Desde pequenos, vemos a Serra da Estrela. É um cenário que já não nos diz nada, porque adormecemos em cima dessas imagens. Mas realmente nunca devíamos esquecer esses cenários… Tal como não devíamos esquecer nunca o que os emigrantes sofreram antes de ganharem milhares de francos…
Casteleiro – à vista da Estrela
«Da minha terra vemos a Serra da Estrela – … E isso faz toda a diferença, como vai ver. Um dia escrevi que «a minha terra é muito bonita. Ou, como escreveu um autor: «Dando vistas à Serra de Estrela». Ver-se ou não a Serra da Estrela pode parecer secundário. Isso só parece assim para quem não cresceu a ver a Serra. Nós nascemos e vivemos com a Estrela em pano de fundo. Os Montes Hermínios, percebem? O berço da nossa identidade enquanto Povo, no Portugal inteiro. Nós todos, os portugueses, nascemos «ali» como entidade interligada, como comunidade. O nosso «ethos» contém muito dessa mescla de origens que deram o homem lusitano, o lutador, o combatente, o agricultor e o pastor… No Casteleiro, somos isso tudo – e a Serra a ver-nos todos os dias.».
Leia mais sobre mais estórias e modos de dizer do nosso Povo… (Aqui.)
Os primeiros anos dos emigrantes foram muito duros
Foram a salto. Atravessaram quilómetros de serras, a fugir às polícias. Chegaram à França, o El Dorado da altura.
«Vários membros da minha família se lançaram na aventura da emigração. Os primeiros anos foram de uma dureza incrível. Não que eles se queixassem. Não. Parece-me hoje e já o descobri tarde, quando eles começaram a contar umas coisas soltas e o meu cérebro ia ligando as coisas, parece-me hoje, dizia, que eles nem se davam conta da dureza e da humilhação. Aprendi isso com a malta mais nova, fugida da tropa, seja do Casteleiro, seja de outras terras: soube quanto os franceses desprezavam os seus escravos idos da terra pobre de Portugal. Pensavam eles assim, os incultos, totalmente contra a corrente histórica da terra da Revolução Francesa, feita contra a humilhação e pela Igualdade, etc.».
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Até para a semana, à mesma hora, no mesmo local!
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«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Janeiro de 2011)
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