:: :: GR22 – SBG – ALFAIATES-REBOLOSA (troço de etapa) :: :: Continuando pelos trilhos do nosso território, esta semana partilhamos mais algumas imagens de um curtíssimo troço da Grande Rota das Aldeias Históricas (GR22), que percorremos entre a povoação de Alfaiates até à entrada da Rebolosa, soube a pouco, muito pouco, porque havia muito caminho para percorrer e para desfrutar. Assim houvesse tempo. Mas sentimo-nos muito bem com a curta e prazerosa caminhada.
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GRANDE ROTA ALDEIAS HISTÓRICAS: GR22
Troço de Etapa: ALFAIATES – REBOLOSA
Importa destacar que o percurso da Grande Rota (GR22) das Aldeias Históricas é detentor do selo «Leading Quality Trials – Best Of Europe». Atribuído pelo European Ramblers Associations, uma certificação que destaca os melhores destinos de caminhada da Europa. Uma bela distinção para o nosso território.
As imagens ficam muito aquém do tanto e belo património histórico, e com certeza também natural, que existe nas imediações de Alfaiates. Mas nem sempre a vida corre a nosso favor e não nos foi possível nos últimos tempos, desde que encetámos na partilha e escrita destas croniquetas sob o tema: «Território dos Cinco Elementos», voltar ao território as vezes que tanto queríamos ou podíamos, para continuar a explorar e desfrutar do que é nossa pertença e faz parte da nossa identidade concelhia.
Mas estávamos em dívida, desde a crónica anterior, para com esta povoação e socorremo-nos do material que tínhamos na nossa posse para abordar e partilhar alguns dos (re)cantos de Alfaiates.

Desde logo gostaríamos de referir que esta Grande Rota das Aldeias Históricas, tem sido alvo de múltiplas intervenções e melhorias significativas que lhe têm trazido, em nossa opinião e avaliação, muita dignidade, assim como a sua divulgação e marketing nos merece uma menção de relevo para com o trabalho desenvolvido. Estamos curiosos para percorrer os vários troços/etapas existentes no concelho e desafiamos os nossos conterrâneos que apreciem caminhar a explorar também esta rota e todo o seu potencial.
Ainda que Alfaiates não faça parte do programa e roteiro das Aldeias Históricas, não deixa de ser uma aldeia pejada de imenso e valioso património histórico, o qual precisamos de reconhecer mais e valorizar melhor. Desde logo o grande momento de glória, ocorrido em 1327, em que a Infanta D. Maria de Portugal que ali se casou com El Rei D. Afonso XI de Castela, casamento aquele, que nos proporcionou décadas de paz com nuestros hermanos.
Houve tempos de paz e tréguas entre os dois reinos, mas por ali também se travaram duras e imponentes batalhas para garantir a defesa de Portugal durante as guerras da Restauração e perante as invasões francesas. Quantas e quantas investidas terão sofrido aquele castelo, as quais ficaram bem visíveis na sua estrutura, dado o estado ruinoso em que aquele ficou desde aqueles imemoriáveis tempos, que nunca mais permitiu ser reerguido.
Segundo narra a história, Alfaiates seria uma povoação toda muralhada e a origem do nome actual pode bem estar associada à existência daquela muralha/muro, pois a etimologia do nome explica que o nome pode ter derivado do topónimo árabe Al Haet, que designa muro, parede, cerca.
Uma outra curiosidade que descobrimos, é que o nome anteriormente atribuído a Alfaiates, provavelmente quando pertencia ao Reino de Leão, seria Castillo de La Luna ou Castelo da Lua, pois era este o nome mencionado aquando da atribuição do primeiro foral a esta localidade pelo Rei Afonso X. Provavelmente atribuído ao facto de a povoação se situar num promontório, a que se associou a proximidade do castelo à lua. Associação esta, produto da nossa fantasia e imaginação, mas que nos parece muito apelativa para a divulgação e publicitação do lugar.
Em tempos os seus habitantes socorreram-se da muralha para construir as suas habitações e actualmente são muito poucos ou raros os vestígios que atestem aquela existência. Todavia foi com muito agrado que percorremos as ruas da povoação e sentimos imensa satisfação e surpresa ao verificar uma enorme quantidade de casas que foram sendo recuperadas e trazem lentamente a pedra de volta à actualidade, estimulando e valorizando a arquitectura tradicional da povoação, como se as «renovadas e modernas muralhas» voltassem a ser recuperadas, devolvidas e de novo expostas à Lua que lhe deu o seu primeiro nome. Gostámos de ver!
Assim como gostámos de saber que estão em marcha obras profundas de recuperação do altaneiro castelo da lua, que com certeza irá tornar a povoação um local de visita obrigatória para quem vem até ao nosso território. Ter a oportunidade de trepar em segurança à torre de menagem para dali desfrutar, tocar a lua, ou dali assistir ao pôr do sol, com vista sobre o todo território a poente, vai ser um ponto muito alto, no seu duplo sentido do termo, com merecida valorização para a aldeia e para o concelho.
A juntar a estas boas noticias de recuperações em curso, das ruas, seu casario e do castelo, salientamos ainda a oportunidade para apreciar a igreja/capela da Misericórdia, dedicada a São Sebastião, de estilo românico/gótico onde terá casado a Infanta. Atente-se nos detalhes da sua arquitetura como é o caso da rosácea na sua entrada principal, bem como o caso dos berrões/cachorrões em pedra (figuras zoomórficas) nos contornos do seu beiral e outras floretas de relevo existentes nas pedras laterais das portas. Nas proximidades o histórico pelourinho do séc. XVI, exclusivo pelo seu fuste cilíndrico e com um pedestal de seis anéis (degraus).
Percorremos a história e casario e depois «lavrámos» pelo campo em direção à Rebolosa, na sempre incessante busca de um contato com a natureza, e na obtenção de maior reequilíbrio das forças e obter boas energias para suportar as urbanidades da vida. Uma caminhada curta, mas muito aprazível. A Ribeira entre Alfaiates e Rebolosa, corria forte e dava o seu deslumbramento musical ao espaço e seu compasso na caminhada.
Voltámos dali revigorados com mais esta preciosa incursão pelo nosso maravilhoso território.
Se estiver com tempo não perca a oportunidade de ir fazer as suas orações no Santuário de Nossa Senhora da Sacaparte, que segundo algumas lendas é local de culto desde a época visigótica, onde passa o Caminho de Santiago e onde se pode ver o antigo hospital dos peregrinos. O vasto património ali existente também merece bem a passagem e visita. Vai dar o seu esforço e tempo por bem empregue. Desde as ruínas do convento (fiquem atentos à curiosa e surpreendente chaminé existente), o original cruzeiro, a fonte/chafariz, os alpendres de feira e procure o que resta de uma anta nas suas imediações.
É obrigatório visitar o seu património cultural, histórico e religioso (a maior parte classificado), o Castelo, a Igreja Matriz, a Igreja da Misericórdia, o Pelourinho, a antiga Casa da Câmara e cadeia.
Nós não conseguimos, com muita pena, mas desafiamos-vos a tentar descobrir a ponte Cipriano, existente nas imediações de Alfaiates. Uma ponte medieval, que tem sido erradamente atribuída como sendo romana. Que esta, ao que parece, terá existido mas deve ter seguido o rumo das pedras da muralha.
Existem em Alfaiates alguns Alojamentos Locais, que abriram recentemente para quem pretenda pernoitar na povoação. E para um bom repasto, o antigo e sempre actual serviço do «Restaurante Pelicano», que também dispõe de quartos com serviço de pequeno almoço. Ou o «Restaurante Guida», bem no centro da povoação.
O «Muralhas Bar», que abre no verão tem atraído muita gente ao local, mas existem outros dois bares na povoação que são um bom atractivo para a diversão noturna.
Se porventura chegar à Rebolosa, não perca a oportunidade de se abastecer com enchidos tradicionais na «Salsicharia Rebolosa» ou desfrutar de uma refeição no «Restaurante Arraiano».
Terminamos o caminho desta semana com Henry Thoreau, pois tal como ele, também nós cremos «na existência de um magnetismo subtil na natureza, se ao qual cedermos inconscientemente nos levará ao caminho acertado».
Embora lá! Tentar não custa! Há caminhos inconscientes pelos quais vale a pena deixarmo-nos magnetizar!
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Voltamos a elencar os axiomas pentagonais do nosso teorema, referentes aos trilhos que iremos partilhar e percorrer nas próximas crónicas!
Cinco percursos Pedestres Pequena Rota em Riba Côa
– PR1 SBG – Meandros do Côa (Sabugal)… (Aqui.)
– PR2 SBG – Vale do Cesarão (Vilar Maior)… (Aqui.)
– PR3 SBG – Nascente do Côa (Fóios)… (Aqui.)
– PR4 SBG – Vilares (Soito/Alfaiates)… (Aqui.)
– Trilho do Manego – Quadrazais (percurso traçado mas não demarcado). Vídeo… (Aqui.)
Cinco Percursos Pedestres Pequena Rota no Baixo Côa
– PR5 SBG – Penha do Lobo – Penalobo… (Aqui.)
– PR6 SBG – Rota dos Casteleiros – Sortelha/Casteleiro… (Aqui.)
– PR7 SBG – Caminho Histórico de Sortelha… (Aqui.)
– PR8 SBG – Termas Do Cró… (Aqui.)
– PR9 SBG – Moira Encantada – Baraçal (ainda por anunciar no site oficial dos PR SBG)… (Aqui.)
Cinco Grande Rotas Temáticas que atravessam o concelho
– GR22 – Grande Rota das Aldeias Históricas… (Aqui.)
– Grande Rota do Vale do Côa… (Aqui.)
– Rota dos Castelos (17 castelos)… (Aqui.)
– Rota do Património – rota circular de 100 quilómetros com os principais pontos de interesse (visitáveis) do ponto de vista arquitetónico e arqueológico, do município do Sabugal referida na CETS, mas não encontrámos mais informação sobre o percurso… (Aqui.)
– Rota Portuguesa do Caminho de Salomão… (Aqui.)… que se prevê ser convertida numa Rota Turístico-Literária… (Aqui.)
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Bem-hajam pela vossa curiosidade e leitura!
Prá semana temos mais!
Até lá! Cuidem-se e cuidemos dos nossos!
Meu abraço dos 5inco costados!
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«Território dos Cinco Elementos», crónica de António Martins
(Cronista no Capeia Arraiana desde Setembro de 2014.)
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