Quem era António Nunes Sanches? Nada melhor para responder a esta pergunta do que repetir três palavrinhas, que muitas vezes usava nas diversas intervenções públicas… «Sou Homem, Sacerdote e Escuteiro.»
>> Homem – António Nunes Sanches nasceu 7 de Junho de 1931, na freguesia de Aldeia Velha, do concelho de Sabugal. Era filho de Manuel Afonso Sanches e de Teresa Fernandes Nunes. Nasce como cristão, na Igreja de Aldeia Velha, onde é baptizado em 29 de junho de 1931, nas Festas de São Pedro, as últimas dos Santos Populares.
>> Sacerdote – Inicia a sua caminhada presbiteral no Seminário Menor do Fundão, em Outubro de 1944, realizando ali os seus primeiros cinco anos de estudos. Em 6 de Outubro de 1949, entrou no Seminário Maior da Guarda, tendo terminado o Curso de Filosofia e Teologia em 21 de Junho de 1956.
A sua ordenação sacerdotal é presidida pelo Bispo da Guarda, D. Domingos da Silva Gonçalves. no dia 17 de Março de 1956.
Ordenado padre, em 13 de Outubro de 1956 vai desempenhar a missão pastoral nas Paróquias de Panóias, João Antão e Santa Ana de Azinha, onde permanece até 10 de Outubro de 1958.
Durante Outubro de 1958 ao mesmo mês de 1966, cerca de oito anos é Pároco da freguesia do Ferro, paróquia pertencente ao Arciprestado da Covilhã.
Em Outubro de 1966 regressa ao Seminário Maior da Guarda, onde lecionou as disciplinas de Química, Ciências, Geografia, Liturgia, Religião Moral, Ascética, Introdução à Catequética e Acão Católica.
Além das atividades docentes no Seminários Maior da Guarda tem um papel importantíssimo, nas Atividades Escutistas, dedicando-se com elevado empenho, disciplina e distinção.
Na cidade egitaniense desempenhou as funções de capelão militar no Regimento de Infantaria 11, atualmente aquelas ex-instalações militares tem ali diversos serviços públicos.
Por determinação do Senhor Bispo, D. Policarpo da Costa Vaz, é nomeado para exercer na cidade da Covilhã, o professorado de Religião e Moral, na Escola Secundária Frei Heitor Pinto. Exerceu ainda a nível Diocesano, o Cargo de Assistente Diocesano do Secretariado da Pastoral da Família, assistindo o CPM (Curso Preparatório do Matrimónio), e Equipas de Nossa Senhora (ENS) e Capelão de Lar da Terceira Idade.
>> Escuteiro – No Corpo Nacional de Escutas, na Junta Regional da Guarda, foi escuteiro, dirigente e assistente, sendo fiel à sua promessa, esteve «Sempre Alerta para Servir», como Assistente Regional e simultaneamente no Agrupamento n.º 20 CNE da Covilhã, um dos mais antigos do País. Como escuteiro deixou uma obra importantíssima, destacando-se as suas palavrinhas, que usava nas atividades, congressos, conselhos, reuniões, cursos escutistas, e nas celebrações eucarísticas.
Em 2007, a Junta Regional da Guarda, editou um livro – «Três Palavrinhas» – compilação dos textos escritos pelo Padre António Nunes Sanches, uma edição que deve ser lida e meditada por todos os escuteiros e que tem uma grande atualidade.
Deixo algumas palavrinhas que aquele Assistente Regional mais afirmava:
1.ª «Temos de ser peixes vivos a nadar contra a corrente»; 2.ª «Melhor escutismo para um maior número de jovens»; e 3.ª «escutismo-comunidade de pessoas com um estilo de vida próprio».
Nos seus escritos encontramos testemunhos vivos de Assistente Regional, Padre António Nunes Sanches, quer como escuteiro, dirigente e Assistente da Junta Regional da Guarda do CNE, como vivia e transmitia a sua mensagem escutista.
Ainda hoje esses exemplos fazem-nos pensar como somos, e o que queremos ser no CNE-Corpo Nacional de Escutas, Escutismo Católico Português. Escreveu: «Não basta ser escuteiro; é preciso não viver um escutismo qualquer, mas aquele escutismo verdadeiro e autêntico, forte, exigente que faça de nós uma alma aprumada na vida e um ponto de exclamação no meio da Natureza e dos nossos irmãos-jovens.»
Foi sempre esta a «pista», que o Assistente Regional Padre Sanches, traçou e delineou, desde que esteve na Chefia da Assistência Regional. Deixou-nos há dezassete anos, no dia de São Jorge, data tão repleta de significado, dia do Patrono do Escutismo.
Os seus ensinamentos, continuam vivos, de destacar as suas reflexões nos Conselhos Regionais e nas celebrações eucarísticas para escuteiros. Os Conselhos Regionais realizavam-se normalmente três por ano escutista, sendo o primeiro, no primeiro trimestre do ano escutista, para Aprovação, do Plano de Atividades e Orçamento, o segundo em Janeiro do ano seguinte, e o terceiro para Aprovação do Relatório de Contas e Atividades, em Abril ou Maio, porque o ano escutista terminava em Junho ou Julho.
Estes Conselhos Regionais tinham três fases: Saudações do Chefe Regional, Presidente da Mesa dos Conselhos Regionais e do Assistente Regional; Apresentação dos documentos inerentes à vida escutista, tais como Plano de Atividades e Orçamento. A última fase, Celebração da Eucaristia, pelo Assistente Regional, na qual fazia uma reflexão sobre o Evangelho e sobre a vida escutista a nível Regional, Agrupamento e Nacional. O Conselho Regional termina com o fim da eucaristia, fonte de vida para a construção de um mundo melhor, relações filiais com Deus e fraternas com os irmãos.
Faleceu no dia 23 de abril de 2005, dia de São Jorge, Patrono do Corpo Nacional de Escutas (Escutismo Católico Português). Partiu há dezassete anos para o eterno acampamento mas deixou testemunhos que ainda hoje estão na memória e nos princípios dos escuteiros. São recordados, lembrados diariamente, num site com o seu nome, onde tem inúmeros admiradores e seguidores.
Na sua aldeia raiana, Aldeia Velha, (Sabugal), junto à Igreja Matriz, um monumento muito significativo da sua obra pastoral e escutista, perpetua a sua eterna memória.
Há pessoas que nunca morrem… nem no nosso pensamento, nem no nosso coração.
Este texto só foi possível com a colaboração do escuteiro António Bento Duarte, Chefe Emérito da Junta Regional da Guarda, que tem dedicado muito da vida em prol do Escutismo Regional e Nacional.
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2012)
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