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Página Principal  /  Covilhã • No trilho das minhas memórias  /  O valor do dinheiro
09 Outubro 2020

O valor do dinheiro

Por António José Alçada
António José Alçada
Covilhã, No trilho das minhas memórias antónio josé alçada 1 Comentário

Muito nos queixamos na velha Europa. Tenho andado por países em que um euro são milhares. Em que centenas são cêntimos. E o mais surpreendente é que nem por isso falta o essencial. Até há máscaras e desinfectante. Não é álcool, mas sim sabão azul!

A dura realidade em Luachimo
A dura realidade em Luachimo

Ao principio assustava-me um compra custar 10.000, ou 50.000. No entanto, em euros não corresponde um valor significativo.

As condições de vida estão a degradar-se de dia para dia. E em países dependentes, e sem cobertura do BCE, as pessoas sentem mesmo a perda do valor do dinheiro.

Quando pagava 500, ou 1000, ficava todo arrepiado. Mas de facto, em alguns países obviamente, são precisos milhares para chegar a um euro. Estranho este valor do dinheiro.

Comecei a procurar ajudar quem mais necessitava. Um rapazito faz todos os dias cerca de 20 quilómetros a pé para lavar e limpar o espaço exterior da minha casa. O que me pediu por mês pouco passa dos 4 euros.

A Igreja também necessita de ajuda. Um donativo de 40 euros resolve problemas para um ano.

Mandei fazer camisas. O custo unitário global, tecido mais trabalho, pouco mais de 10 euros, com oferta de uma máscara no mesmo tecido. E feita à medida, ao nosso gosto.

Surgem no entanto outros problemas. Quando ajudamos alguém rapidamente a notícia se espalha e depois surge mais um pedido, e outro e por aí fora.

Já trabalhei com uma equipa de jovens que ganhavam cerca de um euro por dia. O telefone não parava de tocar. Os encontros na rua a pedir por tudo por esta oportunidade. E estamos a falar de jovens finalistas e recem-licenciados, muitos deles com muito boa preparação académica.

Encaro tudo isto como uma lição de vida. Efectivamente parece não haver justiça social. Mas é precisamente este aspecto que mais me marca. A vida do chamado «dia-a-dia» não leva a estas pessoas a preocuparem-se com o futuro. E esta filosofia, baseada na verdadeira sobrevivência, é algo a aprender para quem julga que usufrui de uma sociedade evoluída, o tal Estado Social, que são «favas contadas».

Não creio que o futuro nos reserve ainda mais regalias e direitos. Quem entende de economia sabe que os países devem viver de acordo com o seu crescimento económico.

Estando muito isolado, hoje, não sei o que se passa para além do Luachimo. É um exercício para quando um dia regressar dar valor ao que tenho.  Mesmo que valha menos.

De facto, tudo é relativo.

Luachimo, 8 de Outubro de 2020

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«No trilho das minhas memórias», crónica de António José Alçada

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1 Comentário

  1. Avatar Etelvina Neto Responder
    Sexta-feira, 9 Outubro, 2020 às 22:04

    Belo texto que retrata o que é viver o dia a dia em África

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