Nestes tempos de Abril, não faltam momentos de comemorações e de acontecimentos. Por estranho que pareça, o maior é o auge do tempo primaveril. Os campos renovam-se, cobrem-se de verde, florescem. As fontes rebentam. Tudo renasce. Tudo recomeça. Tudo ressuscita. Não é por acaso que a Páscoa coincide com um tempo em que também a natureza se ergue, se põe de pé e nos apresenta uma nova vida.

Por coincidência, foi também num mês de Abril do século passado que começámos a descobrir a liberdade, após tantos anos de ditadura.
Através destes dois sonetos, tento, pela poesia e pelas palavras, comemorar estes acontecimentos de Abril.
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O dia inicial, inteiro e limpo!
O dia inteiro e limpo, inicial,
Chegou enfim! Estava no exílio!
Um amigo veio em meu auxílio:
Olha! Há revolução em Portugal!
Saltei, gesticulei, telefonei.
«Já podes vir, abriram a prisão!»
Logo tomei o primeiro avião,
Com maré de gente me encontrei.
Meu país, alegre, estava na rua!
Beijos, abraços! Tudo ia mudar!
E sempre: a revolução continua!
Agora, jamais te podem rebaixar
Toma nota: a revolução é tua!
Este é o país que quero abraçar!
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Palavras de Abril
Portugal, flores, cravos em Abril,
Nuvens, chuva, mar, céu, sorrisos, gente.
Lisboa, Rua Áurea, Intendente.
Revolução, soldados com fuzil.
Versos, alegria, ardor juvenil,
Cheiros, rosas, água, terra ardente.
Carinho, abraço, e o amor se sente.
Rebanhos, ambiente pastoril!
Caras, olhos, beijos, rostos, mãos dadas.
Passos, caminhos, vozes, passarinhos.
Barcos, sulcos, Tejo, foz, muito sol.
Crianças, mulheres, anjos alados.
Rouxinóis, melros, pintassilgos, ninhos.
Perigo, desnorte, salutar farol!
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«Pedaços de Fronteira», opinião de Joaquim Tenreira Martins
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2013.)
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Joaquim, adorei os seus sonetos. Temos que falar. Gostaria que se organizasse uma tertúlia com os seus livros e poemas. Até breve. Um abraço
Maria José Gama Caldas