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07 Março 2021

A gripe espanhola

Por Joaquim Tenreira Martins
Joaquim Tenreira Martins
Bélgica, Opinião, Pedaços de Fronteira, Saúde, Vale de Espinho gripe espanhola, joaquim tenreira martins Deixar Comentário

No mês de maio de 1918 chegava a Portugal a Gripe Espanhola, a Pneumónica, a Spanish Lady, como também é nomeada. Contrariamente à sua designação, o vírus desta gripe não veio de Espanha, mas, supostamente, dos Estados Unidos, onde foi detetada, em março de 1918, nas bases militares do Estado do Kansas, atingindo, quase exclusivamente, a população jovem.

Ambulâncias de transporte de doentes durante a gripe espanhola (foto: Library of Congress)
Ambulâncias de transporte de doentes durante a gripe espanhola (foto: Library of Congress)

A epidemia alastrou-se à Europa com a chegada das tropas americanas a França, em abril de 1918. Em seguida deslocou-se para a Inglaterra e depois a toda a Europa e ao mundo inteiro, através dos meios de comunicação, comboios e, sobretudo, barcos.

Como a guerra impunha uma censura dos médias, a fim de não desmoralizar as tropas que tinham sido enviadas para a Europa e de não transmitir uma imagem de fraqueza ao adversário, foi, por isso, proibido abordar este tema. Como a Espanha não estava em guerra, não tinha combatentes e a imprensa era livre, os jornais espanhóis foram os primeiros a assinalarem os mortos desta pandemia.

A gripe espanhola matou em Portugal mais de 100 mil pessoas. Alguns meses depois de os pastorinhos de Fátima terem assistido à aparição de Nossa Senhora, a pneumónica levou-os, assim como a muitos outros jovens, entre os quais o grande artista Amadeo Sousa-Cardoso e o pianista António Fragoso.

As zonas fronteiriças foram as mais atingidas. Alguns ainda se lembram de ouvirem falar aos antigos do «cordão», ou do «cordão sanitário», que era assegurado pelos guardas-fiscais que vigiavam a fronteira, impedindo as viagens de intercâmbio fronteiriço.

Esta gripe, já presente em Espanha, teria chegado a Portugal através dos trabalhadores sazonais alentejanos regressados de Badajoz. Os primeiros casos registaram-se em Vila Viçosa, alastrando pelo Alentejo e depois por todo o país.

No Norte, a pandemia teria chegado através dos soldados que regressavam às suas terras de origem, provenientes da Flandres, onde tinham combatido na primeira guerra mundial. Também as feiras, romarias e vindimas deslocaram populações que facilitaram o contacto e a transmissão do vírus.

Ao princípio, as autoridades não deram muita importância ao alarmismo das populações do Alentejo e do Norte do país, considerando tratar-se de um surto de gripe normal. Porém, a partir de outubro, Lisboa vivia um cenário dantesco. Chegavam a morrer 400 pessoas por semana. Faziam-se 250 funerais por dia. Segundo Fernando Rosas, os corpos enrolavam-se em lençóis e depositavam-se à entrada das casas para serem levados pelas carretas.

Algumas testemunhas contam que na Baixa de Lisboa viam-se passar carretas puxadas por cavalos, cheias de corpos. As igrejas faziam funerais a toda a hora e os sinos estavam sempre a tocar, a anunciar outras mortes. Toda a gente se encontrava em pânico, temendo ser contagiada.

As famílias mais abastadas de Lisboa levavam os filhos doentes para fora da cidade, para apanharem melhores ares e tentarem resistir à doença. Naquela altura, demorava-se muito tempo do Chiado até Benfica onde os ares eram mais saudáveis e havia muito menos contactos sociais.

Repouso, dieta ligeira, aspirina, supressão de apertos de mão ou ósculos eram sugeridos como medidas de precaução, mas pouco eficazes. Com a sobrelotação dos hospitais, alguns liceus foram transformados em enfermarias para acolher os doentes.

Com a morte, a fome e a miséria sucederam-se também acontecimentos políticos graves, com tentativas revolucionárias, morte de presos políticos, greves gerais que culminaram, em dezembro, com o assassinato de Sidónio Pais.

Enfermaria ao ar livre com doentes da gripe espanhola (foto. history.com)
Enfermaria ao ar livre com doentes da gripe espanhola (foto: history.com)

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«Pedaços de Fronteira», opinião de Joaquim Tenreira Martins

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