Aqui na Lunda Norte, finalmente vai ser inaugurado um Laboratório para análises ao SARS-Cov2, capacitado para testes moleculares, com o PCR-RT e os serológicos (ou testes rápidos). O investimento foi consideravel, dado o esforço financeiro, em que a generalidade das sociedades africanas, têm sofrido com esta pandemia. No entanto, ao circular por estas ruas, ou estradas, não posso ficar indeferente a outros flagelos. Na realidade, nos dias de hoje, ser político é mesmo um tormento.

No contexto actual promover-se um laboratório devidamente equipado para análises ao Covid-19, bem como outros vírus que sejam detectados por estes equipamentos, é uma atitude muito louvável, e acredito, trará alguma descanso aos mais temerosos. O facto do actual Governador da Lunda Norte ser um médico, com diversas pós-graduações em saúde pública, foi sem dúvida um factor que terá pressionado para se avançar com este empreendimento.
O esquema de protecção sanitária implementado aos cidadãos que cheguem a esta província, obriga a uma quarentena domiciliária, controlada pelo Direcção Provincial de Saúde. Eu próprio passei por essa experiência e resultou sem qualquer dificuldade. Existem postos entre os municípios que verificam, no mínimo, o uso obrigatório de máscara, mesmo dentro da viatura. E a vida continua, com normalidade, tendo alguns mercados sido transferidos para locais mais espaçosos e arejados.
Até nesse aspecto a questão económica foi atendida, pese embora os efeitos da pandemia, em termos do «ganha-pão», alastrem mais por este mundo que a própria doença. Mas não há Bela sem senão!
Sendo eu um estudioso da erosão hídrica, sinto muita preocupação à «pandemia» de ravinas que proliferam por África, principalmente nas regiões subtropicais. E tal como na saúde, não há «vacina», porque a erosão que surge tem dois factores incontornáveis: as alterações climáticas que promovem o fenómeno extremo e a mão humana.
Os engenheiros e geólogos, neste caso os «médicos» habilitados para combater esta pandemia, só têm o «paracetamol» que são medidas de contenção caríssimas e que não garantem eficácia da cura, ou remedeio, porque as «mutações» são de facto um problema. A água, principalmente da chuva, surge quando menos esperamos e com as torrentes que arrastam a vegetação que outrora era suficiente para garantir a «saúde» da terra.
As torrentes surgem nas zonas altas do território, começando a «ravinar» onde o solo permite, facilitando o escoamento torrencial e a «contaminação» de outras zonas com ravinas cada vez maiores. E tal como a febre, aparecendo uma pequena ravina, passado uns meses, com a chuva constante surge um vale, e se esse vale tem actividade humana, as pessoas ficam seriamente ameaçadas da sua actividade, ou das suas casas, ou acessos ou até da integridade física.
O que fará então um decisor político geólogo ou um decisor político médico?
Com a pressão mediática a decisão seria sempre a mesma. Combater a pandemia que assola o mundo. Mas esse tem sido o problema. A pressão mediática.
Obviamente que «não há fumo sem fogo». Só não sabemos ao certo se esta pandemia vai do Alasca à África do Sul, e continua viagem até à Sibéria.
Também não sei o que dizem os epidemologistas e virulogistas. Mas será que, na verdade, este SARS-Cov2 sobrevive nos pólos e no deserto?
No caso que eu sei, as ravinas e a erosão em geral, são igualmente fenómenos preocupantes. E em Portugal temos a erosão costeira que, tal como outros fenómenos naturais, é combatida paliativamente. Eu sou daqueles que acredita que o nível médio do mar está a subir. Basta ver o que se vai passando na Costa da Caparica, o dinheiro que tem sido gasto e as preocupações dos donos dos inúmeros restaurantes.
Por isso, vai ser preciso pressão mediática para as autoridades intervirem. Se as televisões não aparecerem no próximo flagelo, bem podem chorar os comerciantes.
E aqui concluo o artigo. Sem pressão mediática, nada se passa!
Mas com pressão mediática há decisões, de facto!
Dundo Velho, 21 de Novembro de 2020
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«No trilho das minhas memórias», crónica de António José Alçada
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