Há tempos surgiu a notícia na maioria dos órgãos de comunicação social. Através da Organização Mundial dos Escuteiros e da Associação Mundial das Guias, foi realizada a candidatura para Prémio Nobel da Paz do Movimento Escutista fundado por Baden Powell, em Inglaterra.

Em Portugal, o CNE (Corpo Nacional de Escutas) está nas vésperas de comemorar os festejos do seu centenário, é representado em mais de mil agrupamentos, sendo a maior organização juvenil, com a contínua adesão de milhares de jovens espalhados por todo o território nacional.

A nível mundial está representado em mais de duzentos países, com mais de cinquenta milhões de elementos efetivos.

Nos últimos dez anos as iniciativas dos Mensageiros da Paz, dos Escuteiros, concretizaram-se em mais de dezassete milhões de projetos de ações locais, regionais e mundiais.

A candidatura do Escutismo Mundial para Prémio Nobel da Paz – 2021 – alicerça-se nas muitas milhares de associações escutistas no mundo. Foram muitos milhões de cidadãos que por ali passaram e viveram os ideais daquele Movimento. Ali se aprendeu uma educação para a são convivência entre todos, com os ideais da paz defendidos e praticados. A fraternidade não foi uma palavra vã, teórica, mas uma prática concreta, dia-a-dia, a pensar sempre na paz.

Nada melhor do que ouvir as opiniões daqueles que percorreram e percorrem estes caminhos e vivem intensamente o movimento escutista…

Francisco Alves Monteiro, Dirigente da Junta Regional de Setúbal, autor do livro «História do Escutismo na Região de Setúbal»:
«A candidatura do Movimento Mundial do Escutismo expressa o reconhecimento de um trabalho realizado por milhões de escuteiros e guias, e de muitos voluntários espalhados por todo o mundo, que ao longo de gerações têm ajudado crianças e jovens a conviverem uns com os outros, e a construir um mundo mais justo, mais fraterno e mais feliz.»

Padre Hélder Lopes, Assistente do Agrupamento 120 do Fundão:
«Será improvável, porque é um prémio muito politizado. Por essa razão nenhum Papa recebeu este prémio, enquanto o Presidente dos EUA já o recebeu. Se acontecesse seria uma honra e muitíssimo merecido.»

António Bento Duarte, Chefe Regional Emérito da Região da Guarda, Colar Nuno Álvares, tem no prelo o livro «O Escutismo na Junta Regional da Guarda»:
«Várias personalidades, tanto a nível individual, como coletivo, já foram homenageados com esta distinção, destacando-se, em 2020, o Programa Alimentar da ONU.

O Escutismo está caracterizado por ser um Movimento Mundial de Juventude, por isso desenvolve vários objetivos fundamentais, destacando-se “o desenvolvimento de valores para a vida, de competências e de capacidades, estando associado a um código ético comportamental.”
Assim podemos afirmar que o Escutismo Mundial é um movimento que na sua ação quotidiana congrega o sarar dos corpos e das almas dos jovens e adultos em atividade ao ar livre e dos valores espirituais, sociais e humanos.

Por outro lado, o Escutismo prepara os jovens para serem cidadãos ativos na construção de uma sociedade melhor. Isto está escrito na nossa declaração de Missão e da cidadania que para nós tem duas dimensões, social e política, esta não no sentido partidário, mas no sentido de intervenção.

Outro dos objetivos é o de apoiar pessoas nas suas necessidades… uma das caraterísticas mais importantes do Movimento Escutista e da organização que lhe dá suporte: o conseguir adaptar-se aos valores ambientais, pois existe um enorme respeito pelas convicções e pelas diferenças culturais do outro.

Por tudo o que mencionei e pela grandiosidade do Movimento Escutista, penso que o Escutismo já merece ser homenageado com o Prémio Nobel da Paz.»

Ana Rita Gonçalves Martins, Presidente do Núcleo do Fundão da Fraternidade Nuno Álvares:
«O facto de o Movimento Escutista Mundial ter sido nomeado para o prémio Nobel da Paz é sinal de um grande reconhecimento do trabalho que todos os seus voluntários fazem em prol das nossas crianças, jovens e adolescentes. Porque somos todos os grandes construtores do futuro, e com os ensinamentos que passamos, através das nossas leis e princípios, estamos a semear para depois colhermos uma sociedade mais justa e correcta. Lembrando sempre uma das leis do escuta: “O Escuta é amigo e irmão de todos os outros escutas.”

O Escutismo é esta organização, à qual fui exposta ainda criança e que me fez crescer enquanto mulher e cidadã do mundo, a que muito orgulho tenho de pertencer. Sempre baseei a minha vida e a educação das minhas filhas nos princípios e lemas que adquiri durante os meus anos de formação e que continuo a aprender.

Sendo o Escutismo a nível mundial uma Associação de Jovens, que se guia pelos lemas “Alerta para servir, ajudar o próximo, fazer bem, deixar o mundo um pouco melhor que o encontramos”, tenho a certeza de que se todos a nível mundial cumprirmos os compromissos a que nos propusemos no dia em que prometemos pela nossa honra, no dia da nossa Promessa, não tenho dúvidas de que este Planeta, a que chamamos Casa Comum, tornar-se-á um lugar melhor. Deste modo, foi com grande orgulho e algum espanto que descobri que esta Associação possui as qualificações para ser proposta a Prémio Nobel da Paz – 2021, pois os critérios de seleção pedem pessoas/associações que fizeram o melhor trabalho pela fraternidade entre as nações, pela realização e promoção de congressos de Paz.”

Nuno Alexandre Paulo Duarte Rocha, Dirigente do CNE – Agrupamento 1335 de Aldeia de Joanes:
«A nomeação do Escutismo para Prémio Nobel da Paz é, na minha opinião, motivo de júbilo e de muita alegria. O Movimento, fundado em 1907 por Baden Powell, é o movimento juvenil mais velho do mundo, e que passou por dois grandes conflitos mundiais. Teve papel bastante importante quer no pré quer no pós guerra.

Muitos escuteiros auxiliaram os sobreviventes das grandes guerras no estabelecimento da paz mundial e no reerguer de várias nações. Atualmente o Movimento Escutista está envolvido no combate à pobreza, na preservação do ambiente, na concentração nos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), em vários países em conflito. Está também no apoio às vítimas e até empenhado nas negociações de paz. Esta nomeação, na minha modesta opinião, peca por tardia, pois o Movimento já é centenário, e sempre com o objetivo de contribuir para a Paz Mundial.”

Carlos Alberto Pereira, ex-Chefe Nacional do CNE:
«Em linhas gerais o processo é o seguinte:

– O Prémio Nobel da Paz é atribuído por um Júri/Comité nomeado pelo Parlamento Norueguês;
– A abertura das candidaturas;
– Os parlamentares noruegueses podem nomear candidatos;
– Um staff do Júri/Comité faz a investigação necessária e elabora os respetivos relatórios;
– O Júri/Comité escolhe uma lista final, muito reduzida;
– O Júri/Comité aprova o laureado;
– É feito anúncio;
– É entregue o prémio.

Este percurso parece simples, mas a verdade é que há muito lobby e circunstâncias dos tempos e dos ciclos políticos universais…
Veremos se é desta…»

Diácono Francisco da Cruz Lambelho, Assistente Fundador do Agrupamento n.º 1335 de Aldeia de Joanes:
«O Movimento Escutista, agora nomeado para Prémio Nobel da Paz 2021, é uma nobre Escola de Aprendizagem de valores humanos e espirituais, como a meta última dos seus membros serem pessoas felizes, assertivas e resilientes, adquirindo assim um “modus operandi”, a fim de “deixar este mundo um pouco melhor de que o encontraste”, como preconizava o seu Fundador, Robert Stephenson Smyth Baden-Powell.

Cordiais felicitações aos milhões de crianças, jovens e adultos de todo o mundo, que ao longo de 114 anos (1907-2021) permitiram fazer da experiência do ENCONTRO consigo próprio, com os outros e com Deus, um profundo exercício de valores humanos alicerçados na Doutrina Social da Igreja Católica, para a construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais solidária.”

Maria dos Anjos Geada, Chefe da 1.ª Companhia das Guias do Fundão:
«Quando li que as Associações Escutistas e Guidistas tinham sido propostas para o Prémio Nobel da Paz, enchi-me de orgulho, por pertencer a uma Associação que de facto é um elemento dinamizador de Paz!

Nunca tinha pensado nisso, pelo menos nestes termos. Mas o Movimento Guidista assim como o Escutista promove o relacionamento entre raparigas, onde o respeito pelo outro, e o ensino de partilha, são pilares fundamentais no funcionamento da Patrulha!

A Paz aprende-se na Tolerância, no saber agir, no ser responsável, no ser audaz e no ser protector. A Paz ajuda a justiça, a intervenção a favor dos que não o sabem fazer, a não descriminar…

Sem dúvida que o Guidismo promove a Paz, a Igualdade, a Fraternidade e a Tolerância, no campo e na vida!

O nosso trabalho ao longo de gerações o demonstra! Isto é promover a Paz, sem dúvida!»

:: ::
«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Dezembro de 2012.)
:: ::