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Página Principal  /  Angola • Covilhã • Cultura • No trilho das minhas memórias • Opinião  /  25.ª hora
21 Janeiro 2022

25.ª hora

Por António José Alçada
Angola, Covilhã, Cultura, No trilho das minhas memórias, Opinião antónio josé alçada, cambulo, lunda norte, stefanie Deixar Comentário

Conheci uma jovem, de nome Stefanie. Nome habitual nestas terras africanas. Pertencia a uma famíla de classe média. Este extracto social está a «sumir» como aqui também se diz, vertiginosamente no espectro da sociedade. Seu pai faleceu há um ano, e como quase sempre, os bens são disputados por uma dezena ou mais pessoas. O direito sucessório é dificil aplicar, porque imaginação não falta aos herdeiros, e por vezes oriundos de progenitores diferentes.

Vila mineira do Cambulo em Angola
Vila mineira do Cambulo em Angola

Conheci a Stefanie numa boleia que lhe dei para o Cambulo. Trazia uma amiga mas pouco falou. Iam fazer a prova de educação para concorrer a professoras do 1.º Ciclo do ensino oficial.

Na realidade as partilhas de bens são bem mais complexas daquelas que julgava que atingiam o clímax do metro quadrado ou da esquadria, como conheci em Portugal.

A Stephanie vivia num contexto de classe média. Seu Pai era um alto quadro da Administração Pública mas a sua partida prematura deixou o caos entre os sete filhos mais a família colateral (netos, outras esposas…).

Vive num anexo da ultima casa onde seu Pai viveu, e mesmo assim querem-lho tirar.

Mas tem a esperança de ingressar na carreira docente, tendo tirado com altaclassificação curso a trabalhar e com a ajuda do Pai.

Normalmente dou boleias aqui na Lunda Norte. Ao contrário do que dizem nunca tive qualquer ameaça, mas antes o contrário, fico a saber muito da vivência e dos problemas de muita gente. Às vezes até assuntos do meu trabalho. Quantas pessoas me dizem que não têm água faz dias e eu a julgar que tudo está normal com o abastecimento.

Passado uns quinze dias encontro a Stefanie mesmo junto ao Aroma Café, um estabelecimento de uma senhora de Sesimbra, que me lembra muito essa terra mítica de Setúbal. Ela identificou-me facilmente, o que se compreende, e falou mais um pouco. Vinha da direcção Provincial de Educação, que é vizinha desse estabelecimento da D. Cristina.

Conseguiu a colocação em Biologia. No entanto há o problema do alojamento e o Cambulo não tem água canalizada nem energia de rede. Mas o importante é ter conseguido esta vaga e tudo se vai superar.

Contou-me o regresso naquele dia da prova. Ambas não tinham dinheiro para regressar ao Dundo e lá conseguiram um amigo, ou amiga, que lhes emprestasse algum dinheiro, mas só por transferência bancária. Mesmo com a dificuldade do homem do transporte só aceitar dinheiro físico lá arranjaram uma maneira de transferir para a conta de um lojista que lhes deu as desejadas notas. Felizmente há em Angola uma aplicação muito parecida com o MBWay, só que permite transferências por IBAN. E faculta recibo que pode ser enviado por whatsapp para o beneficiário da transferência.

Obviamente que fiquei contente. Às vezes fecham-se portas e abrem-se janelas. E para quem tinha uma vida folgada, ficar de repente a andar nas «ruas da amargura», não é nada facil. A dificuldade de superar torna-se bem mais díficil.

Por isso minha amiga: Boa Sorte e Felicidades!

E como dizia o meu falecido Pai: «Um homem nunca está bem!»

Lutar e não baixar os braços leva-nos a ultrapassar o dia!

Cambulo, 7 de Janeiro de 2022

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«No trilho das minhas memórias», crónica de António José Alçada
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2018.)

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