:: :: ANTÓNIO JOSÉ ALÇADA :: :: No primeiro episódio o António Emídio «apresentou-nos» a família do Luís do Sabugal quando este se preparava para ingressar no Outeiro de São Miguel. Seguiram-se o Fernando Capelo, o José Carlos Mendes e o Ramiro Matos. Esta semana o Alçada «conhece» o Luís. (capítulo 1, episódio 5.)

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HISTÓRIAS DA MEMÓRIA RAIANA
Capítulo 1 – Episódio 5
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O AROMA DO FINAL DA TARDE NA REBOLOSA
No Verão um dos locais que mais gosto de estar para apreciar o aroma do fim da tarde e a linha do horizonte é na Rebolosa.
Logo a seguir à «fuga» dos emigrantes, na sua maioria para terras de França, adoro parar na estrada, puxar de um bloco e descrever um pouco o que me vai na alma.
Nesse dia até tinha um compromisso em Alfaiates, mas o fim de tarde estava encantador. Estaciono o carro e danço no meio da estrada. A brisa com tendência outonal já dava um arzinho, mas sentia-me um «rei». Olhos fechados como um sortudo em que finalmente a terminação da lotaria foi um pouco mais longe.
Mas nem sempre a paz anda por ali. «Acordo» com uma buzinadela que me trás de volta às terras de Ribacôa…
– Óh homem! Tem de ter mais cuidado»!
Na realidade até andava a escrever. A famosa Batalha do Sabugal que «correu» de vez com os franceses (e espanhóis) na última das Invasões. E até andaram por ali, em lugares como Alfaiates, onde um dos exércitos inimigos esteve aquartelado, como que a fazer as malas de regresso.
«E agora somos nós que os invadimos» –, a lembrar mesmo uma viatura de matrícula francesa que deveria ir de regresso de final de férias.
O sorriso e a simpatia da gente da Raia é única. Acaba por sair do carro e vem ter comigo. O tema parecia interessar-lhe. Não é assunto que se fale muito no Sabugal, ao contrário da vizinha Almeida, que no fim de Agosto até tem festa no castelo.
O meu novo amigo tinha curiosidade. Afinal não é todos os dias que se vê gente interessada em escritores nas estradas raianas.
Contei-lhe sumariamente o meu projecto. Muitos de nós já não se lembram das bisavós que gritavam de «terror» quando se falava de franceses. Sem dó nem piedade, arrasavam tudo por onde passavam. Felizmente na Batalha do Sabugal, foram recambiados para a Cidade de Rodrigo e, de seguida, para o destino final… Paris. Graças a Deus!
– E já tem um editor para publicar o livro?
– Por acaso não. Desta vez até pretendia fazer uma edição de autor. Infelizmente ninguém lê e os meus leitores maioritariamente são amigos. Por isso nem preciso de distribuir em livrarias.
– Não conhece o Outeiro de São Miguel?
– Claro que sim! Até conheci lá um sacerdote de Vale Formoso! – O «Outeiro» não é só colégio, não. Tem lá uma gráfica que é uma categoria.
O desconhecido deu-me o contacto do Justino Cairrão, que veio a ser o meu«editor» privado de tantos livros.
Quem diria que um encontro de estrada, na Raia do Leste lusitano, já mais que esquecida, dá nisto.
O sorriso raiano não se fez esperar…
– Luís, um amigo às suas ordens!
– António José Alçada, um beirão que muito lhe agradece!
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E assim foi o encontro «par hasard» do Luís com o António José Alçada. Para a semana temos novidades lá das terras do contrabando pelo quadrazenho Franklim Costa Braga.
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«Histórias da Memória Raiana», (episódio 5), por António José Alçada
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Os episódios das «Histórias da Memória Raiana» são escritos semanalmente por um autor diferente. Participaram até agora: António Emídio, Fernando Capelo, José Carlos Mendes, Ramiro Matos e António José Alçada.
Apesar de fazer referência a nomes e lugares verdadeiros da região raiana dos territórios do Sabugal esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com nomes de pessoas, factos ou situações terá sido mera coincidência.
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