Às terças-feiras é tempo da poesia de Georgina Ferro. Este poema é dedicado ao Dia Mundial da Poesia que se celebrou no passado domingo, 21 de Março. A poetisa raiana junta a sua sensibilidade artística ao amor e às memórias pelas gentes e terras raianas…

JÁ LÁ VEM A CAPEIA!… JÁ LÁ VEM A CAPEIA!
Grita o arauto esbraseado
Lá do alto da garbosa montada
Também ela muito afogueada
Da louca correria em que veio
Já lá vem a capeia… já lá vem a capeia
Grita o velho de arrocho em riste
Dando a sua mais larga passada
Pois que, já não é assaz apressada
Para a euforia em que persiste
Já lá vem a capeia… já lá vem a capeia
Diz a mulher discreta, mãe de filhos,
Que assomou ao cimo do balcão
Com os seus pequenitos pela mão
Para os livrar de alguns sarilhos
Já lá vem a capeia… já lá vem a capeia
Grita a mocidade destemida
Entre a audácia e o temor
Dando agudos gritos de horror
Dando velocidade à fugida
Já lá vem a capeia… já lá vem a capeia
Grita a canalhita assustada
Correndo de um canto para outro
Não achando coito nem num nem noutro
Numa exaltação amedrontada
Já lá vem a capeia… já lá vem a capeia
Gritamos todos a uma só voz
Quando a capeia passa por nós
Pelas ruas estreitas da aldeia.
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«Gentes e lugares do meu antanho», poesia de Georgina Ferro
(Poetisa no Capeia Arraiana desde Novembro de 2020)
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