A Ribeira da Nave é uma anexa da freguesia de Sortelha sendo constituída por diversas quintas. As evidências da desertificação multiplicam-se, mas ainda há quem resista às muitas contrariedades.

A Ribeira da Nave é uma anexa da freguesia de Sortelha, constituída por diversas quintas, cada qual com o seu nome.
A ribeira dá o nome ao conjunto de quintas. A quinta da Ribeira da Nave é apenas uma. É nesta que se localiza a capela de São Francisco. Esta foi inaugurada em Maio de 1965.
«Nessa época as pessoas falavam muito dos espíritos», contou-me Irene de Jesus Almeida, justificando a decisão de sua mãe, Mariana de Matos, casada com José de Almeida, de ter realizado um peditório para a sua construção. Há 25 anos foi acrescentada a parte mais pequena.
Nas proximidades existe um moinho desativado, segundo as informações recolhidas existem mais dois em idêntica situação. Em meados do século XVIII havia por aqui diversos moinhos.
Quando percorri esses lugares, em finais de Agosto, a ribeira estava seca. As pessoas mais velhas dizem que antigamente chovia muito e que raramente secava. Porém, a História diz-nos que não era assim. O padre João dos Santos, nas Memórias Paroquiais de 1758, escreveu «que só corre no Inverno e no Verão seca»… (Aqui.)
Seria interessante a criação de um percurso pedonal ao longo da ribeira que possibilitasse um melhor conhecimento.

A Capela de São Francisco na quinta da Ribeira da Nave mandada erigir por Mariana Matos e inaugurada em Maio de 1965. Além do altar do orago, tem ainda as imagens de Santa Felicidade, Nossa Senhora de Fátima e agora também de São José.

A antiga escola primária, situada na quinta da Malhadinha, local central relativamente às restantes, encontra-se hoje em ruínas! Péssimo exemplo nos dão os arautos do combate à desertificação do território!

Em pleno século XXI a maioria dos habitantes são servidos com estradas de terra batida em pouco bom estado de conservação. Se existe igualdade de direitos e deveres então esta gente merece mais respeito! A Junta de Freguesia de Sortelha e Câmara Municipal de Sabugal preferem entendimentos católicos com São Cornélio e Santa Bárbara! Estes que levem os sapatos sujos de pó e lama para casa!

Apesar das circunstâncias referidas, existem alguns sinais de revitalização económica. Passei por uma manada de gado bovino e são visíveis alguns investimentos em explorações agrícolas. Existem, também, alguns «palacetes novos»!
Segundo as informações que recolhi, (ainda) vivem por aqui cerca de vinte pessoas.
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«Memórias de Sortelha», opinião de António Gonçalves
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Janeiro de 2019)
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