O quadrazenho sempre foi um misto de aventureiro e de fura-vidas ambulante que procurou melhores dias para si e para os seus. Muitos quadrazenhos saíram da sua terra para outras terras de Portugal por aí terem casado. Outros deixaram o país e rumaram a outros países ou a outros continentes.

Entre 1900 e 1939 viviam na Argentina quatro quadrazenhos que deixaram filhos em Quadrazais: José Freire, José Bernardo Afonso Bicho, Manuel Nabais Ganito Ramos e o Sr. Jaime (Jaime Pinharanda Gomes). Mas outros sem filhos para aí emigraram.
Numa fotografia que possuo, tirada em Buenos Aires por esta altura, e que publiquei no 1.º volume da minha obra «Para que não se Perca a Memória de 400 Anos de Vida em Quadrazais», surgem 16 quadrazenhos e não estão nela todos os que emigraram para a Argentina nessa época. Há que acrescentar o Sr. Alfredo, o Simão Ferrador e irmão, o Manuel António Braga, irmão do meu avô paterno, o João Lhalhão, a Bajé Quintaneja e a Sra. Beatriz.
Para o Brasil foram muitos: o António Joaquim Nabais, os irmãos Calote-José e Francisco, José Manuel Manal, mulher e filho, Tó Manal, mulher, filhos e irmão Zé Russo, após vir de Angola, Zé Vinhas e mulher Estrela, António Francisco Moura e esposa Chão, Martinho Cura e irmão, Zé Manel Maja e mulher Deolinda, Zé Guinê, o Barraquinho e o João Lhalhão, que depois seguiu para a Argentina.
Para os Estados Unidos da América foram alguns: Sr. Chico, Sr. João Robalo, o Sr. António Moura e mais tarde o filho Zézinho, que regressou com a esposa, Sra. Lisdália.
Para o Canadá foi um ou outro: a filha e genro do Tó Camponês, uma filha do Quim Chorão e o Zé Birrão.
Internamente, é correcto dizer que não há cidade de Portugal onde não se encontre um quadrazenho ou descendente. Até os Açores e a Madeira contam com alguns. O carácter ambulante do quadrazenho levou-o a todas as partes do país e alguns por aí ficaram.
Há ou houve quadrazenhos em Açores (4), Alcobaça (1), Aldeia de Santo António (1), Alfragide(1), Algés(2), Almada(6), Almeirim(1), Alverca(1), Amadora(6), Amareleja(1), Amieira(4), Areosa(1), Aveiro (3), Azaruja(1), Baião(2), Barreiro(4), Beja(1), Braga (2), Brandoa(1), Cacém(4), Caldas da Raínha(6), Carcavelos(1), Cartaxo(7), Casal de Cambra(2), Cascais(6), Castelo Branco(3), Castelo Mendo(3), Cerdeira(2), Charneca da Caparica(2), Coimbra (34 ou mais), Corroios e Amora(13), Costa da Caparica(1), Cova da Piedade(4), Covilhã (22), Cruz de Pau(3), Damaia(2), Elvas(1), Ericeira(1), Estoril(1), Estremoz(1), Évora(11), Fafe(1), Faro(3), Fátima(2), Figueira de Castelo Rodrigo(6), Foros da Amora(1), Fronteira(2), Góis(2), Guarda(11), Guimarães(1), Lajeosa(1), Leiria(4), Linda-a-Pastora(1), Linhó(3), Lisboa(64 ou mais), Madeira(2), Marinha Grande (7), Massamá(5), Mem Martins(5), Mirandela(3), Miusela(1), Moncarrapacho(1), Montargil(1), Montijo(2), Monte Real (2), Nazaré(1), Odemira(1), Odivelas(2), Oeiras(1), Ovar (1), Ozendo(1), Paço de Arcos(2), Paio Pires(2),Palmela(2), Parede(11), Penamacor(7), Pinhal Vidal(1), Portimão(2), Porto Salvo(2), Póvoa de Stº Adrião(2), Póvoa do Varzim(1), Porto (8), Queluz(1), Quinta do Conde(4), Rio Maior (3), Rosmaninhal(1), Sabugal(25), Sacavém(1), S. Domingos de Rana(4), São Pedro da Cadeira(1), Santa Comba Dão (1), Santo António dos Cavaleiros(1), Santarém((6), Setúbal(4), Sintra(3), Sobreda da Caparica(1), Soito(3), Sousel(4), Tancos(1), Tavira(4), Tocha (1), Tomar(16), Torre(1), Torres Novas(3),Torres Vedras(10),Tortosendo (5 ), Unhais da Serra (3), Vale de Espinho(6), Vale de Milhaços(2), Vela(1), Viana do Castelo(1), Vidigueira(3), Vila Boa(2), Vila Franca das Naves(3), Vila Nova de Tázem (4), Viseu (8). Total= 493.
São mais que a população actual de Quadrazais. Não conto com os filhos de quadrazenhos já nascidos nas terras onde os pais se fixaram.
Já em 4 de Dezembro de 1694 faleceu em Lisboa a quadrazenha Isabel Martins da Gorda, viúva de Afonso Martins da Gorda.
Entre 1900 e 1939 viviam fora ou casaram fora de Quadrazais nove quadrazenhos: Alfredo, em Vila Franca das Naves; Manuel Gonçalves Borrega, em Lisboa; António, em Malcata; Manuel Joaquim, em Almada; José Francisco, em Castelo Branco; Alfredo Fernandes, em Mafamede (Gaia); António Gonçalves Dias, em Vila Franca das Naves; Edgar Fernandes, em Vila Nova de Cacela; e Manuel José Gonçalves Pinto, em Vale de Espinho.
Faleceram fora de Quadrazais: em Lisboa, Manuel, outro Manuel, Alfredo e Manuel Gonçalves Borrega; em Odivelas, José Manuel; em Santo Estêvão (Alenquer), José Francisco; em Coimbra outro Manuel Gonçalves Borrega; em Malcata, António; em Fornos de Algodres, José; na Covilhã, António João.
Casaram fora de Quadrazais três mulheres quadrazenhas: Maria José, em Aldeia Velha, Maria dos Anjos Nabais, na Amieira, e Maria da Glória, em Vila Boa.
Faleceram fora de Quadrazais: Maria Luísa, na Benquerença; Alzira, nas Mercês (Lisboa); Maria José, em Lisboa; Maria dos Anjos, em Agualva do Cacém; Maria da Anunciação, em Coimbra; Luísa, em Penamacor; Maria da Glória, em Vila Boa; Maria da Assunção, na Torre; Maria Isabel, em Vendas Novas; Maria da Glória, na Guarda.
Nos anos cinquenta vários rumaram às antigas colónias.
Para Angola foram: o Sr. Zé Jaquim, Sr. João Maria e família, Sr. Chiquinho, 3 filhos da ti Antoninha, ti António Escudeiro, Zé Cardosa e família, Simão Bicheiro, Tó Domingos e irmão Quim, Né Mocho e filho, os Sordos, Zé e Manel Manal, o Borrega Sarangalho (filho), Zé Manel Bedo, Zé Birrão e família, incluindo genros, Tó Neceto, Quim e Américo Moreira, Zé Purloiro, Zé Cigarrilha, Vitório, Raúl Mocho e filho, Tó Borrega e sobrinho Balel (Manuel) Amador, Flávio Carvalha, Rui Meirinha e família e Simão Ferrador.
Para Moçambique foram. Sr. Frederico, Sr. Amândio Pinharanda e primeira esposa Dª Branca, Silvestre, Simão e Tó Nano, Gilberto e Vivaldo.
Em São Tomé esteve o Padre Zé Diz. Em Macau o Amorim.
Na Austrália esteve o Armando Farrenheiro. Para a China foi a Glória, neta do ti Manel Barreiro.
Para a Suíça emigrou um filho do Julinho Marelo.
Alemanha: o ti Jingo e dois filhos, o Zé Augusto Rito e o Pedro, filho do Víctor Cipriano.
Espanha: Joaquim Feijão, Fortunato Castelhano, Rabita, filha do Nilo Rabeco, Zé Manel Sono, Valhé Ninê, Lourenço, sobrinho da Etelvina Ruvina, um Valente, Flozindo Soares e Paquico.
Nesses anos cinquenta começou a emigração para França, que se iria tornar avassaladora nos anos sessenta. São milhares, pelo que seria fastidioso enumerá-los todos. Alguns subúrbios de Paris, como Aubervilliers, S. Denis, Ivry, Ville Juif e Champigny, são novos Quadrazais, com mais população que aquela que vive no Quadrazais de Portugal.
A Alemanha recebeu muitos quadrazenhos. Também a Inglaterra, a Suécia com o Beira-Mar, a Suíça e outros países receberam um ou outro.
Se em Portugal não há cidade que não tenha um quadrazenho, no Mundo serão poucos os países onde não se tenha fixado um quadrazenho.
Tal como a cegonha da estátua supra que volta sempre ao lugar onde nasceu, também o quadrazenho nunca esquece a sua terra e a ela retorna de vez em quando e muitas vezes no fim da vida para aí deixar os ossos.
Leave a Reply