• O Primeiro
  • A Cidade e as Terras
  • Contraponto
  • Cronistas
  • Documentários
  • Ficção
  • História
  • Personalidade Ano
  • Ficha Técnica

Menu
  • O Primeiro
  • A Cidade e as Terras
  • Contraponto
  • Cronistas
  • Documentários
  • Ficção
  • História
  • Personalidade Ano
  • Ficha Técnica
Página Principal  /  Lembrando o que é nosso • Quadrazais • Tradições  /  A Janeira
08 Janeiro 2021

A Janeira

Por Franklim Costa Braga
Franklim Costa Braga
Lembrando o que é nosso, Quadrazais, Tradições franklim costa braga Deixar Comentário

Tirar a Janeira começava logo no Dia de Ano Novo e continuava pelos Domingos de Janeiro. À noite, sob o luar de Janeiro, saíam os rapazes solteiros a visitar as casas acompanhados da concertina e levando um cesto para as dádivas, perguntando à porta: Quer que cante ou que reze?

Cantando a Janeira na Guarda
Cantando a Janeira na Guarda

Evitavam as casas enlutadas e, assim, evitavam as rezas. Cantavam quadras adequadas, como:

Levante-se daí, senhora,
Desse banco de cortiça.
Venha-nos dar a janeira,
Ou morcela ou chóriça.

Refrão
Viva a estrelinha do Oriente,
Dai-lhes luz e salvação,
Que os senhores desta casa
São de boa geração.

E seguiam para outra e outra casa. Se já tinham feito matança, os moradores davam-lhes uma chóriça. Se não, davam-lhes dinheiro. Tudo serviria para a borga na taberna, regada com abundante vinho. Tão abundante que, não raro, a borga acabava em zaragata.

Os miúdos também usavam tirar a janeira à tardinha. Costumavam receber uns cinco tostões em cada casa. O suficiente para comprarem umas guloseimas e uns pirolitos.

Era, pois, mais um costume ancestral, com o seu cunho de amizade, que merece a minha atenção em dedicar-lhe umas estrofes.

A Janeira

Soa já a concertina,
Já a rapaziada vem
Cantando suas cantigas
Que as gentes recebem bem.
Frum, frum, frum, é a rotina.

Podemos cantar, senhores,
Ou preferem que rezemos
Por alma de quem lá têm?
Será melhor que cantemos,
Que tristezas logo vêm.

Os donos abrem a porta
Para ver quem os visita.
Se lhes agrada, que cantem,
Se irritados por maldita,
Tudo é simples letra morta.

Uma chóriça na mão
Trazem para of’recer.
Alguns só morcela dão
Pois que a chóriça, até ver,
Foi guardada pr’ó patrão.

Entra, chóriça, no cesto,
Junta-te às outras aí.
Espera que venham mais
Ainda juntar-se a ti.
Veremos qual é o resto.

Ó senhores desta casa,
Levantem-se já depressa.
Venham-nos dar a janeira
Que este frio não tem meça.
A nós é a vez primeira.

Aqueles estão de luto,
Que lhes morreu pai ou mãe.
Não lhes batamos à porta,
Basta a tristeza que têm,
Que suportam com grã custo.

P’ró ano voltaremos
P’ra sorte lhes desejar.
Uma chóriça esperemos
Que os senhores possam dar.
Um Bom Ano é o que queremos.

Já são horas, ó rapazes,
Com bom vinho e sem riscos,
Vamos lá para a taberna
Provar estes bons petiscos.
Que todos façam as pazes.

Nota: Em Quadrazais usam a palavra janeira no singular, ao contrário doutras terras onde é usada no plural. Também dizem chóriça (chouriça) no feminino, quando noutras terras dizem chouriço no masculino

:: ::
«Lembrando o que é nosso»,
por Franklim Costa Braga

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Franklim Costa Braga
Franklim Costa Braga

Origens: Quadrazais :: :: Crónicas: «Lembrando o que é Nosso» :: :: «Viagens de um Globetrotter desde os anos 60» :: :: :: :: «Novela na Raia» :: ::

 Artigo Anterior Covid-19 no distrito da Guarda (07.01.2021)
Artigo Seguinte   O último Governador

Artigos relacionados

  • Nevoeiro, chuva, neve, granizo, geada, gelo e códão

    Sexta-feira, 22 Janeiro, 2021
  • A matança

    Sexta-feira, 15 Janeiro, 2021
  • Viagens de um globetrotter desde os anos 60 (63)

    Sexta-feira, 1 Janeiro, 2021

Leave a Reply Cancel reply

RSS

  • RSS - Posts
  • RSS - Comments
© Copyright 2020. Powered to capeiaarraiana.pt by BloomPixel.
loading Cancel
Post was not sent - check your email addresses!
Email check failed, please try again
Sorry, your blog cannot share posts by email.