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10 Janeiro 2021

Meu caro ano 2021

Por Joaquim Tenreira Martins
Joaquim Tenreira Martins
Bélgica, Pedaços de Fronteira, Vale de Espinho joaquim tenreira martins Deixar Comentário

Como sabes, meu caro Ano Novo, este que acaba de findar, o vinte-vinte, que até soa tão bem, foi um annus horribilis, para empregar a expressão da rainha da Inglaterra, Isabel II, ao designar 1992, como um desgraçado ano de sucessivas desditas na família real.

Que voltem em 2021 as reuniões de família
Que voltem em 2021 as reuniões de família

Como poderás calcular, estamos todos cansados e desejosos de ver uma luzinha ao fundo do túnel. Estamos todos com o moral em baixo. O confinamento tem dado cado de nós.

No «vinte-vinte», não pudemos visitar os amigos. Mal pudemos visitar os nossos filhos e sobretudo os nossos netos. Os que se encontram em casas de repouso sofreram um autêntico calvário. Estão como que prisioneiros e só podem ver os entes queridos à distância, mandando-lhes um beijo volante ou um aceno longínquo. Infelizmente, alguns concluíram que assim não valia a pena viver.

São muitas as imagens que não nos saem da nossa mente! As centenas de sepulturas abertas em cemitérios da Amazónia, o amontoado de caixões na cidade Bérgamo, corpos quase nus nos cuidados intensivos a lutar desesperadamente, médicos e enfermeiros exaustos, mas com grande dedicação e profissionalismo a quem nunca chegaremos a agradecer o cuidado e o amor para salvar as vidas que lhes foram confiadas. Nas poucas vezes que saímos às ruas, estamos sempre desfigurados com máscaras, quase irreconhecíveis. Já me aconteceu ter passado por uma das minhas filhas e só a ter reconhecido pelo odor do seu habitual perfume.

Meu caro ano 2021, não vale a pena estar a descrever-te as mazelas do trágico ano 2020 que ficarão gravadas nas nossas memórias, e que tu conheces bem. Não te vamos pedir milagres para este ano. A nossa ambição não é grande. Já é um milagre termos a perpectiva de podermos dispor da vacina. Esperamos que ela seja eficaz e duradoura e que outros vírus tanto ou mais maléficos, não venham estragar a convivência entre os humanos.

Meu caro ano 2021, não gostaria de te apresentar uma enumeração exaustiva dos meus e nossos desejos para o ano em curso, mas já seria bom se nos desses a possibilidade de podermos tomar uma refeição com amigos que já não vimos há algum tempo; e o meu desejo não é ir ao um restaurante chique, galardoado com alguma estrela do Michelin, não. Já me contentaria com uma simples pizaria, onde cada um pudesse escolher, por exemplo, uma piza margarita, ou uma com presunto de Parma, outra com chouriço picante, ou simples tomate mozarela. Gostaria de convidar a família ou os amigos para minha casa, recebê-los sem máscara, sem qualquer pretensão em servir-lhes um lauto almoço ou jantar, a eternizar-se em conversas sem fim pela tarde ou a noite adiante. Não. Bastava que os pudesse receber na minha casa de campo, onde o ar da serra é mais resistente à Covid e que pudesse assar a carne no grelhador fora de casa, após ter servido aos convidados um prato de chips estaladiças e um branquinho bem fresquinho da Vidigueira ou um verdinho de Melgaço. E nem seria necessário servir a sobremesa, porque, já se sabe que o açúcar não é bom para os diabetes. Um pequeno café no fim e um adeus final rápido, sem beijos nem abraços.

Meu caro ano 2021, acho que o que te peço não é demasiado. Mas se continuarmos nesta distância contínua e persistente, quando estivermos à beira do próximo ano 2022, se lá chegarmos, já não conheceremos os nossos amigos e familiares.

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«Pedaços de Fronteira», opinião de Joaquim Tenreira Martins

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