«Nem qualquer povo consegue o estatuto de diáspora. Para isso, o povo português necessita de mais cultores da língua que nos definam e que nos façam ressoar mar e montanhas, sentimentos e sonoridades.» (Albino Lopes). Oriundo de uma zona em que a maior parte da sua população se encontra na diáspora, gostaria de, modestamente, à minha maneira e deste modo, contribuir para a concretização desta temática.

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A diáspora é o meu país
A diáspora é o meu país,
Aqui me encontro com sabor a sal.
Sabor amargo, artificial.
Difícil digerir, não sou feliz.
Vivo noutra nação porque não quis
Alistar-me na guerra colonial.
Abandonei para sempre Portugal.
Com muitas lágrimas aqui me fiz!
Conheço o mundo de outra maneira.
Sou um cosmopolita inveterado,
Serei sempre o Joaquim José Tenreira!
Liberdade foi a melhor bandeira
Que me levou a um país amado
Onde não sento o peso da fronteira.
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Sou errante nas ruas de Paris
Sou errante nas ruas de Paris,
Marcho numa cidade desconhecida.
De Portugal, a vida foi-me banida.
O exílio é agora o meu país.
Ouço linguarejar, pouco me diz.
França, segunda pátria escolhida.
Organizarei aqui minha vida.
Percebi que as pessoas são gentis.
Procurarei trabalho onde houver.
Recusarei ajuda de ninguém.
Amassarei pão, limpando o meu rosto.
Entregue a mim próprio, meu mister.
Tenho fé que não ficarei aquém
Dos que andaram em semelhante posto!
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«Pedaços de Fronteira», opinião de Joaquim Tenreira Martins
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