Vou recordar 2021 sem ter a certeza se foi meio fechado, se meio aberto. O velho dilema do copo – ou garrafa – meio cheio ou meio vazio? Depende do ponto de vista. Dependerá também do que nos trouxer 2022 e seguintes.

Internacionalmente, o ano começa com os nunca bem esclarecidos incidentes no Capitólio, pelo meio acaba com a democracia na Birmânia, agora Mianmar, «esmaga» a liberdade no Afeganistão, criando centenas de milhar de refugiados e iniciando uma cruzada contra as mulheres, contra os seus direitos e liberdades. Mesmo a fechar desaparece Desmond Tutu, Prémio Nobel da Paz e um dos maiores lutadores pela igualdade. Nada de que nos orgulhemos, nem sequer da recente cimeira do clima.
No país, o início da vacinação e alguma redução de casos trouxe liberdade às festas finais de 2020. Logo vieram os confinamentos, medidas limitativas da liberdade usada demais durante as festas. No final, desentendem-se as comadres e é dissolvido o parlamento. Para eleições, e somos em crer que para mais do mesmo. Sem maioria, com orçamentos negociados no fio da navalha, não a pensar nos portugueses, mas na apetências políticas de cada momento. Vamos ter um janeiro de acusações mútuas e continuaremos sem perceber porquê o intervalo, a não ser para baralhar e voltar a dar de forma idêntica.
A justiça deu um ar da sua graça, embora mais para a publicidade que para a eficácia, e claro, demitiu-se (ou foi forçado a isso) o ministro que ninguém gostava. E saiu por querer ser professor, por querer ensinar aos portugueses que se aparecem por aí uns conjuntos de carros em velocidades não permitidas por lei, não é por vontade ministerial, mas sim porque os motoristas gostam de prevaricar. Ficámos sem saber, uma vez que são sempre vários, em qual dos carros está o prevaricador.
No Sabugal renovou-se o largo, não comento a obra já por demais escrutinada nas redes sociais, o que quer dizer que mexeu algo, e comemorou-se o foral, escolhendo o dia para distinguir um dos naturais pela sua carreira. Agradeceu, resumindo o seu percurso de vida, e deixou um amargo de boca nos bombeiros que o ouviram por ter omitido nesse percurso a passagem pelo Corpo de Bombeiros local.
No Corpo de Bombeiros, foi o primeiro ano de um novo comandante, não fosse isso e seria um ano igual a tantos outros:
– Cerca de 5400 ocorrências, das quais 40 de incêndios rurais (um com alguma dimensão), 17 por acidentes rodoviários/despistes, 820 emergências em saúde;
– Mais de 5300 doentes transportados, cerca de 700 em socorro de emergência por acidente ou doença súbita.
Seria, porque na realidade não foi. A dinâmica incutida com a nomeação teve impacto, desde logo na imagem, incutindo identidade e organização.
Foi, mesmo em tempo de pandemia, possível comemorar o aniversário com dignidade, bem organizado e sem pompa, mas com circunstância. Bem sei que faltou o tradicional convívio com camaradas de outros CB’s e que ainda não foi desta que o projetado convívio de toda a população nas novas instalações se tornou possível, mas os tempos assim o ditam. E, não tenho dúvidas, os intervenientes compreenderam. Melhor reservados, que abrir as portas ao vírus com as consequências previsíveis.
Felizmente não entrou, realço e agradeço por isso o comportamento responsável dos bombeiros, quando fora, que permitiram essa segurança.
A terminar o ano, descubro algo estranho. Há pedidos antecipados e programados para transportar doentes para as urgências nos dias que antecedem o Natal. Duas hipóteses: ou os médicos das ERPI (Estruturas Residenciais para Idosos, como agora se chamam os Lares) antecipam as doenças – súbitas para dar entrada nas urgência –, ou é uma forma simples e subtil de se «livrarem» de alguns idosos no dia da Consoada e Natal.
Ambas me parecem no mínimo estranhas, para além de que, aumentar o trabalho dos profissionais de saúde que, à semelhança de alguns colaboradores das ERPI, têm de passar a consoada/Natal a tratar dos outros, em tempo que já foram suficientemente solicitados (não está em causa se são ou não pagos por isso, como é justo), é, para não dizer mais, uma falta de respeito pelo próximo.
Venha 2022, para sabermos se passámos dois anos atípicos ou se o atípico está a tornar-se normal.
Boas entradas!


No âmbito do «Rosto detrás da máscara» apresento-vos o João…

Nome: João Luís Soares Marques
Posto: Bombeiro de 2.ª Classe
Idade: 35 anos
Situação familiar: casado
Filhos: Beatriz (13 anos) e Salvador (8 anos).
Ingresso na carreira de Bombeiro: 27 de Dezembro de 2009
Integra a EIP (Equipa de Intervenção Permanente).
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«A vida do Bombeiro», opinião de Luís Carriço
(Presidente da Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Sabugal.)
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