Os jornais têm noticiado adesões aos incentivos para ir viver e trabalhar para o Interior.

Esta é uma decisão que, parecendo boa, contem em si mesma algumas questões que importa analisar.
1. O Interior passou de repente a ser o melhor local para trabalhar e viver em Portugal, ou estas vindas são apenas temporárias e logo que o vírus passe, ou o período necessário a fazer esquecer os subsídios recebidos, aí voltam para o seu «litoral» abandonando o retiro forçado a que se sujeitaram?
2. De que Interior estamos a falar? Das cidades e vilas bem servidas de acessibilidades, físicas (rodoviárias e ferroviárias) ou eletrónicas?
É que se é isso que está a acontecer, então vai acentuar-se a tendência de um Interior Beirão a duas velocidades: o eixo Guarda-Covilhã-Fundão-Castelo Branco e os restantes centros urbanos, no qual se inclui o Sabugal.
3. A outra questão fundamental é se concelhos como o do Sabugal têm condições para atrair novos residentes que emigrem do litoral.
E, infelizmente, tenho de dizer que não. E não falo de acessibilidades físicas, pois continuo a pensar que não é essencialmente a ausência de uma ligação franca às A23 e A25 que nos torna menos atraentes.
Falo de acessibilidades eletrónicas pois ainda hoje há zonas do Concelho sem acesso às redes móveis e do ponto de vista da ligação à internet as condições são, no geral, péssimas.
Mas falo também de um quase deserto cultural, pois não basta ter um património natural e arquitetónico rico.
Falo ainda das condições da habitação no Concelho com uma oferta claramente escassa e inadequada.
Se é verdade, o que eu desconfio, que se está a assistir a uma migração da grande cidade litoral para o interior, então é urgente que os responsáveis políticos criem as condições para que o nosso Concelho seja atrativo para quem quer vir para cá.
A não ser assim, perderemos mais uma vez o barco…
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007.)
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