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Página Principal  /  01 - Ficção • Concelho do Sabugal • Guarda • Histórias da Memória Raiana • Outeiro São Miguel • Região Raiana  /  Histórias da memória raiana (4.6)
16 Janeiro 2022

Histórias da memória raiana (4.6)

Por Capeia Arraiana
01 - Ficção, Concelho do Sabugal, Guarda, Histórias da Memória Raiana, Outeiro São Miguel, Região Raiana antónio alves fernandes, antónio emídio, antónio josé alçada, fernando capelo, georgina ferro, josé carlos lages, josé carlos mendes 1 Comentário

:: :: GEORGINA FERRO :: :: No primeiro episódio das «Histórias da Memória Raiana» o António Emídio «apresentou-nos» a família do Luís do Sabugal quando este se preparava para ingressar no Outeiro de São Miguel. Na «quarta temporada» a Georgina Ferro encontra o Luís do Sabugal em Cluny... (Capítulo 4, Episódio 6.)

Histórias da Memória Raiana - Capítulo 4 - Episódio 6 - Georgina Ferro - capeiaarraiana.pt
Histórias da Memória Raiana – Capítulo 4 – Episódio 6 – Georgina Ferro – capeiaarraiana.pt

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HISTÓRIAS DA MEMÓRIA RAIANA
Capítulo 4 – Episódio 6

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Casa Portuguesa – ponto de encontro dos emigrantes portugueses em França
Casa de Portugal – ponto de encontro dos emigrantes portugueses em França

ENCONTRO EM CLUNY COM O LUÍS DO SABUGAL

Meus pais emigraram para França. Eu, depois de casada, ia anualmente passar uns dias de férias com eles. Em cada uma dessas idas, tentava conhecer os arredores e visitar palácios, igrejas, conventos e outros monumentos. E foi assim que pude rever o Luís.

Naquele dia resolvemos ir a Cluny. Estávamos a falar em português com o Vitorino, o cantor do Redondo, no adro do velho convento, quando um indivíduo me olhou fixamente e me fez reparar nele. Dissemos quase em uníssono:

– És o Luís?!!!!
– És a Lina ?!!!

Houve forte abraço. Ele apresentou-me a amiga com quem vinha. Era uma rapariga portuguesa a quem tinha arranjado um emprego e viera acompanhá-la no primeiro dia de trabalho. Eu apresentei-lhe o meu marido, os meus pais e os meus irmãos. Ele lembrou-se de minha mãe de quando me conhecera também a mim, no dia em que fomos com meu tio entregar as janelas e batentes para a casa nova dos seus pais.

Perguntei-lhe se estava disponível para passar o resto do dia connosco. Ele ficou muito agradado com o convite e até nos acompanhou a casa já quase ao fim do dia. Pusemos a mesa e todos beberam um copito de vinho de Borba, que nós tínhamos levado, motivo mais que suficiente para que tivéssemos insistido para ele lá passar a noite.

Meus pais já tinham uma casa, cedida pela fábrica, com alguma dignidade. Antes disso, tinham vivido num sótão duma casa junto ao rio, com apenas três divisões, muito húmida e com uma pequena casa de banho, sem banheira. Mas, a maioria dos portugueses que ali vivia, e eram muitos, moravam em casas muito velhas ou em barracas de madeira. No fim da década de sessenta, começavam, então, também eles, a construir a sua própria habitação com a ajuda uns dos outros. O meu tio Ruim já lá estava desde os anos cinquenta e tinha construído uma linda vivenda cercada duma hortinha e de um jardim onde nunca faltavam as dálias, cóleos e chuva de prata.

Havia muito trabalho naquela região. Só em Digoin, laboravam fábricas de louça de porcelana; louça de ir ao fogo (poterie); de louças para sanitários; fábricas de peças de inox…. e, para além de fábricas, havia construção de novos «achalèmes» como eu ouvia dizer. Também havia muitos portugueses empregados em supermercados, talhos, padarias…

O trabalho nas fábricas era muito duro. Os horários eram de oito horas seguidas e por turnos. O clima muito instável e húmido! Era muito difícil alimentar as fornalhas que atingiam altas temperaturas enquanto no exterior se deitavam vastos lençóis de neve ou gelo que arreganhavam os corpos. O trabalho duro e braçal era executado pela nossa gente.

A cidade é atravessada por dois rios e por um braço do Canal, onde os barcos se transformam em casas de habitação que deslizam ao longo do ano, de uns cais para outros, ou atracam perto dum parque quando o mau tempo se faz sentir. Toda a região de Saone-et-Loire é cheia de encanto, com paisagens deslumbrantes, frescura, água, casas senhoriais, castelos!

A pouco e pouco, os portugueses que ali se iam fixando iam adquirindo um cunho de cidadania, tendo escolas onde se leccionavam, também, aulas de língua portuguesa.

E o Luís, ficou super-curioso em conhecer o lugar e os portugueses, mais de mil, que ali residiam, sobretudo porque meus pais lhe falaram da Casa de Portugal, onde eram sócios. Ali já se tinha criado um rancho e era um local de convívio muito alegre! Surgiam artistas portugueses, ao longo do ano, a dar concertos, a cantar o fado ou outras cantigas da nossa Terra. No Natal arranjavam bacalhau para cada sócio levar para casa.

Era, nessa Associação, que se juntavam na passagem de Ano como a grande família. Estavam apostados em apoiar e dinamizar a arte e cultura da nossa gente.

O Luís abalou para Dijon de alma cheia, ansioso por voltar e saber mais e mais. Também ele queria participar daquele entusiasmo! Meus pais disseram-lhe que voltasse com brevidade e ele jurou a pés juntos que o faria.

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Georgina Ferro

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Os episódios das «Histórias da Memória Raiana» são escritos semanalmente por um autor diferente. Participaram na «primeira temporada»: António Emídio, Fernando Capelo, José Carlos Mendes, Ramiro Matos, António José Alçada, Franklim Costa Braga, António Martins, António Alves Fernandes, Joaquim Tenreira Martins, Georgina Ferro e José Carlos Lages.

Nesta «quarta temporada» a Georgina Ferro encontra o Luís do Sabugal em Cluny.

Total de episódios publicados: 34.

Apesar de fazer referência a nomes e lugares verdadeiros da região raiana dos territórios do Sabugal esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com nomes de pessoas, factos ou situações terá sido mera coincidência (ou talvez não!)

José Carlos Lages

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Capeia Arraiana

Diariamente desde 6 de Dezembro de 2006.

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1 Comentário

  1. Luiz Carlos Pereira de Paula Responder
    Segunda-feira, 17 Janeiro, 2022 às 17:58

    Um dos meus tios, já falecido, viveu nos inícios da sua vida em França em Digoin e alimentava um dos fornos duma das fábricas! Ele contou-me como foram esses tempos heróicos!

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