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Página Principal  /  Angola • Covilhã • No trilho das minhas memórias  /  O último Governador
08 Janeiro 2021

O último Governador

Por António José Alçada
António José Alçada
Angola, Covilhã, No trilho das minhas memórias antónio josé alçada, calandula 1 Comentário

Numa visita que fiz às quedas de Calandula, perto de Malanje, a pousada, agora fechada por causa da pandemia, tinha uma lápide exposta no seu interior com um excerto de uma frase do Governador Geral, Santos e Castro, que apenas diz o segunte: «…Pensemos ainda que também irão julgar-nos os que vierem depois.»

Quedas de Calundula em Angola - capeiaarraiana.pt
Quedas de Calandula no rio Lucala, na província de Malange, em Angola

Estas palavras, segundo a lápide, datam de 3 de Novembro de 1972, e o curioso é que esta placa é original.

Para além de achar interessante as actuais autoridades não a terem removido, analisando bem o contexto da época, não deixa de ser um sinal interessante.

Pelo que pude apurar este Senhor foi o último representante portugês ligado ao Estado Novo, tendo sido substiuído pelo Governador Interino Franco Pinheiro, que deu íncio à transição para a libertação plena de Angola.

Tenho-me questionado vezes sem conta os motivos que terão levado a deixar gravadas para memória futura algo que não foi dito por acaso.

O local, um verdadeiro paraíso, foi de facto divulgado e supostamente preservado pela administração portuguesa, tendo até sido baptizado por «quedas do Duque Bragança», que de facto até caíu, em 5 de Outubro de 1910.

Mas voltando à frase do ex-Governador. Será que em 1972, ele pensava, acreditava, na autonomia do povo de Angola? Teria evidêncas que não conseguia convencer Lisboa como a situação política derrapava, pricipalmente por pressões externas?

Infelizmente o português escreve pouco. E quem escreve memórias, são uma minoria, o que nem sempre é bom, dado saber-se apenas um lado da história.

Desconheço se este ex-Governador deixou algo escrito. Mas temo que não. Tendo falecido no início de 80, numa época em que falar no passado, em Portugal, não era tolerado, as feridas estavam muito abertas, seria um «suícido» falar na transição em Angola, a decorrer uma guerra civil.

Tendo lido vezes sem conta estas palavras, acho, muito pessoalmente, um desabafo. Um desabafo que abre as portas a quem vem, seja quem for, estará aberto ao julgamento da sua obra, ou neste caso de estar a divulgar o patrimóno natural de Angola, reconhecedo que «alguém virá a seguir».

Parece que se sujeita a um veredito, desse «alguém» que até pode ser estrangeiro.

Não é uma frase que caraceriza um homem, ou mulher. Não pretendo enaltecer ou criticar as funções que este político desempenhou em Angola, no princípio da queda do regime que trouxe liberdade a muita gente.

Mas acho que todos e todas concordamos. A frase foi pensada para o futuro. E se calhar até ecoou nas autoridades angolanas.

A placa só não a vê quem não quer.

Calandula, 16 de Dezembro de 2020

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«No trilho das minhas memórias», crónica de António José Alçada

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1 Comentário

  1. Avatar Jose Geraldes Responder a Jose
    Domingo, 10 Janeiro, 2021 às 13:47

    Dizes e escreves bem, que somos poucos a escrever memórias ou outros temas. Assim se vão esquecendo regras de fácil comunicação
    Creio que não é preciso saber escrever bem, mas apenas escrevermos. Acho que vou seguir o teu conselho e começar a escrever mais. És um bom exemplo de bom senso na procura da verdade e interligação de povos. Tamos juntos meu kamba. Abraço. José Geraldes.

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