É vasto e diversificado o património arquitectónico-histórico existente no nosso território, que tem sido alvo de intervenção com vista à melhoria dos espaços e sua requalificação, por forma a aperfeiçoar os acessos, a sua atractividade, beleza e funcionalidade.. (Parte 2 de 2.)
(Continuação…)
Retomando a «reconstrução» da escrita sobre os espaços e belas ruínas da anterior croniqueta…
Ainda que assente em alguma polémica e contestação, foi efectuada também alguma intervenção e melhorias no Castelo de Vilar Maior, com construção de um passadiço de design «ultramodernista», que chocou muitos, mas hoje, e há distancia da realização daquelas obras, apreciadas as vistas captadas com recurso a imagens aéreas sobre o espaço e, apreciando melhor aquele acesso nas deslocações que fizemos ao local, até nem consideramos que seja tão chocante aquela intervenção. Primeiro estranha-se e depois entranha-se, já dizia aquele enorme Pessoa da nossa literatura.
Intramuralhas foram também, pelo que nos apercebemos, efetivadas escavações que permitiram recuperar e trazer à superfície algumas ruínas de casario medieval existente no interior do castelo.
Mais recentemente também nos apercebemos que a iluminação publica desta povoação foi toda recondicionada com vista a eliminar as cablagens aéreas e eliminação/substituição dos tradicionais postes em betão.
Quem nos dera que fossem também recondicionadas, logo e quanto antes, de forma a conseguir a sua eliminação. as cablagens, fios e postes que grassam de forma muito abusiva e desorganizada pelas restantes aldeias do concelho, que em nada dignificam as ruas das nossas povoações.
Ficou por fazer no castelo de Vilar Maior, à semelhança das intervenções em outros, alguma obra de reforço da estrutura ou consolidação das muralhas, que se pede que seja célere, dadas as fragilidades que alguns muros apresentam. E a cereja sobre o topo do bolo, neste caso sobre o castelo, seria a possibilidade de criar um acesso em segurança ao topo da torre de menagem ali existente.
Porém nem todo o património em ruínas, carece de ser reconstruído, até porque tal investimento e esforço iria desvirtuar a mística associada ao simbolismo e significados de alguns lugares/espaços.
Falamos de dois espaços, propriedade publica ou municipal, que têm uma mística e encanto próprios, são eles, as ruínas do Convento da Sacaparte (Alfaiates) e as ruínas da igreja românica de Santa Maria (Vilar Maior). Espaços que não ficam indiferentes aos diferentes olhares de quem se atreva a deambular de forma atenta por aqueles locais. Há como que um magnetismo histórico-arquitectónico de espiritualidade própria que se poderá percepcionar naquele edificado e que o torna muito atraente, tal como está.
Já sobre as ruínas existentes no parque termal do cró, entendemos ser um desperdício aquele espaço não ter sido intervencionado, aquando do estabelecimento de protocolos entre o município e os privados que construíram o hotel! Teria sido uma recuperação da mística e magnetismo de todo aquele espaço. A magia está lá e ninguém ficará indiferente na visita aquelas ruínas que perdurarão naquele parque termal.
Se há património municipal em avançado estado de ruína ou degradação que é passível e importante recuperar ou reconstruir e podem ser envidados todos os esforços para sua recuperação e reconstrução, outro há, que apenas importa manter e conservar tal como está, é a beleza das ruinas e não a ruina da beleza que acima de tudo e de todos estamos a preservar, num cada vez mais belo território.
Atentemos pelos axiomas pentagonais do nosso teorema que confirma e quantifica quão belas e quantas são as nossas ruínas e todo o demais património edificado de interesse neste Território dos 5inco Elementos.
Cinco ruínas com significado arquitetónico e/ou histórico
>> Águas Radium (Sortelha)… [Aqui.]
>> Convento da Sacaparte (Alfaiates)
>> Igreja românica de Santa Maria (V. Maior)
>> Edifícios das Antigas Termas do Cró
>> Atalaia do Carrascal (Rebolosa)… [Aqui.]
Cinco pontes em cantaria de maior impacto histórico/arquitetónico
Sequeiros (única pelo seu torreão) | Vilar Maior | Aldeia da Ponte | Sabugal | Cerdeira
Cinco igrejas do período românico (séc I a IV) ou medieval (séc. V a XV)
>> Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Alfaiates (românica)… [+info.]
>> Igreja da Misericórdia do Sabugal (românica) na qual existe uma pedra com uma inscrição e uma medida-padrão (côvado)… [+info.]
>> Igreja Matriz de Santa Maria Madalena, em Águas Belas (origem românica)… [+info.]
>> Igreja Matriz de Vilar Maior (origem medieval)… [+info.]
>> Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, na Nave (origem medieval)… [+info.]
Cinco tipos de construções ancestrais em pedra de granito
>> Pontões/Poldras sobre o Côa
>> Noras [+info.]
>> Moinhos de Água no Côa
>> Canadas, vídeos sobre os muros de pedra seca… [Aqui.]
>> Condutas/sistemas de rega tradicional em granito.
Cinco Solares
>> Solar dos Britos (Sabugal)
>> Solar de José Lopes (Casteleiro)
>> Solar dos Condes de Tavarede (Vilar Maior)
>> Solar dos Correia da Costa/Solar de Nossa Senhora da Conceição (Sortelha)
>> Solar da Ruvina.
Cinco Casas Solarengas
>> Casa de São Gens (Sortelha)
>> Casa de Santo António (Sortelha)
>> Casa dos Cameiros (Aldeia da Ponte)
>> Casa dos Almeidas (Sabugal)
>> Casa Quevedo Pessanha (Vilar Maior).
Cinco escolas primárias de arquitectura mais antiga
Dividem-se em dois grupos:
(1) as de pequena dimensão com um só́ piso (Lageosa, Rebolosa);
(2) as de maior dimensão com dois pisos (Alfaiates, Soito, Vale de Espinho).
Cinco Museus ou espaços museológicos
>> Museu do Sabugal
>> Museu de Vilar Maior
>> Museu de Aldeia da Ponte
>> Casa da Memória Judaica da Raia Sabugalense… [+ info.]
>> Domus Museu (Soito, casa particular)… [Aqui.]
(Fim)
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Bem hajam pela vossa curiosidade e leitura! Um melhor 2021!
Prá semana temos mais!
Até lá! Cuidem-se e cuidemos dos nossos!
Meu abraço dos cinco costados!
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«Território dos Cinco Elementos», opinião de António Martins
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2014.)
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Viva António Cunha! Comungo desse sentimento sobre essa garbosa e magnífica encenação da Paixão de Cristo em Vilar Maior. Da qual guardo um álbum fotográfico com imagens extraordinárias. Que lamentavelmente não se voltou a repetir com após saída do Padre Helder.
No que respeita à subida à torre, também eu aqui há uns bons anos atrás, hoje nunca o faria, mas em tempos fui um dos ousados e destemidos loucos, que arriscou subir pelas pedras embutidas que restam.
E posso partilhar que quando estava a chegar ao topo da torre, sem nada que eu previsse, sai uma coruja que me pregou um susto de vida! Pois não era a minha hora! E fiquei para o contar e tirei umas fotografias magníficas do topo!
A voltar lá ao cimo só e apenas em segurança o que espero que seja ainda possível de concretizar! Pois o espaço e a vista exigem que seja proporcionada essa possibilidade a todos os que apreciam e visitam o nosso território.
Saudoso e grato abraço!
A encenação da Ressurreição que o Ator João Reis apresentou em 2014 no final da Paixão de Cristo que se realisou em Vilar Maior foi simplesmente deslumbrante como as cerca de 1500 pessoas que aí se encontravam puderam constatar. Nesse mesmo dia algumas horas antes e após terminar a construção do acesso á torre, por onde o Ator João Reis teve que trepar para nos deslumbrar com a sua apresentação da ressurreição, eu tive o privilégio de subir á torre do castelo e fiquei maravilhado com a vista que observei. O acesso que se criou foi exterior e muito insólito e apenas serviu para aquele efeito. Aproveitando as pedras, que ainda restam embutidas no interior da torre, é possivel construir um acesso com segurança e pouco dispendioso. Falta vontade política e de quem manda no castelo e então sim teriamos a cereja no topo do bolo e estou convencido que não faltariam pessoas turistas,ou não, com vontade de subir.
Aos meus 65 anos de idade realizei um sonho, que tinha desde pequeno. Foi maravilhoso subir á torre do castelo de Vilar Maior.
Um grande abraço para o António Martins.
António Cunha