O «urso» continua a não se queixar e pouco mais de metade se dá ao trabalho de escolher. No entanto no dia 30 de Janeiro há eleições. E, mesmo que alguns deixem de escolher e a maioria desista de se queixar, continua a haver quem ache que vai mudar o mundo (ou pelo menos o nosso cantinho), e… os «loucos» que querem mudar o mundo são os que realmente o mudam (alguém disse).

À falta de assunto na área em que me propus escrever – o novo executivo da LBP acaba de tomar posse, a tutela mudará de titular com as eleições, as despesas de 2021 estão mais ou menos ressarcidas (embora faltem algumas de 2020), os pagamentos do Ministério da Saúde estão nos atrasos «normais» – como estamos em tempo de campanha eleitoral, trago-vos umas passagens de «As Farpas» de Ramalho Ortigão tentando dizer que, se técnica e economicamente evoluímos muito desde o século XIX, o mesmo se não pode dizer em relação à politica.
Os três partidos e o povo
Tem por título «Os três partidos e o povo» e reza assim:
«Era uma vez um urso, desconfiado e casmurro por fora, mas por dentro pobre diabo bonacheirão e palerma. Chamava-se «Público» e tinha por comadre uma raposa, das três que sucessivamente se revezam no governo da coisa pública, e que ele convidava a jantar. A raposa vinha, contava histórias ao urso, fazia-lhe festas, anediava-lhe o pêlo, trazia-lhe o Diário do Governo e dizia-lhe, piscando o olho:
– Lê isso que aí vem hoje, se te queres rir!
O urso punha-se a ler e adormecia.
A raposa comia as papas que estavam para ela e mais as que estavam para ele, lambia os beiços, palitava os dentes, lavava as mãos, acordava o urso, retirava-lhe o Diário do Governo, e dizia-lhe terna:
– Não comas mais, que te pode fazer mal ao ventre. Vamos agora dar um passeio para esmoer.
E, montando no urso, a raposa ia passear, cantando-lhe de cima:
Raposinha gaiteira
Farta de papas
Vai à cavaleira.
…»
E a história repete-se com as outras raposas (três) que vão arranjando argumentos para substituir a anterior e comer as papas a seguir. E por fim…
«…O urso por fim desenganado de que todas as raposas são a mesma coisa, deixou de se queixar e deixou de escolher. Tem sempre uma raposa que lhe come as papas e lhe dá para ler a folha oficial. Está cada vez mais magro, mais lazarento, mais trombudo por fora, mais baboso por dentro, e no todo cada vez mais urso…»
«As Farpas», folha mensal, foi publicada entre 1871 e 1883, por Ramalho Ortigão e Eça de Queirós, altura em que as Câmaras (nome dado ao que hoje se chama Assembleia da República e que já reunia em São Bento) – Câmara dos Pares e Câmara dos Deputados –, eram constituídas por três partidos: Regenerador, Reformador e Republicano.
Esta «fábula» (!?!), como, noutro número, a do burro velho que não sacode as moscas das mazelas, porque se as sacudir virão outras mais famintas, nos mostram que a política, ou a sua prática, se mantém inalterável desde que a democracia se conhece.
O «urso» continua a não se queixar e pouco mais de metade se dá ao trabalho de escolher.
No entanto no dia 30 de Janeiro há eleições. E, mesmo que alguns deixem de escolher e a maioria desista de se queixar, continua a haver quem ache que vai mudar o mundo (ou pelo menos o nosso cantinho), e… «os «doidos» que querem mudar o mundo são os que realmente o mudam» (alguém disse).
Por isso, queiramos ou não sacudir as moscas, para não virem outras mais famintas, queiramos ou não mudar de «raposa» a ver o que dá, temos de votar. Só assim mostraremos que a «fábula» pode não ser eterna.
Mas aconselho-vos a não perder tempo a tentar discutir quem nos «come as papas» que isso pode ser tarefa hercúlea, embora à vista de todos.
O problema é que, quando necessitaram de regar a «árvore da liberdade» (As Farpas IV) colocaram a nora na nossa algibeira – agora conta bancária – e todos necessitam dela.
Feliz 2022!

No âmbito do «Rosto detrás da máscara» apresento-vos a Marina…

Nome: Marina Suzana Esteves Matias
Posto: Bombeiro de 2.ª Classe.
Idade: 29 anos.
Situação familiar: Casada, mãe do Rodrigo (5 anos) e do Bernardo (2 anos).
Ingresso: 22 de Janeiro de 2009.
Ingresso na carreira de Bombeiro: 11 de Novembro de 2010.
Integra a Equipa de Transporte de Doentes.
Marina na primeira pessoa…
«Comecei com o meu amor nos bombeiros no dia em que o meu irmão (Roberto Matias) chegou a casa super entusiasmado e com imensas histórias sobre a vida de bombeiro que os seus futuros colegas lhe foram contando.
Lembro-me de ser ainda uma menina de 13/14 anos super entusiasmada a ouvir e a sonhar todas aquelas histórias, então com o passar dos anos e com muitas visitas ao quartel comecei o meu próprio sonho de um dia pertencer a esta família.
Até que um dia consegui realizar o sonho e entrei.
No momento em que vesti pela primeira vez a farda senti que sim, era um sonho realizado, de poder ajudar quem precisa e tentar dar o meu melhor.
Sou bombeira dedicada ao transporte de doentes e conheço gente magnifica, muitas ficam para sempre no nosso coração, fazemos verdadeiras amizades, conhecemos, criamos ligações e infelizmente perdemos, e aí percebemos o quão difícil, e ao mesmo tempo gratificante, é o nosso trabalho.
Trabalhar nesta profissão é das coisas mais lindas que faço na minha vida, tenho orgulho no trabalho que realizo todos os dias.
Há amores e dissabores, mas nada me vai fazer algum dia deixar de gostar de ajudar quem precisa.
Quando se gosta realmente do que se faz, é muito mais que uma profissão, é algo especial que nunca se vai conseguir explicar em palavras.»
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«A vida do Bombeiro», opinião de Luís Carriço
(Presidente da Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Sabugal.)
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