Às terças-feiras é tempo da poesia de Georgina Ferro. A poetisa raiana junta a sua sensibilidade artística ao amor e às memórias pelas gentes e terras raianas…
A POESIA
Com a poesia no aparo da pena
Numa tempestade ou em tarde amena
Eu posso dar voz ao mendigo e ao mudo
Posso divagar sobre o nada e o tudo
Posso falar do céu, da nuvem e do vento
Até trocar a verdade ao pensamento
Rir daquilo que me magoa cada dia
Ou, mesmo, chorar as horas de alegria
Com a Poesia eu posso ir à Lua
Falar com as pedras da calçada da rua
Porque não, do gato que sobe ao telhado
Ou do meu guarda-chuva que ficou molhado
Da roupa que esvoaça do estendal
Da andorinha aninhada no beiral
Daquela criança pé descalço e feliz
A brincar e rir na água do chafariz
Com a Poesia sinto a dor da guerra
O abandono que o Homem dá à Terra
O tormento dos sem-pão e dos sem-abrigo
Dos que estão encarcerados por castigo
A dor de Mãe que perde um filho querido
A saudade daquele Largo do Enxido
A Poesia traz Vida à própria morte
A sua palavra é uma voz mais forte!
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«Gentes e lugares do meu antanho», poesia de Georgina Ferro
(Poetisa no Capeia Arraiana desde Novembro de 2020)
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A Guerra faz-me lembrar um quadro: O Grito! Que este ecoe por tudo e todos