A lista eleita (e a vencida também, honra seja feita) defendeu no seu programa que o paradigma tem de mudar. Na necessidade de mudança, estamos todos de acordo. Vamos passar das palavras aos atos e esperar que após a tomada de posse marcada para 8 de janeiro… assim seja!
Como previsto, decorreu no dia 30 de outubro, em Santarém, o 44.º Congresso da Liga dos Bombeiros Portugueses, com fins quase exclusivamente eleitorais, para além de ratificação de algumas condecorações, cuja competência de atribuição é do Conselho Executivo ou do Conselho Nacional, mas obriga a ratificação pelo Congresso, como é o caso da «Fénix de Honra».
Por essa razão chegou ao Sabugal a notícia de que o Congresso teria aprovado a atribuição da «Fénix de Honra» à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Sabugal, o que originou que houvesse amigos a enviar os parabéns, o que certamente agradecemos, mas importa esclarecer que se tratou de ratificar a atribuição aprovada pelo Conselho Nacional em 2015, e que por razões várias foi imposta na bandeira da Associação, apenas em 7 de agosto passado.
De acordo com o Regulamento de Distinções Honoríficas da Liga de Bombeiros Portugueses, «a concessão desta Distinção Honorífica é da competência do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses por deliberação unânime do respetivo órgão e aprovada em Conselho Nacional, e … deverá ser apresentada ao Congresso para ratificação»… [Aqui.]
Junto com o voto para a eleição foi também votada individualmente a concessão do Grande Colar de Mérito a todos os Presidentes da República eleitos em democracia. Honestamente, não conheço os resultados, mas presumo que terão sido todos aprovados. Ora, diz o Regulamento, «…é o mais alto galardão das Distinções Honoríficas da Liga dos Bombeiros Portugueses podendo ser concedido ao Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro-ministro e a outros altos magistrados da Nação que no desempenho das suas funções tenham contribuído de forma extraordinariamente relevante para a causa dos Bombeiros Portugueses.»
Não estava, nem estou, habilitado a julgar o contributo dos vários visados, pelo que me abstenho de comentar essa atribuição.
Com duas listas a concorrer, saiu vencedora a lista A, liderada por António Nunes para Presidente do Conselho Executivo e como Presidente da Mesa dos Congressos o Dr. Gil Barreiros, de Gouveia, cujo programa apresenta muitas das ações que eu tenho defendido como necessárias… [Aqui.]
Uma última nota apenas para dizer que o atraso de quase uma hora na abertura das urnas, deixando mais de quinhentas pessoas dentro de uma sala, literalmente uns em cima dos outros, (cá fora o tempo não convidava a não ser os fumadores, e o temporal e a noite convidavam as pessoas a regressar a casa o mais rápido possível), só vem dar força ao que tenho dito e escrito que nos últimos tempos a Liga tem sido um projeto falhado.
E depois da eleição?
Na última crónica dizia eu que «o Conselho Executivo que sair das eleições do próximo dia 30 terá de, antes de ser mais reivindicativo junto do poder, conseguir a união real das Associações/CB, sob pena de as reivindicações terem o mesmo destino que até agora, ou seja, cair em saco roto».
Sendo esse um dos pilares do programa, vamos esperar para ver.
«Unir todos os Bombeiros nas suas diversas representações, nomeadamente Comandos, Dirigentes Associativos, Representantes de Entidades Detentoras de Corpos de Bombeiros, Federações, Estruturas Representativas Internas da LBP e Bombeiros, em torno de uma identidade única que permita ter a força suficiente para exigir, em cada momento, as melhores condições e o reconhecimento dos valores e direitos que norteiam a nossa atividade, mas muitas vezes esquecidos pelo Estado e seus representantes…
Representar Associados e Bombeiros protagonizando e dinamizando transformações ou aperfeiçoamentos no Estatuto Social do Bombeiro…
Defender os Bombeiros…»
Em todos os pilares se fala em Bombeiros. Sempre se falou, mas não se praticou. Embora falando sempre no geral, a LBP nunca ouviu realmente os Bombeiros de base, restringindo todo o seu efetivo a Comandantes e Presidentes. Defender os Bombeiros inclui dar-lhes voz, e isso não tem acontecido, tornando-se cada vez mais premente e necessária à sobrevivência da própria Liga como Instituição e à real e efetiva representação de TODOS os Bombeiros como se apregoa.
O estatuto Social do Bombeiro é importante, mas não é a única aspiração, para além de que a experiência nos diz que o real impacto da maioria das medidas é limitado, quando não irrelevante.
O programa que é extenso e ambicioso, vai da modernização das Entidades Detentoras e Corpos de Bombeiros à reformulação dos Departamentos e Regulamentos da própria Liga.
Vamos esperar que seja cumprido.
Os elementos agora eleitos, a começar pelo Presidente, que foi o primeiro Presidente do SNBPC (Serviço Nacional de Bombeiros e Proteção Civil) têm conhecimentos e experiência suficientes para lutar por ele. Infelizmente, como repetia o Presidente cessante, a Liga não é governo, e quase todas as linhas programáticas dependem de terceiros, e sobretudo do governo.
Importa esclarecer que o SNBPC substituiu o SNB (Serviço Nacional de Bombeiros), onde o candidato da lista vencida desempenhou funções, e era por isso, para muitos, uma mais valia, uma vez que defendem que essa mudança foi o início do fim dos Bombeiros enquanto Instituição mais ou menos independente.
Esqueceram-se e continuam a esquecer-se que as razões para a situação de que se queixam, desde a ocupação por outras forças, de competências que reclamam suas, à leviandade com que somos tratados pelo poder, se ficam a dever às «quintinhas» e quezílias internas muito mais alimentadas que projetos comuns.
Espero não vir a ser acusado de dizer disparates quando falo em projetos comuns nos Bombeiros, porque em 35 anos nunca conheci nenhum que assim possa ser chamado, com a devida propriedade.
A lista eleita (e a vencida também, honra seja feita) defendeu no seu programa que o paradigma tem que mudar. Na necessidade de mudança, estamos todos de acordo. Vamos passar das palavras aos atos, e esperar que, após a tomada de posse que ocorrerá a 8 de janeiro, assim seja.
Mantenha-se a vontade e o empenho, mas crie-se sobretudo a vontade e o empenho dos Bombeiros, Comandos e Direções, em transformar as suas ambições em ambições de todos, ajustar as nossas às do vizinho, que só juntos e em uníssono será possível a tão desejada mudança.
No âmbito do «Rosto detrás da máscara» apresento-vos a Inês…
Nome: Inês Miguel Gonçalves
Posto: Bombeiro de 3.ª classe
Idade: 26 anos
Situação familiar: Solteiro
Situação profissional: Jornalista
Ingresso: 9 de Maio de 2012
Ingresso na carreira de Bombeiro: 15 de Julho de 2015.
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«O gosto pelas letras e pela escrita levou-me a escolher o jornalismo.
Atualmente sou jornalista no Jornal do Fundão, um dos jornais regionais mais antigos do país.
A missão e o ajudar o outro sempre falou mais alto e, de facto, para ostentar esta farda, é preciso ter muito mais do que só sonhos, é preciso ter coragem para ir onde ninguém quer ir.
Tenho orgulho em ser bombeira, porque além do conhecimento que é preciso adquirir para que sejamos profissionais na nossa missão, é necessário sacrifício, dedicação e muita vontade de ajudar. E isso, neste Corpo de Bombeiros não falta.»
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A pré-inscrição para a «escola de bombeiros» pode ser feita… (Aqui.)
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«A vida do Bombeiro», opinião de Luís Carriço
(Presidente da Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Sabugal.)
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António Nunes nunca esteve no SNBPC. Foi o antepenúltimo presidente do SNPC.
Parabéns Caro Presidente Luís Carriço.
Excelente análise da realidade dos Bombeiros Portugueses!
Há mais de 40 anos que sinto o mesmo. Na época dos Congressos da LBP os programas eleitorais são idênticos, boas intenções mas continuamos sem passar disso.
Vamos ver desta! enquanto “há vida há esperança” e assim vamos vivendo com os bravos Heróis Bombeiros.
Bem Haja