Os vencedores são os que têm os melhores carros, comem nos melhores restaurantes, bebem dos melhores vinhos, realizam as viagens mais exóticas e, não trabalham… Querido(a) leitor(a), este cabeçalho nada tem a ver com o artigo, são duas coisas totalmente diferentes.
Vem Helena, vamos percorrer estas ruas desertas,vamos abraçar estas almas sem corpo, iremos também passar pelo Largo do Silêncio, por esse triste deserto onde só medra a Solidão. Depois, sentados no muro da velha fonte, ouviremos o choro triste da água, veremos as suas lágrimas correrem através da Felicidade perdida, talvez para sempre.
Lembras, Helena, os momentos de Felicidade que o Povo desta Cidade passou nas noites de São João? E o cheiro a rosmaninho! Que hoje se irá misturar com o perfume ácido de uma fogueira perdida na madrugada.
Estamos sós, cada espaço da cidade é preenchido pelo vazio de uma alma que partiu, os seus passos e as suas palavras são simples eco de recordações. Vem Helena vamos passear pelas margens do Côa e contemplar as suas águas, vamos perguntar-lhes se sabem o que é a Saudade, elas responderão: é uma palavra branca escrita no vento e que nos dilacera a alma.
A tarde vai declinando, a escuridão da noite vai pintando o Céu de negro, aproxima-se o silêncio de uma cidade abandonada.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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Gostei de ler. Parabéns António Emílio e votos de muita saúde.