Para os que vivem longe da terra que os viu nascer, neste período de Natal e de Ano Novo, perpassa por cada um de nós toda a magia de infância de que tantas saudades temos: o madeiro de Natal, a missa do galo, as rabanadas, as filhoses e toda a doçaria desta época. Recordamos os pais, a família, os amigos e aconchegamo-nos uns aos outros porque é a amizade que nos faz crescer. Estes sonetos são dois momentos da diversidade da nossa existência: a infância e a amizade que se criou na idade adulta.
Para a minha avó
Na memória, doces da minha avó!
O forno do Rossio que os cozia!
Cheiro que água na boca crescia!
Grande mulher, maior gratidão, só!
Locais da minha vida de criança!
Bilha na mão, com ela ao chafariz!
Avó, rosto de verdadeira atriz!
Neto com avó assim não se cansa!
Mantilha preta para ir à missa!
Verão, Inverno, a mesma cor vestida!
Lenço preto cabelos escondia!
Lembrar-te assim é a maior justiça!
Tua imagem guardo, toda a vida!
Lembrarei teu nome sempre: Maria!
Longe, longe, ao pé da torre Eiffel
Longe, longe, ao pé da torre Eiffel,
Encontrei amigo do Sabugal.
Logo nos veio à mente o grão de sal,
Tempos em que usávamos burel.
O frio da Malcata era cruel.
Paris também é frio, afinal.
Demos um abraço bem fraternal.
Jurámos nossa amizade fiel.
Encontrar amigo, casualmente,
Na enorme cidade de Paris,
É encontrar agulha num palheiro.
Foi vera ocasião radiante!
Raros encontros, num país distante!
Um mero acaso nos fez feliz!
:: ::
«Pedaços de Fronteira», opinião de Joaquim Tenreira Martins
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Novembro de 2012)
:: ::
Leave a Reply