Estes são outros números reais e tão ou mais preocupantes, mas que não são difundidos, nem discutidos na praça pública, nem analisados pelos meios de comunicação social!

Quero encerrar este tema, mas as contradições na comunicação e estratégias são tão paradoxais que não me permitem deixar de tecer novos e sarcásticos reparos!
A manta é curta e parece estar a puxar-se toda para o lado que mais convém, de quem tem mais poder, ou de quem puxa por aquela com mais força, em busca e satisfação do seu conforto sem pensar no mal-estar do outro!
Voltando a pairar a ameaça de que tudo a seu momento se pode agravar e o descontrolo ser generalizado e a verdadeira pandemia instalar-se agora com outra força!
Por muito alarmantes e preocupantes que possam ser o número de casos que estão a aumentar diariamente! Há outra realidade dos números que ninguém quer ler, interpretar ou divulgar e que merecem a nossa atenção e preocupação porque são deveras tão ou mais preocupantes do que os números de mortes com COVID.
Pelo menos os números absolutos comparados com os números oficiais de anos anteriores assim o comprovam!

Ao analisarmos os dados oficiais do SICO (Sistema de Informação dos Certificados de Óbito) podemos constatar que, se ao número total de mortes (4687) extrairmos as mortes COVID (1867), verificamos que, até dia 13 de Setembro, morreram este ano de 2020, mais 2820 pessoas que no ano transacto.
Se fizermos a mesma comparação (excluindo as mortes covid), relativamente à média de mortes dos últimos 12 anos, verificamos que este ano faleceram mais 5255 pessoas. Para termos a dimensão trágica destes números, basta imaginar que no ano corrente morriam cerca de 50% das pessoas do concelho do Sabugal, metade dos nossos colapsava.
Mas se por um lado, aqueles números distribuídos pelo país não chocam e não têm dimensão, por outro lado, terão significado e dimensão diferentes, se apenas um deles, que seja, for um dos nossos mais próximos e que por negligência grosseira tenha ficado por ser devida e atempadamente acompanhado pelo serviço de saúde.
Mas a regra passou a ser: Parem todo o SNS!
Interrompam todas as consultas, exames e tratamentos de doentes agudos, crónicos, graves ou menos graves!
Estas mortes anunciadas e declaradas e registadas oficialmente, com números preocupantes e assustadores, mas que não são consequentes de doentes com COVID não importam nada!
Estas mortes decorrentes e consequentes do medo e/ou abandono das consultas de rotina que são interrompidas pelos utentes ou suspensas e adiadas pelo próprio SNS não mexem com a nossa compaixão ou preocupação, nem abrem telejornais!
Aquelas passaram a ser mortes de doença natural, expectáveis e aceitáveis e só a morte com e por COVID é que é contra-natura e inconcebível aceitar ou tolerar, só estas importam para as estatísticas apresentadas pelos meios de comunicação!
Mas todas elas são mortes! Porra!
Há gente muito angustiada com o adiamento ou retardar de consultas, exames ou tratamentos! Todos os que estão com a vida ameaçada sentem esse pânico real e já perderam o medo ao vírus porque há outros males que os ameaçam mesmo de morte!
Esta é uma realidade a que assisto impotentemente diariamente.
Gente que caso fosse devida e atempadamente seguida, muitas daquelas mortes não aconteciam!
Mas… Pára tudo e vamos lá mas é testar 21.000 por dia!
E vamos lá voltar a confi(n)ar nas políticas e mensagens com uma comunicação paradoxal.
Assim com mais números de positivos aumentamos o pânico e o medo e mantemos tudo sob controlo com as medidas que mais aprouverem os interesses políticos!
Ou está o mundo todo do avesso ou então está tudo avesso à sensibilidade de outras realidades e cheio de aversão à dor e sofrimento dos doentes graves, dos que partem sem Corona e dos familiares que ficam para enfrentar de novo o bicho, agora com outra indignação e revolta face à perda inesperada ou antecipada dos seus mais que tudo!
Já agora… Quanto custa um teste de rastreio da Covid?
Mas isso também não interessa para nada agora! Será???
Mas ainda assim aproveito para vos sugerir que paremos de nos cumprimentar com cotoveladas!
Apesar de ser feio para com aqueles que gostamos e muito conveniente para com aqueles que detestamos!
Mas creio que um olhar nos olhos e uma saudação verbal será mais harmoniosa, até mais higiénica, protectora e preventiva!
Cada um fará como entender, mas esta sugestão é recomendação de etiqueta respiratória pessoal e não da DGS! Fica a dica!
Isto porque, mais uma orientação paradoxal da DGS, é para a zona do cotovelo que nos recomendam tossir e espirrar, logo aquela deve ser uma zona corporal de forte contaminação ou concentração dos vírus! Não??
Penso eu de que….
Que ninguém se aleije com esta cotovelada e espero que não haja para aí dores de cotovelo com a espirituosidade do regresso ao tema!
Haja discernimento! Cuidem-se! E cuidemos dos nossos!
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SICO – eVM Vigilância de mortalidade… (Aqui.)
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«Território dos Cinco Elementos», crónica de António Martins
(Cronista no Capeia Arraiana desde Setembro de 2014.)
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