No fim de semana de 12 de Fevereiro, realizou-se «online» a 10.ª Edição do «Criar Raízes», uma das actividades da Fraternidade Nuno Alvares que mais gostei de participar. No meu caso participei em 2015, 2016 e 2017, onde ficará registada na minha memória a beleza da Serra do Alvão, a importância do voluntariado, neste caso em prol do ambiente, e de um convívio que tem o traço comum de termos sido na juventude escuteiros onde o campo nos despertava aquela liberdade que nunca nos deixou.

As «raízes» de facto tem um significado muito abrangente nesta actividade e, na minha modesta opinião, é um exemplo para quem gosta de aprender, trabalhar e de desfrutar de muito bom ambiente.
Foi lá, por exemplo, que aprendi o que eram espécies autoctones, invasoras e exóticas, que as mimosas que tinha me davam cabo da terra e que haviam inúmeras espécies que invadiam o território como as famosas, ou nem tanto, «hakea sericia», um verdadeiro tormento dada a dificudade em as eliminar e que com o fogo, as suas bagas ajudam a disseminar as sementes por uma vasta área do território, através do vento, provando uma resiliência de sobrevivência como um ser inteligente. Por isso, apenas a mão humana e a boa vontade, é que consegue combater esta verdadeira praga.
Este grupo de voluntários escuteiros, com a matriz base no Núcleo da Cidade de Vila Real, que lançou a ideia, conseguiu de facto marcar umas centenas de escuteiros, de todo o país, e já em fase adulta, a despertar algumas consciências de que, o que aprendemos em jovens, como proteger as plantas e os animais, faz todo o sentido.
Posso mesmo afirmar que nestes 60 anos de vida, nunca tive actividades ambientais com uma matriz tão completa, desde a formação, organização, logística, fraternidade e adversidade. O frio húmido era uma dos grandes obstáculos a vencer, nunca esquecendo a beleza ambiental quando nevava.
E contra mim falo, porque participei na organzação de algumas, mas reconheço que não se conseguiu transpor esta mística.
Obviamente que estes eventos têm mentores, fraternos e não só, que não me cabe nomea-los, mas marcar uma década é, só por si, parabenizá-los e dar-lhes um abraço fraterno para continuar este trilho, pelo bem que deram ao ambiente, mas também ao contributo de quem participou. São memórias que ficarão para o futuro.
Mesmo ainda estando no activo, como adulto, continuo a não encontrar actividades com esta mística. De facto, o «Criar Raízes» tem uma especificidade que só mesmo quem participou é que a sente. Acho mesmo que não se consegue «copiar» noutro contexto.
Tenho esperança de poder voltar a participar no terreno, mesmo como membro da Associação de Escuteiros de Angola, e quem sabe, a internacionalizar algo que, pessoalmente, me marcou como a tantos outros irmãos escutas.
Uma canhota fraterna,
Aldeia do Canzololo, 20 de Fevereiro de 2021
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«No trilho das minhas memórias», crónica de António José Alçada
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