• O Primeiro
  • A Cidade e as Terras
  • Contraponto
  • Cronistas
  • Documentários
  • Ficção
  • História
  • Personalidade Ano
  • Ficha Técnica

Menu
  • O Primeiro
  • A Cidade e as Terras
  • Contraponto
  • Cronistas
  • Documentários
  • Ficção
  • História
  • Personalidade Ano
  • Ficha Técnica
Página Principal  /  Lembrando o que é nosso • Quadrazais  /  Os amoladores-capadores
04 Dezembro 2020

Os amoladores-capadores

Por Franklim Costa Braga
Franklim Costa Braga
Lembrando o que é nosso, Quadrazais franklim costa braga Deixar Comentário

Os amoladores-capadores percorriam as ruas puxando uma carreta e tocando um apito especial do tipo flauta chilena com um som típico seguido dum pregão: «Quem quer amolar facas ou tesouras?»

Amolador - capeiaarraiana.pt
Amolador

Também reparavam guarda-chuvas ou paraguas, como se diz em castelhano, razão por que lhes chamavam paragueiros. Este nome ficou como alcunha a uma família de Quadrazais.

Não creio que tenha sido por terem exercido essa actividade. Como extra, também ofereciam os serviços de capar marranos, serviços aceites por quem criava o seu porco de pia e queria que a carne do seu varrão tivesse melhor sabor. A canalha, para quem tudo servia de pretexto para as suas brincadeiras, tentava imitar essas gaitas com as que fazia de varinhas de castanheiro ou sabugueiro.

Os amoladores eram galegos que ainda hoje encontramos em Lisboa e, provavelmente, noutras cidades.

Eram mais um elemento na paisagem de Quadrazais e, certamente, de outras aldeias, que apareciam regularmente por lá. Como tal, ficaram-me na memória de infância aqueles toques da flauta, que se me avivam quando, à minha porta, em Lisboa, ainda os ouço esporadicamente. Aqui já não capam marranos.

Em Lisboa e, provavelmente, noutras cidades os galegos, a par dessa actividade, eram aguadeiros, depois carvoeiros e taberneiros, passando a proprietários de pequenos restaurantes, adaptando-se aos tempos.

Por fazerem parte da mística da minha infância, merecem que lhes dedique uns versos.

:: :: :: :: ::

OS AMOLADORES-CAPADORES

Assobios se ouviam
Do Fundo até à Praça.
Eram os amoladores
De tesouras ou de facas
De todos os que pediam.

A roda faziam andar
Com uma pedalada.
Faúlhas faziam saltar
Ao fazer facas tocar
No esmeril da rodada.

Pano de guarda-chuva
Cortavam para testar
O bom trabalho de luva
Nas facas e tesouras
E seu fim anunciar.

Também seu guarda-chuva
O paragueiro compunha,
Com o bater do martelinho
Na cabeça do preguinho.
Pronto! Já pode ir pr’à chuva.

Ouvi um porco grunhir
Como quem o quer matar.
Desta vez não é matança,
Prestes o vão capar.
Calma! Agora podes rir.

Meninos imitar vão
Os assobios que dás.
Para toques produzir
Como os que deixaste atrás,
Flautas fazer tentarão.

Aqui em Quadrazais
Já fizeste teu trabalho.
Facas e tesouras já cortam,
Guarda-chuvas dão agasalho,
Porcos soltaram seus ais.

Vai procurar outras terras,
Amigo, eterno ambulante.
Agradecidos ficarão
Por trabalho semelhante
E tu ganharás teu pão.

José Martins – Amolador

:: ::
«Lembrando o que é nosso»,
por Franklim Costa Braga

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Franklim Costa Braga
Franklim Costa Braga

Origens: Quadrazais :: :: Crónicas: «Lembrando o que é Nosso» :: :: «Viagens de um Globetrotter desde os anos 60» :: :: :: :: «Novela na Raia» :: ::

 Artigo Anterior GNR da Guarda comemora 12 anos
Artigo Seguinte   Canto Lusitano

Artigos relacionados

  • Nevoeiro, chuva, neve, granizo, geada, gelo e códão

    Sexta-feira, 22 Janeiro, 2021
  • A matança

    Sexta-feira, 15 Janeiro, 2021
  • A Janeira

    Sexta-feira, 8 Janeiro, 2021

Leave a Reply Cancel reply

RSS

  • RSS - Posts
  • RSS - Comments
© Copyright 2020. Powered to capeiaarraiana.pt by BloomPixel.
loading Cancel
Post was not sent - check your email addresses!
Email check failed, please try again
Sorry, your blog cannot share posts by email.