A Comissão Europeia chegou a acordo com a empresa americana Moderna para assegurar 80 milhões de doses de vacinas anti-Covid-19. O acordo permite, contudo, à Comissão Europeia aumentar a compra de vacinas, para um total de 160 milhões de doses. A iniciativa faz parte do objetivo da Comissão Europeia em garantir o acesso a mais uma vacina eficaz contra a Covid-19 para a Europa. Segundo declarações da empresa Moderna, a administração desta vacina poderá começar a ser feita já no primeiro trimestre de 2021, caso seja aprovada pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA). Este é o sexto acordo feito pela União Europeia com uma empresa farmacêutica no sentido de assegurar uma carteira diversificada de vacinas contra a Covid-19.

Entretanto, a Presidente da Comisssão Europeia Ursula von der Leyen afirmou hoje, no Parlamento Europeu, ter a esperança de que as primeiras vacinas contra o coronavírus comecem a ser administradas antes do fim de Dezembro próximo. E aproveitou a ocasião para insistir no alerta por si lançado no passado dia 15 de Outubro, sobre os esforços, logísticos e outros, que os Estados-membros devem desenvolver desde já, para garantirem uma vacinação correta das respetivas populações, logo que o processo europeu de distribuição das vacinas se concretize.
Efetivamente, declarou Ursula von der Leyen, não basta ter acesso às vacinas: «As vacinas são importantes, mas o que conta é a vacinação.» Por issso, a presidente da Comissão Europeia volta a insistir para que os Estados-membros elaborem sem perda de tempo planos nacionais de vacinação anti-Covid-19, estabelecendo a estratégia a seguir e os procedimentos logísticos adequados para a administração atempada das centenas de milhões de doses que em breve vão chegar a todos os países da União Europeia.
Trata-se de um processo complexo que passa designadamente pela definição dos grupos-alvo prioritários, pela instalação e manutenção de uma adequada cadeia de frio, pela organização de locais de armazenamento das vacinas, pela distribuição de milhões de seringas, e, last but not the least, pela criação e funcionamento de centros de vacinação e pelo envolvimento de pessoal médico e auxiliar qualificado para o efeito.
Ora, está bem de ver, que um plano desta natureza não se improvisa. Tem que ser preparado a tempo e horas.
Entretanto, há na Europa alguns países que já passaram à ação.
As autoridades da Alemanha, por exemplo, já definiram os locais, que incluem designadamente aeroportos e recintos desportivos, onde a vacinação irá ser administrada a milhares de pessoas por dia, e já deram instruções às forças armadas para participarem nas tarefas necessárias à boa execução do plano de vacinação em causa. Por outro lado, as farmacêuticas já se mostraram disponíveis para instalar centenas de postos de vacinação em todo o país. A este propósito, não resisto a transcrever uma frase do ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, ao definir o que devem ser as prioridades do seu país na preparação de uma vacinação tão vital como esta contra a Covid-19 : «Prefiro ter centros de imunização prontos,que fiquem inativos durante vários dias, do que ter vacinas autorizadas que não possam ser administradas.»
A mesma atitude foi adotada pela vizinha Espanha. O presidente do Governo, Pedro Sanchez já anunciou os cinco eixos de atuação em que assenta o plano de vacinação espanhol, nos quais se destaca a instalação de 13 mil pontos de vacinação e a elaboração de uma estratégia nacional única desenvolvida por um grupo multidisciplinar de peritos. E avançou também que o país está a criar as condições logísticas necessárias para assegurar a temperatura adequada à conservação das diferentes vacinas que irão ser entregues à Espanha pela União Europeia.
E, em Portugal, o que fez o Governo, até agora, para responder ao apelo acima referido feito pela Comissão Europeia há mais de um mês?
Acaba de nomear uma Comissão para estudar o problema. Agora, resta esperar que este estudo seja elaborado e divulgado com a urgência que o caso exige e que as medidas que propõe sejam suficientemente assertivas para responder, de forma competente, ao enorme desafio que está em causa.
A União Europeia já fez a sua parte, ao contratar as vacinas, ao anunciar a sua distribuição equitativa pelos Estados-membros e ao alertar, em tempo útil, os governos para a necessidade de prepararem as respetivas estratégias nacionais da vacinação.
Agora, como se diz na gíria do mundo do futebol, a bola está no campo do Governo e das autoridades sanitárias que dele dependem.
O tempo urge. E, porque está em causa a saúde e, em muitos casos, a vida de milhares de portugueses, não há margem possível de erro.
Bruxelas, 25 de Novembro
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«Portugal e o Futuro», opinião de Aurélio Crespo
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