Varina é a designação que os habitantes de Lisboa deram às vendedoras ambulantes de peixe. O nome deriva do facto de uma boa parte destas mulheres serem naturais de Ovar ou das suas redondezas.


A varina usava uma indumentária peculiar que consistia normalmente numa saia axadrezada um avental, uma corpete de flanela ,uma cinta de lã, um lenço, uma bolsa lateral para o dinheiro apelidada de «patrona» e a indispensável rodilha onde assentava a canastra.
As varinas foram desaparecendo à medida que foram surgindo os mercados de bairro. No entanto ficarão para sempre no imaginário das gentes alfacinhas.

VARINA
Varina querida recordação
Um misto de realidade e ficção
Imagino-te de madrugada na lota
A comprares a tua quota
A subires a rua do alecrim
Canastra pesada, caminho sem fim
A chegares ao bairro cansada
De tudo mais dessa vida malvada
Recordo que apregoavas a cantar
«Olha o peixinho fresco do mar»
E eu dobrava a esquina
E lá estavas tu amiga varina
«Olá menino bom dia!»
Dizias-me com simpatia
E eu naquele instante
Crescia sentia-me importante
Recordo com admiração
Quando erguias a canastra do chão
Aí amiga varina
Viravas bailarina
Caminhavas a dançar
Com a chinela a batucar
«Ó freguesa quer comprar?»
«Está vivinho a saltar!»
«Espere aí que eu volto a passar
Que aquele mono quer-me filar!»
E lá ias a disfarçar
Até o conseguires despistar
Que memória tão boa
Da minha velha Lisboa
Tinhas o sangue na guelra, menina
És uma bela recordação, varina.
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«Quiosque da Sorte», poesia de Luís Fernando Lopes
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