Será a Reserva Natural da Malcata a próxima área de reintrodução de lince-ibérico? Muito se tem escrito e propagado nas redes sociais e nos media, sobre as potencialidades da nossa Reserva Natural da Serra da Malcata (RNSM), suas ameaças, suas virtudes, suas vantagens, seus benefícios e mais valias para o nosso território, assim como de outros custos, suas fragilidades e maus-tratos, relacionados com inércia e abandono que se constata para com aquele património natural. (Parte 3.)
Se não existem condições para serem libertados linces na RNSM, até nos compadecemos com essa tese e continuamos a aguardar, há mais de 30 anos, que estejam reunidas as condições necessárias para aqueles aqui serem reinseridos.
Mas já não devemos ter a mesma complacência quanto ao facto de não ser pelo menos aqui criado um Centro Local de Reprodução do Lince Ibérico ou em alternativa, pelo menos um cercado de visitação do lince, ou um Mini-zoo Lince, à semelhança do que foi criado no Zoológico de Lisboa.
Enquanto passivamente esperamos pelo regresso do Lince a casa, numa demonstração de algum respeito e consideração pelas gentes e povos do interior e, no mínimo, aquilo que se exige do poder central seria a criação de um Centro de Interpretação do Lince Ibérico e da Reserva Natural da Serra da Malcata, numa das lindíssimas quatro casas existentes na RNSM, que se encontram abandonadas e a degradarem-se de ano para ano.
Com esta medida, recuperava-se património edificado, evitava-se o lamentável e evidente estado de degradação, valorizava-se a reserva natural, mantinha-se activa a campanha de sensibilização para a protecção da biodiversidade, com uma imagem de marca indelével que já existe na memória da maioria dos portugueses – Território do Lince – que facilmente seria co-associada ao nosso património arquitectónico, histórico, natural, cultural, usos, hábitos, costumes e tradições do nosso concelho.
O estado português e os organismos responsáveis (ICNF, Ministério do Ambiente, Ministério da Coesão Territorial, etc.) têm uma dívida para com a RNSM e para com o Interior (Sabugal e Penamacor). E nós precisamos de criar um atractivo, recuperar a nossa maior e mais bela imagem de marca alguma vez conseguida sobre o nosso território – o Lince – que nos reposicione como território de potencial procura turística e almejar um novo lema: «O bom Lince à casa torna»
O ICNF não quis cuidar da RNSM e dada a actual formalização da parceria e transitada a gestão da RNSM do ICNF para gestão colectiva da RNSM, partilhada entre os municípios de Penamacor e Sabugal, esperamos que o poder local consiga agora travar anos de abandono e consiga efectivar alguma intervenção e melhoramentos daquele espaço natural.
Entre as milhentas possibilidades de melhoramentos, pede-se que sejam repostas as placas de informação e orientação, que seja refeita a remarcação dos trilhos existentes e a criação de outros novos, a renovação das placas e painéis informativos, a recuperação das Casas Abrigo dos Guardas Florestais e as outras duas casas que existem e que já foram espaços de alojamento de Turismo de Natureza. E que seja feito do Posto de vigia do Pico da Machoca um miradouro panorâmico, dadas as condições únicas e especiais daquele edificado.
Tudo isto para permitir que turistas que apreciam este contacto com a natureza possam acorrer com segurança à região e em particular a este pequeno paraíso.
A criação das reservas tem por intuito cuidar, preservar e proteger, para que gerações futuras possam continuar a desfrutar de ambientes saudáveis e tentarmos deixar este mundo um pouco melhor do que o encontrámos. No entanto se estivermos impedidos de desfrutar da reserva pelo excesso de zelo ou a grave falta deste, não nos servem de nada os esforços de protecionismo e de preservação.
Pela natureza, pelo concelho, pelas pessoas que vivem nas redondezas, pela RNSM e demais freguesias e povoações do território do concelho do Sabugal, para bem do Interior de Portugal e por todos os que nos querem visitar, exijamos o Lince de volta e que sejam cumpridas as promessas ministeriais. Aguardemos para verificar quanto nos vale a palavra de ministro, ou se apenas usa e abusa de palavra dada.
Finalizamos estas crónicas sob o tema de Malcata e o Lince com estes axiomas pentagonais, destacando a evidencia e a força simbólica da Malcata enquanto zona de transição, na esperança de que seja esta também um indicador de transição e mudança positiva e favorável ao nosso território, para a tão reclamada reintrodução do Lince no nosso território.
Serra da Malcata, uma serra com cinco zonas de transição
>> Entre os concelhos de Sabugal e Penamacor
>> Entre Beira Baixa (distrito de Castelo Branco) e Beira alta (distrito da Guarda)
>> Entre Portugal e Espanha
>> Entre leitos dos Rio Côa e do Bazágueda
>> Entre a bacia hidrográfica do Tejo e do Douro
Cinco Peixes de rio
Truta | Carpa | Boga | Barbo | Bordalo
Cinco nomes pelos quais é conhecido o Lince
Lobo-cerval | Liberne | Gato-cerval | Gato-cravo | Gato-real
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Bem-hajam pela vossa curiosidade e leitura! Um melhor 2021!
Prá semana temos mais!
Até lá! Cuidem-se e cuidemos dos nossos!
Meu abraço dos cinco costados!
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«Território dos Cinco Elementos», opinião de António Martins
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2014.)
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