Afinal existe um planeta B! Isto porque existe outra leitura sobre tudo o que está a acontecer no mundo! Naquele que reclamamos de Global.

(Parte 1 de 4.)
Podemos continuar a centrar-nos nas vítimas e nos números de contaminados, ou podemos começar a focar-nos nos que conseguiram curar-se e quantos continuam a salvo e imunes!
Podemos tentar perceber que os números de sujeitos positivos ao teste não correspondem aos números de sujeitos com diagnóstico efectivo e sintomático da doença COVID19. Ou podemos manter os números crescentes dos milhões de que foram e continuam a engrossar a lista dos infectados como se não houvesse recuperados e estes não tivessem de ser deduzidos para tirar peso ao números dos totais assustadores.
É a fórmula intersubjectiva como interpretamos a realidade, ou seja, é a forma como vemos a garrafa meio cheia ou meio vazia, que nos pode trazer mais e melhor esperança!
Cada um bebe da garrafa que melhor lhe aprouver! Mas quanta mais sede!!! Melhor será, ter a garrafa cheia! Assim creio!
No pensar de Anton Tchekhov, quando estamos com muita sede parece-nos que seriamos capazes de beber todo um oceano. Isto é a fé. Mas quando vamos beber, bebemos um copo ou dois. Isto é a ciência.
Eis a diferença entre a fé e a ciência, mas precisamos de ter fé e ciência para podermos focar-nos nas mudanças positivas e no que este mau vírus tem de bom!
São os benefícios do Corona! Da Bendita Covid-19!
Nem a perturbadora palavra que designa o que estamos a viver agora, Apocalipse, é tão assustadora quanto isso, pois na sua origem, ela vem do grego apokálypsis = e o sentido do termo é «Revelação»!
E é para esta «Revelação» que vai a minha reflexão! Num ainda continuado meu estado saudável, independentemente dos obrigatórios e impositivos Estados de Alerta, Calamidade, Contingência ou de Emergência, determinados pelos políticos que até se sobrepõem às recomendações das autoridades de saúde publica!
Estado saudável que é difícil de manter face aos agressivos estados declarados de terror e pânico que estão a ser induzidos. Mas será o nosso estado saudável que devemos, desejamos e precisamos manter na longa e demorada pandemia que nos espera e não o estado que o Estado nos quer impor de medo e controlo exacerbado.
O místico vírus também veio para nos reequilibrar e fazer repensar na importância e futilidade das coisas da vida humana. Pensar naquilo em que todos tínhamos como certo e essencial e em tudo aquilo que mais desejávamos, mas que passou de repente a ser acessório e fútil!
Uma mudança radical e rápida de valores e prioridades!
Não tínhamos tempo para estar com os filhos e família e de repente ficamos com todo o tempo e este tornou-se por vezes até demasiado difícil de gerir face à proximidade e intensidade, que nos deixou até sem espaço para contacto com nós próprios.
Desvalorizávamos o ensino e os professores pela sua inabilidade em manter os alunos focados e atentos numa sala de aula com trinta alunos e percebemos afinal o quão difícil é manter focados, atentos e colaborantes um ou dois filhos, numa hora que fosse do dia, nas aulas on-line.
Nas grandes cidades clamava-se e suplicava-se por mais e melhor investimento nos transportes públicos que circulavam sobrelotados e careciam de uma estratégia urgente para sua resolução, mas não havia meio de melhorar ou mudar o que quer que fosse. O corona num espaço de meses, qual milagre invertido da multiplicação, conseguiu dividir e reduzir significativamente o número de pessoas que circulam em simultâneo nos transportes.
O teletrabalho era impossível de se implementar e operacionalizar porque havia muita desconfiança sobre a dedicação e empenho das pessoas, que ficavam sem controlo e supervisão directa dos chefes ou patrões. O Corona arrumou isso num instante e permitiu constatar que quem é responsável tanto trabalha em casa como em qualquer lugar, e muitos destes até produziram muito mais assim, do que nas instalações dos locais de trabalho.
Havia queixa que começava a ser generalizada de que as cidades de Lisboa e Porto estavam a ficar saturadas de turistas e que se estava a perder qualidade de vida, pois estas cidades estavam em vias de se tornar os parques temáticos dos viajantes e turistas. Desalojaram-se pessoas dos bairros carismáticos para criar alojamentos locais e aqueles bairros estavam em risco de perder a sua essência e o imobiliário estava a atingir valores impossibilitantes de serem alcançados por qualquer português de médio rendimento. Mas o corona veio e trouxe uma aparente ordem e equilíbrio aos exageros e abusos que estavam a persistir sem limites.
Nunca o slogan «Vá para fora cá dentro!» foi tão assumido e aplicado, quase como lei, como foi este ano, em que não houve canto, recanto ou encanto do nosso país que não fosse divulgado, explorado ou visitado pelos portugueses.
Finalmente conseguimos valorizar mais e desfrutar melhor do que é nosso!
Até prá semana! Cuidem-se e cuidemos dos nossos!
(Continua.)
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«Território dos Cinco Elementos», crónica de António Martins
(Cronista no Capeia Arraiana desde Setembro de 2014.)
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Dou os meus sinceros parabéns ao autor do presente artigo de análise da presente situação que tanto nos preocupa. Espero as cenas dos próximos capítulos.