 30 minutos, dando-se por terminada esta jornada junto à Capela de Nossa Senhora do Bom Parto na localidade do Terreiro das Bruxas, embora a mesma se tivesse prolongado por alguns minutos numa esplanada desta pequena Aldeia, onde amável e simpaticamente fomos recebidos por alguns populares que fizeram questão de nos brindar com algumas bebidas refrescantes.
Assim, finalizámos esta etapa, com o sentimento de que estamos mais perto de Nossa Senhora, e que Ela continuará a acompanhar-nos incondicionalmente.
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«Diário de um Peregrino», por António Bogas
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Que a Sra de Fátima e nossa mãe vos acompanhe e dê força para cada passo em direção à sua casa.
Boa viagem, boa peregrinação!!
Que Nossa Senhora de Fátima vos acompanhe 🙏
Bom e feliz caminho peregrinos!