Decorreu na última sexta feira de Setembro, findo o intervalo de férias, mais uma sessão do Clube de Leitura da Biblioteca Eugénio de Andrade do Fundão, onde intervieram vinte leitores.
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«Quem ama os livros gostaria de ser infinitamente um livro.»
Manuel da Silva Ramos
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Numa sala onde estão expostos trinta, das oitenta ilustrações do fundanense João Vaz de Carvalho, que este autor criou para cinco diferentes livros de poesia de escritores portugueses. João Vaz de Carvalho tem visto o seu talento e originalidades várias vezes premiado em Portugal e no estrangeiro.
O cenário da sala dignificou esta sessão de leitura, onde foram partilhadas as leituras, que cada um concretizou em férias, no quarto aniversário da fundação deste Clube.
Entre os diversos escritores lidos em férias pelos componentes do Clube de Leitores do Fundão, salientam-se, Javier Marias, José Tolentino Mendonça, Asimov, Kent Follet, Elena Ferrante, Isabel Stilwell, Rui Zink, Gonçalo M. Tavares, Olga Tokarczuk, Cortázar, Teolinda Gersão, Soljenítsin, Isabel Allende, Mário de Carvalho, Pedro Vieira Luís Sepulveda, Ana Cristina Silva, Irene Pimentel, Ildefonso Falcones, Marcel Pagnol, Camus, Fernando Aramburu, Audur Ava Ólafsdóttir, Han Kang. Todos eles fizeram uma análise das obras lidas.
A encerrar a importante sessão de leitura, retirei este extrato do texto, «Ler em férias ao ar livre e ler em casa», da autoria de Manuel da Silva Ramos…
«Num artigo recente publicado num jornal argentino, Alberto Manguel, um dos melhores ensaístas e críticos literários do mundo, fala dos leitores que podem transformar o mundo. E diz ele, “enquanto não ocorrer esta educação dos leitores, não haverá número de vozes suficientes para transformar o que quer que seja. Se estes leitores aprenderem a descobrir, a interpretar e a traduzir, a situar os textos em diferentes circunstâncias, a transformá-las através de múltiplas camadas de leitura, se nós, leitores, nos treinarmos para fazer isto, seremos capazes de fazer escolhas. Para ir em busca da verdade, o leitor não precisa de comungar dos métodos do escritor, nem sequer dos métodos de outro leitor. Um texto permite mais liberdade do que habitualmente julgamos possível…”
Vem tudo isto a propósito do estado catastrófico a que chegou a literatura em todos os países nestes tempos de pandemia. Só os leitores poderão salvar a literatura, não abdicando do prazer da leitura e da sua fórmula mágica de transmitir conhecimentos. É por isso, que são importantes os Clubes de Leitura e as Comunidades de Leitores. São quase uma centena no nosso País. Na verdade, nestas tribos literárias, cria-se um espírito critico e uma maneira de ver o mundo. E é precisamente nessa linha que o leitor se torna útil à sociedade.
A leitura é fundamental no desenvolvimento de um ser humano e um país que não favorece a leitura é um país pobre», concluiu o mentor do Clube de Leitura.
Já a noite ia adiantada quando terminou esta memorável sessão de leitura tão diversificada de temas.
Dina Matos, a diretora da Biblioteca Eugénio de Andrade, salientou que este Clube de Leitura está aberto a todos os quiserem participar mensalmente. Referiu que por motivos sanitários que todos conhecem a que a todos preocupa, não foi possível concretizar o programa delineado para o corrente ano.
As próximas sessões de leitura decorreram a 22 de outubro, onde será debatida e analisada a obra «O Silêncio» de Teolinda Gersão e no dia 19 de novembro, «A Peste», obra de Camus.
Desejo a todos os meus leitores, boas e úteis leituras.
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2012)
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