Foi controversa e polémica, na última semana, a recente instalação de uma belíssima obra de arte, tão representativa da dimensão que ocupa o Lince no nosso território. Diversos conterrâneos manifestaram nas redes sociais grave descontentamento e desagrado com a obra.
A capeia, o forcão, o lince, o rio Côa, a lontra, os castelos, as pontes, os objectos arqueológicos por aqui encontrados, as esculturas e a arte urbana existente, a musica e cantigas tradicionais, as obras escritas sobre terras e locais do nosso concelho, a reserva natural da Malcata, as várias serras, os pratos típicos, o bucho, o borrego ou cabrito assado na brasa, os coscoréis, etc, não são exclusivos desta ou daquela freguesia, mas são traços, aspectos, usos ou tradições que no seu conjunto caracterizam e contribuem para a forte identidade de um povo e da cultura sabugalense. Fraccionar a nossa identidade é fragilizar a força da personalidade do nosso povo enquanto entidade concelhia.
Na parte que nos diz respeito não poderíamos ter ficado mais radiantes, pois consideramos que aquela obra a seu tempo recuperará e devolverá ao concelho a titularidade, a pertença e a propriedade do verdadeiro e legítimo nome das «Terras do Lince», que outros territórios nos quiseram e querem retirar.
Esta aposta na criação e desenvolvimento de uma imagem com a preocupação ambiental, constitui-se como uma boa tentativa de conversão deste nosso concelho num território ecosustentável. Além de ser uma boa aposta no investimento em cultura e arte, pode a seu tempo retratar o equilíbrio necessário entre um concelho que tem uma tradição ancestral que fere muitas susceptibilidades, como é o caso da nossa (des)amada Capeia, mas que em simultâneo também temos o cuidado e forte interesse em preservar espécies e ecossistemas.
Só grandes e significativas obras são dignas de polémica e de controversas e quanto mais se falar, maior é o sinal de que criou impacto nas pessoas e melhor projecção poderá ter na sua divulgação, assim como um maior entendimento sobre os motivos que estiveram na sua criação.
Podemos ter opiniões e cada uma terá a perspectiva e alcance que cada um de nós lhe quiser atribuir. A este propósito, relembro uma pequena estória. Estavam três sujeitos a executar uma obra e abeirou-se deles um curioso e perguntou individualmente a cada um deles: – O que estás a fazer?
O primeiro respondeu: – Estou a assentar pedras!
O segundo respondeu: – Estou a erguer um muro em pedra!
O terceiro respondeu: – Estou a construir um castelo!
Todos estavam envolvidos no mesmo projecto, a perspectiva e dimensão e significado que lhe atribuíam é que eram diferentes.
Podemos continuar a assentar pedras ou querer erguer castelos, cabe a cada um definir a sua perspectiva e simbolismos que atribui ao que vê ou executa.
Na senda do que vimos considerando em crónicas anteriores, atentemos então no que o concelho do Sabugal tem feito, faz e fará melhor!
V – Património Histórico
Rota dos Cinco Castelos – Cinco Vilas Medievais – sobre a qual foram recentemente criados novos e elucidativos meios de promoção e divulgação deste património, tanto com a fixação de painéis informativos nos respectivos locais, assim como edição de vídeos histórico-temáticos muito bem conseguidos para a divulgação do território com boas e belas imagens do. nosso património… [Aqui.]
Construção recente de uma escadaria (aqui), estilo passadiço, para acesso mais facilitado ao castelo de Vila do Touro… [Aqui.]
…assim como foi efectuada melhoria da sinalética e colocação de painéis informativos, que muito dignificaram o espaço, onde podemos agora deslocar-nos para visitar um monumento de relevo histórico e dali desfrutar de uma das melhores panorâmicas do território… [Aqui.]
Aldeia Histórica de Sortelha – Constante melhoria ao longo dos últimos anos, recuperação e conservação do edificado, o que continua a fazer desta aldeia um hotspot do concelho com concomitante valorização pela Associação das Aldeias Históricas, que a integra no grupo das 12 aldeias históricas da Beira Interior. Falta impulsionar que as pessoas entrem concelho adentro e não fiquem só à porta, pois existe mais para mostrar e desfrutar portas-dentro. Colocação de placards apelativos em Sortelha, com imagens e informações sobre outras atrações a visitar no concelho, pode ser uma boa opção.
Iluminação dos Castelos – e respetiva recuperação ou reconstrução dos espaços arqueológicos que estavam soterrados nos castelos de Sortelha, Vilar Maior, Vila do Touro e Alfaiates.
Aguarda-se com elevada expectativa a recuperação que está a ser efectivada no Castelo de Alfaiates. Pois com certeza iremos finalmente poder beneficiar, e muito, da imponência daquele histórico e importante património.
Castelo de Sabugal – as obras de restauro e conservação efectuadas fizeram deste monumento uma das mais belas salas de espetáculos do nosso país. Só quem não assistiu ali a um espectáculo é que está impedido de opinar, pois é preciso assistir para criticar depois.
Recuperação da estação arqueológica do Sabugal Velho / Castro ou acampamento romano do Sabugal Velho – Importa fazer alguma manutenção e colocar naquele espaço um painel informativo para melhor compreensão do que ali existiu. Nas imediações do espaço foi recentemente colocado, pela freguesia de Aldeia Velha, um baloiço panorâmico, muito original, em formato de forcão, que pode ser um bom atractivo para visita do espaço.
Além deste baloiço, foram criados pelas comunidades ou autarcas locais, mais cinco baloiços em zonas panorâmicas do concelho. Ver descrição pormenorizada dos baloiços locais, os quais têm vindo a ser divulgados pelo município… [Aqui.]
Conforme bem elucidou o José Carlos Lages na sua recente crónica, aqui no Capeia, sobre o projecto e obras do largo da cidade do Sabugal, aquelas envolvem várias componentes ou temas alusivos e identitários do concelho que foram pensadas no desenho e arquitectura do espaço, pelo que teremos de aguardar a sua finalização para validarmos a qualidade, dimensão, beleza ou dignidade atribuída a cada uma das temáticas que estiveram subjacentes à conceptualização do novo espaço.
Por sinal, ressalvamos a constatação, de que esteve na sua base uma preocupação com cinco temáticas (Património construído, História, Fauna e Flora, Rio Côa, Cultura/Etnografia), que vem reforçar a relevância do nosso teorema sobre o Território dos Cinco Elementos.
Voltaremos na crónica da próxima semana com mais outros projectos de relevo.
(Continua…)
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Bem hajam pela vossa curiosidade e leitura!
Prá semana temos mais!
Até lá! Cuidem-se e cuidemos dos nossos!
Meu abraço dos 5inco costados!
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«Território dos Cinco Elementos», opinião de António Martins
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2014.)
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O lince – repito aqui – é mesmo um bicho muito bonito…
Já fez as delícias da Serra de Malcata, como sabemos.
Quem dera que um dia volte às nossas terras…
Abraço.
JCM