Uma aldeia entre serras, uma aldeia entra a Beira Baixa e a Beira Alta recebe a luz eléctrica há 64 anos em festa. Trago aqui hoje recordações desses dias e também das cenas de guerra de Lamego, antes de Cabinda… Acompanhe-me, que vai gostar…

Casteleiro: Beira Baixa/Beira Alta
«Quando se é pequeno, sabe-se vagamente que há mais mundo para lá do Terreiro das Bruxas ou de Santo Estêvão, para um lado, indo talvez até ao Vale de Lobo (hoje, Vale da Senhora da Póvoa); e para lá de Santo Amaro, da Catraia ou de Caria, para o outro lado, quando muito até à Covilhã… Claro que os olhos bem viam sempre, lá no alto, para um dos lados da aldeia, com os seus perto de 1000 metros, o Cabeço de São Cornelho. Este nome é seguramente uma corruptela popular para São Cornélio, o orago de uma pequena elevação próxima, em Sortelha – e escusam alguns intelectuais apressados de vir pôr em causa esta ligação ao santo. O povo chama-lhe mesmo o que escrevi: cabeço do santo, São Cornélio. Acho mesmo que ali há uma capela dedicada a São Cornélio, não? – isso é que não afirmo sem fonte segura… Para o lado contrário, duas outras elevações: uma, a Serra da Opa, para nós sempre a Serra d’Opa, com cerca de 860 metros, aproximadamente; a outra, o Cabeço Pelado, com uns 600 metros, julgo. Há quem garanta que é ali, na Serra da Opa, que se define a fronteira natural entre a Beira Baixa – à qual então o Casteleiro pertence – e a Beira Alta. A Beira Baixa começa ali. Aliás, quando era miúdo aprendi a escrever isso nas cartas: Beira Baixa / Casteleiro».
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A inauguração da electricidade na aldeia
Foi em 1956. «Tenho dentro de mim uma memória vaga desses dias agitados na terra. Porque eram lá recebidas as autoridades oficiais todas… Hoje fui reler umas coisas que escrevi há uns anos e relembrei-me dessa cerimónia já meio difusa na minha lembrança, mas ainda viva. E lembrei-me na altura de uma cantiga desses dias – portanto já de há mais de 50 anos, cantada numa festa rija com banda, foguetes e tudo, claro, na nossa terra. Nunca poderemos esquecer, os que vivemos esses dias e em especial os que têm estas memórias ainda vivas. Repito: foi na altura da inauguração da luz eléctrica no Casteleiro, em 1956. Um grupo de raparigas ensaiado, se não estou em erro, pela D. Felícia cantou nessa festa uma cantiga com letra amorosa sobre o Casteleiro e com música de uma canção popular na altura. As cantoras iam todas vestidas com blusa branca e saia preta rodada, se bem me lembro. Eu tinha oito anos. Foi há «bué» de tempo…».
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A minha tropa foi entre 1971 e 1974
Tal como venho prometendo, vou percorrer e lembrar para si os anos mais complicados da vida de um ser humano: foram 39 meses, quase, dos quais 26 em cenário de guerra. Nesta narrativo que lhe trago, estou ainda em Lamego, mas todo o cenário e esforço físico infernal é já de guerra pura e dura…
As 24 horas de Lamego
No dia em que tinha terminado a Dureza 11, chegados ao destacamento deu para tomar um magnifico banho e posteriormente saciar o apetite com um jantar com todos. Quando esperávamos poder sair e avançar para um merecido repouso, (…) (…) tudo em marcha rápida para lençóis… que quase não chegam a aquecer porque, menos de uma hora decorrida, o sono é interrompido ao som das granadas. E já todos na parada, fomos informados de que se vai ter lugar uma nova prova: as vinte e quatro horas de Lamego (…)».
Pode ler mais. Garanto-lhe que é impressionante, mesmo… (Aqui.)
Subterrâneos e escadarias
«Nesta narrativa e na crónica de hoje, ainda estou em Lamego, cidade que fiquei a conhecer rua a rua, bairro a bairro, café a café – apesar de serem muitos os tempos livres para comer e beber e tomar café com os companheiros de aventuras…Fiquei a conhecer a cidade e os subterrâneos também… já que algumas operações mais enlameadas metiam riachos, águas correntes e até esgotos… Assim como fiquei a conhecer a célebre escadaria do Santuário, pois alguns treinos incluíam contar os degraus um a um… rebolando por eles abaixo».
Tanto treino, tanto, tanto, que até hoje ainda nem acredito como se aguentava aquilo tudo de seguida, sem parar. Sabia como era… (Aqui.)
Até para a semana, à mesma hora, no mesmo local!
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«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
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