A não existência das festas, para além de fazer falta ao ego popular, é um grande rombo para todos os vendedores que aqui se deslocavam, mas também, e que nos afeta mais, para a economia local. A animação das ruas não é a mesma. É como se faltasse um bocado do coletivo.


Escrevo num dia, e à hora que deviam estar a rebentar os foguetes da alvorada de São João. No calendário deste ano, talvez fosse mesmo o arranque das festas.
Na rua, uma brisa leve que me leva aos tempos de infância e me recorda o que mais me lembra desses dias: o barulho que os «papelinhos» faziam pela ação desta brisa, e da mordomia, as noites de inverno ocupadas a «atar fitas de papel num cordel» e a noite antes do início, a enfeitar todas as ruas (pelo menos da Câmara a São Sebastião passando por todo o Largo da Fonte e largo da escola, ringue e campo de futebol, locais onde as festas se realizaram vários anos. O largo da escola chegou a ter um acimentado específico para o «dancing».
Um mês antes, havia barraca montada. E os «mirones» que comentavam o tamanho do pinho. E os rosmanos chegam? Chegam que é pequeno. O do ano passado era maior, que não, que o maior que apareceu foi o de há quatro anos. E de onde veio? Que o Ti João sempre oferece um, mas cortam sempre o do vizinho. E as galhas? Foram cortadas em janeiro? No tempo do ti Alfredo nem lhas punha se não fossem cortadas em janeiro, mas ele encarregava-se de os lembrar. E … já tendes as listas? Porque tinha de haver uma lista telefónica, como a de 1967. (fotos juntas, que me foi gentilmente oferecida quando fui mordomo em 1988, por um mordomo de 1967, Luis Rasteiro); Tradição que a tecnologia enterrou.
E ficavam inúmeras histórias do convívio, nem sempre pacífico diga-se, de um ano da mordomia; E o stress de acordar e ver os enfeites «descaídos» por ter havido trovoada de noite. E de mordomos que, devido ao cansaço, nem se recordam dos dias todos.
Talvez volte a haver São João; Assim esperamos todos, mas vai ser diferente.
A não existência das festas, para além de fazer falta ao ego popular, é um grande rombo para todos os vendedores que aqui se deslocavam, mas também, e que nos afeta mais, para a economia local. A animação das ruas não é a mesma; É como se faltasse um bocado do coletivo.
Até a feijoada do dia de São Pedro, tradição mais recente (menos de 40 anos), falta ao coletivo.
Talvez em 2022 haja Santos Populares, mas no caso concreto do Sabugal, nada vai ser como dantes, a não ser que o Município aí continue a investir forte, muito forte.
Em 2017 e 2018 as festas foram organizadas pela Associação e Corpo de Bombeiros e no primeiro ano houve saldo positivo antes do apoio municipal, era o primeiro para os bombeiros, tinha um objetivo específico, pagar uma ambulância que ali estava exposta, lembram-se?
Já no segundo ano, as coisas voltaram ao normal. Embora sendo também para os bombeiros, embora com um orçamento mais reduzido, não fosse o apoio municipal e o saldo seria negativo em quase duas dezenas de milhar de euros. Mais ou menos tanto como fora positivo no primeiro ano (antes de contabilizar o apoio municipal). E não foram aqui contabilizados os milhares de quilómetros que viaturas fizeram para a organização, o empenho de todo o Corpo de Bombeiros e Diretores, bem como o de dezenas de voluntários que gratuitamente ajudaram.
Serve isto para dizer que ao contrário da opinião enraizada em alguns (que talvez nunca tenham assumido a responsabilidade de a fazer) a festa não se paga a si própria, pelo menos nos moldes em que tem sido feita nos últimos anos. Para sobreviver terá de moldar-se aos tempos atuais e, oxalá me engane, adaptar-se à pandemia; Sim que este medo, vai durar anos, até ser, se o fôr, erradicado.
Pelos Bombeiros…
Vi nas redes sociais comentários ao comentário de Miguel Sousa Tavares num jornal da noite da semana passada sobre a polémica dos incêndios, em que terá afirmado que a estratégia do MAI para os incêndios é pôr dinheiro sobre os bombeiros para os manter sossegados. Digo terá, porque não vi a referida entrevista e me baseio apenas nos comentários e reações que apareceram.
Pela mesma razão não teço comentários às declarações em si, que sei que são sempre polémicas, nem às reações. As declarações de Miguel Sousa Tavares, cujas intervenções não assisto por achar demais o denegrir tudo e todos, têm um condão não tão mau. Geram discussão, o que é bom, talvez faça despertar consciências.
Retiro apenas dessas declarações o «dar dinheiro», que se foi dito no sentido de que o ministro acha que pagando tem tudo, não deixa de ter razão, mas se foi dito no sentido de que é dinheiro demais ou adiantado, então o engano é enorme.
Em 25 de junho foram pagas parte das despesas de setembro de 2020 e as de outubro, e à data em que escrevo ainda não ressarcidas as despesas de alimentação referentes ao mês de outubro. A maioria das verbas extraordinárias referentes ao apoio no âmbito do Covid, ainda andam algures, para além de já terem sido suspensas embora continue a estar uma ambulância e dois homens «presos» na vacinação.
Também não sou fã do ministro nem da sua estratégia aos fogos rurais, mas isso é outra história.

No âmbito do «Rosto detrás da máscara» apresento-vos a Isabel..
Nome: Isabel Pires
Posto: Bombeiro 2.ª Classe
Idade: 47 anos
Estado civil: divorciada, dois filhos: Ricardo de 21 anos e a Laura com 13.
Ingresso (na Associação): Fevereiro de 1997 como civil com a função de secretária.
Ingresso no Corpo de Bombeiro: Junho de 1998.
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A pré-inscrição para a «escola de bombeiros» pode ser feita… (Aqui.)
Ajude a Associação. Faça-se sócio dos Bombeiros do Sabugal… (Aqui.)
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«A vida do Bombeiro», opinião de Luís Carriço
(Presidente da Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Sabugal.)
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