Os meus primeiros e principais catequistas, orientadores da Fé, foram os meus saudosos Pais. Nascido e crescendo numa zona rural, arraiana, o meu saudoso Pai aproveitava muitos dos momentos laborais e familiares, para me falar das mensagens bíblicas, principalmente e com grande incidência do Antigo Testamento, «histórias» pelas quais ficava fascinado.
Pedagogo, com grande formação bíblica e histórica, aproveitava o ciclo da natureza e a sua envolvência para me explicar aqueles ensinamentos. Também não esquecia os do Novo Testamento e os Actos dos Apóstolos.
Com o avançar da idade sempre considerei a catequese uma das mais importantes tarefas da Igreja, embora alguns dos seus responsáveis se esqueçam desta realidade. Um caminho de aprendizagem e de aquisição que não se esgota na adolescência, prolonga-se pela vida fora, embora muitos dos nossos jovens, ao fazer a Primeira Comunhão, a Profissão da Fé, o Crisma, a abandonem e deixei de percorrer os caminhos evangélicos e a aprendizagem bíblica.
O Papa Francisco, através da Carta Apostólica – «Antiquum Ministerium» – instituiu o Ministério do Catequista. Esta atitude papal valoriza a importante missão catequética de milhares de homens e mulheres, que durante tantos anos vivem empenhados na transmissão dos valores da Fé.
Na leitura do texto, o Papa sublinha que «ainda hoje há muitos catequistas competentes e perseverantes, que estão à frente das comunidades em diferentes regiões, realizando uma missão insubstituível na transmissão e aprofundamento da Fé».
«A instituição do Ministério do Catequista não pertence ao clero, nem a instituições religiosas, reconhecendo-se o serviço que os catequistas prestam na transmissão da Fé, desempenhada de uma forma laical, como exige a própria natureza do Ministério», acrescenta.
O apelo do Papa salienta que para este Ministério sejam chamados homens e mulheres de Fé profunda, de maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes do acolhimento, da generosidade e de vida em comunhão fraterna, recebam a devida formação bíblica, teológica e pedagógica, para ser solícitos comunicadores da verdade da Fé.
Não ficam por aqui as exigências papais e avisa que o Ministério laical, como o da Catequese, imprime uma acentuação maior do empenho missionário, que cabe a cada um dos batizados. Também convida as comunidades católicas a rejeitar qualquer tentativa de clericalização.
Continuando na leitura da Carta Apostólica do Papa, refere que o catequista deve estar ao serviço pastoral da transmissão da Fé, que se desenvolva nas diferentes etapas. Etapas que se iniciam no «primeiro anúncio», na formação permanente para os sacramentos, na iniciação cristã: Baptismo, Confirmação e Eucaristia.
O Papa Francisco convida as Conferências Episcopais a tomarem a realidade do Ministério do Catequista, estabelecendo o percurso formativo necessário e os critérios normativos para o acesso ao mesmo, encontrando as formas mais corretas para o serviço a estas pessoas são chamadas a desempenhar, em conformidade com tudo o que foi expresso por esta Carta Apostólica.
Este assunto toca-me de uma forma muito particular, profundamente, porque durante mais de vinte anos desempenhei as funções de Catequista, na Comunidade de Aldeia de Joanes.
Na análise às recomendações da Carta Apostólica do Papa, sem afirmar que sempre desenvolvi um trabalho perfeito, procurei, na transmissão da Fé, dar o melhor acolhimento aos adolescentes sob a minha responsabilidade. Tive necessidade, apesar da formação académica, de participar em diversos cursos de formação catequética, para melhoria e aperfeiçoamentos pedagógicos. Estamos sempres em caminhos de aprendizagem.
As minhas lições de catequese
Também tive o privilégio de aprender com alguns catequistas. Saliento, em primeiro lugar, o meu saudoso Pai, que me deu na prática e no conhecimento as primeiras lições de catequese.
A segunda, a minha saudosa Mãe, uma catequista ativa num Bairro Operário em Setúbal, uma verdadeira missionária, ativa, comunicativa, participativa na vida da comunidade cristã.
A terceira, a minha esposa, que durante trinta anos teve a missão de catequista em Lisboa, Castelo Branco, Aldeia de Joanes e Fundão. Desempenhava esta missão com grande nível pedagógico, procurando a envolvência da família e da comunidade nestas ações e uma grande aproximação humana e social junto dos e das adolescentes, preocupada também com os seus normais e diversos problemas.
Nestes dois milénios, muitos catequistas prestaram grandes serviços de missionação e evangelização à Igreja de Jesus Cristo, muitos com o sacrifício do martírio.
:: ::
«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2012)
:: ::
Leave a Reply