A Vida e a Capeia têm os seus riscos mas não podemos perder a paixão de as viver! Muitos não irão ler estas seis reflexões, nem estão para aqui virados, para assuntos batidos e rebatidos sobre vírus e as diferentes perspectivas que proliferam num mundo tão globalizado e tão saturado de opiniões! Alguns irão espreitar! Outros… poucos, irão ler alguns parágrafos! E outros, mas muito poucos mesmo, conseguirão ler até ao fim! (Parte 5 de 6.)

Continuando…
Espero que consigamos aguentar-nos como União Europeia, pode ser bem mais virtuoso, humano e sensato do que encetar numa designação de Europa Unida. Pois os Unidos, tantos os do Reino Unido como os Estados Unidos da América, não são bom presságio, nem sequer modelo em ponderar seguir, face à realidade e conjuntura actual que nos é apresentada!
Precisamos da União e de união mais do que nunca, pois a crise em que se perspectiva cairmos será gravemente trágica e desastrosa se não tivermos o apoio europeu!
Resta saber como vai ser gerida a simpática soma dos fundos que a Europa nos concedeu! É preciso preparar um forcão para os touros abusadores, selvagens e não bravos, como os Salgados, Varas, Socráticos ou Bavas e outros tais, que apesar de não terem ferro mas até tinham um G(r)anadeiro e ainda assim nos deram cabo da economia e os quais ainda não conseguimos encerrar num merecido curro. Precisamos de um forcão que nos proteja de falsas investidas daqueles e outros auroques, que apesar de sumidos, temos memória e conhecimento que, face ao seu porte e poder selvagem, podem-nos atacar à descarada e à traição, resultando assim em mais um grave prejuízo nesta festa dos revigorados fundos europeus que estão para chegar e que nos levem a nova e ameaçadora bancarrota.
Estimado amigo leitor, se por acaso conheceres alguém perto do poder político, reforça por favor que devem os órgãos de soberania, direcções de instituições e conselhos consultivos integrar mais especialistas das ciências sociais e humanas, porque é preciso urgentemente analisar, conhecer e encontrar formas imediatas de mudar comportamentos!
Como pudemos constatar (ver parte 4 desta crónica) milhares de milhões de mortes anuais serão possíveis de prevenir e evitar, se nas administrações politico-governamentais mundiais forem integrados mais especialistas / analistas / pensadores do comportamento humano.
Legislar e politizar, proibir, obrigar, não chega ou tem-se revelado incapaz de inverter esta realidade!
A título de curiosidade a maior percentagem, quase a totalidade de políticos em Portugal, são de formação em direito, economia e finanças! Há uma recusa ou demissão de outras especialidades em seguir carreira política, mas nada impede que aqueles especialistas e pensadores não possam ser consultados para aferir estratégias e políticas.
Mas, como também eu, não tenho pretensões de exercer qualquer poder ou carreira política, partilho contigo leitor fiel e persistente, as mudanças de comportamentos que temos de adoptar quanto antes para nos safarmos desta porra, sem medos e com a liberdade que merecemos.
Sim, são comportamentos urgentes, necessários e devem ser quanto antes rotinados e integrados no quotidiano de cada ser humano.
Todos os comportamentos recomendados pela OMS/DGS, os quais carecem de reforço na sua publicitação e divulgação institucional, com maior incidência na educação de todos os nossos jovens, para adopção de comportamentos de prevenção de auto-cuidado e auto-protecção, não só para estes vírus como para a posteridade de outros que hão-de vir:
> Etiqueta respiratória:
>> Cobrir a boca e nariz com um lenço de papel e quando tossir ou espirrar e descartar o lenço usado no lixo;
>> Caso não tenha disponível lenço descartável, tossir ou espirrar no antebraço e não nas suas mãos;
>> Higienizar as mãos com frequência e sempre após tossir ou espirrar;
>> Evitar tocar nos olhos, nariz e boca sem antes ter higienizado as mãos.
> Lavar frequente das mãos (faz milagres na medicina e na saúde);
> Arejar constantemente todos os espaços fechados (a melhor forma de prevenir contaminação de um ambiente/espaço);
> Prudente e equilibrado distanciamento físico, mas manter a proximidade sócio-afectiva;
> Distanciamento físico mais rigoroso, mas com o merecido afecto, com os mais frágeis (idosos e pessoas com diagnóstico de doença reconhecida)
> Optar por espaços e actividades ao ar livre em detrimento dos espaços fechados;
> Uso da máscara em locais fechados e ar livre onde haja maior concentração de pessoas;
> Sempre que haja sinais ou sintomas de doença e tenha de interagir com terceiros deve usar-se máscara;
> Confinamento e evitamento de convívio social ou de qualquer contacto ou presença física em caso de estarmos com sintomas ou possível doença infecto contagiosa.
Há comportamentos ditos sociais e afectivos que vieram para ficar e é preciso que cada um de nós os vá integrando nas suas rotinas e formas de agir. Todos teremos que desenvolver algum grau de psicopatologia obsessiva compulsiva, direccionada para o receio de contaminação! Uma boa dose de instabilidade psicológica comportamental convertida em saudável, precisa-se e recomenda-se!
É urgente e obrigatório continuar a proteger todos os mais vulneráveis através de medidas legislativas pró-humanas e sensatas que resguardem todos aqueles que por motivos, biopsicossociais apresentam vulnerabilidades e maior risco de contaminação para este ou outros vírus ou bactérias que surjam.
Não podemos deixar de considerar que a quase generalidade das mortes, verificaram-se em pessoas que estavam ou em «confinamento forçado», isto é, estavam institucionalizados em lares da terceira idade ou padeciam de vulnerabilidades (doença) prévias. Não se trata de pessoas que andavam expostas ao risco, o risco é que se impôs àqueles e entrou-lhes entrou porta dentro sem pedir licença ou de os avisar que os iria visitar. São estes espaços e pessoas que carecem de planos, medidas e estratégias de mais e melhor rigor na sua protecção. Lares no nosso concelho, são os maiores empregadores da região, esperemos que a tão precária situação de emprego não se complique! Prevenção máxima é precisa!
E se não houver medidas governamentais, porque é difícil mudar mentalidades e formas de fazer uma política mais humana, protege, cuida e informa tu, os teus mais próximos!
Os diversos ecos do sistema (ecossistemas) biopsicosocioeconomicoespirituais não vão dar tréguas, estão em busca do seu equilíbrio!
Não aguentam a extensão da longevidade humana! Os antigos 40 anos, são hoje os actuais 60! E, num futuro próximo, a idade de 80 anos vão ser os novos 50! Nunca houve tantas pessoas centenárias como nos últimos anos!
Queremos ser eternos? Sim seremos! Garantidamente! Mas noutra matéria e composto atómico ou celular! Voltamos à matéria indivisível de onde viemos!
Políticas e legislação de protecção e cuidados de saúde e higiene no trabalho têm que ser urgentemente revistas. Pois a impossibilidade de ficar uns dias de baixa por motivos de síndrome gripal, sem que seja descontado 100% do vencimento nos primeiros três dias, que é lei actual, é uma medida absurda e tem forçosamente que ser revista.
Qualquer ser humano deve ter direito, pelo menos uma vez em cada ano, a um mínimo de cinco dias de baixa sem perda de vencimento. Assim em caso de síndrome gripal ou outra poderá utilizar aquele direito de protecção individual e de saúde comunitária.
Se existem baixas fraudulentas, o problema não está no doente que a requer, mas na entidade que a emite, logo se houver maior fiscalização e/ou responsabilização nas entidades emissoras, o problema passa a não problema e com uma medida tão simples, de evitamento de contacto interpessoal com recurso a atempado confinamento preventivo profiláctico ou terapêutico, evitamos surtos gripais ou epidémicos, porque nunca podemos esquecer que uma gripe sazonal mata e mata muitos.
O IVA aplicado nas máscaras, gel e afins, convertidos agora em bens de vida ou de morte, é absurdo, estes produtos tal como o IVA de uma consulta médica, devem ser considerados de primeira e urgente necessidade, é a vida das pessoas que está em jogo.
Logo implementar a isenção de IVA sobre estes produtos, é um bom exemplo de politica pro-humanista, e não pro-economista como a actual, em que o estado não quer perder a oportunidade de encher nesta oportunidade os seus cofres.
Pois se existem famílias que podem suportar aquele IVA, outras há que nem para comer têm, quanto mais para adquirir uma máscara ou até sabão azul!
Outro aspecto abusivo e ridículo e postura do Estado, está na cobrança de IVA nas iniciativas de criação de linhas telefónicas de apelo à solidariedade e contribuição dos cidadãos, com recurso a chamadas de valor acrescentado, as quais não estão isentas de IVA, o cidadão liga para dar o seu contributo solidário, e o estado engorda com 23% de IVA sobre cada chamada de 1 euro. Para focar uma destas iniciativas, numa delas foram angariados 500 mil euros, a que equivale referir que o estado beneficiou de 115 mil euros em IVA.
Há justiça social ou solidária nisto???
Enquanto uns sofrem e choram, outros lucram e vendem lenços!
Na actual situação vendem: máscaras, gel, álcool, ventiladores, óculos, viseiras, EP’s, e afins a preços híper-mega-inflacionados! A economia no seu melhor e sem controlo de um estado democrático que deveria proteger os cidadãos mais vulneráveis!
As profissões dos «5 S» Profissionais de Saúde, Segurança, Socorro, Serviço Social (funcionários dos lares) e Saneamento! Os ditos de primeira linha, não tiveram direito a teletrabalho, horários de espelho! Dias de maior folga!
Alguns deles foram até, agora recentemente, à socapa e em «off de record», apelidados de cobardes pelo nosso Primeiro. A máxima da nomeação e passagem de «bestiais a bestas» a imperar na cultura portuguesa.
Mas depois de reabrir a economia! Ainda que tenha dificuldade em perceber onde, como e quando é que a economia reabriu, face ao pânico e trauma instalado! Mas após começar o desconfinamento importa reforçar que aqueles profissionais nunca tiveram confinados! Aqueles vão continuar como sempre estiveram na operacionalidade e no terreno, mas mais esgotados e exaustos!
Se uns descansaram ou tiveram oportunidade de exercer a sua actividade em condições de maior proteção e menor exposição, minimização do stress, os «5 S» e outros mais, nem tanto!
E que dizer do lay-off para os privados?
Já para não falar nos milhares que foram e irão para o desemprego! Uma tragédia socioeconómica sem precedentes, mas consequente às medidas seguidas!
Porque razão ficam os trabalhadores do sector privado, com redução dos seus rendimentos e milhares de funcionários, onde me incluo, mantemos assegurado o direito a salário, que está garantido!?
Haja equidade nos custos e benefícios!
Mas isso seria numa outra dimensão e humanidade mais evoluída!
Não… onde existe uma assimetria tão abissal, numa frágil e ameaçada e falsa democracia! Na própria administração publica, para carreiras semelhantes a disparidade do valor de salários é uma aberração!
Quantos salários do ordenado mais baixo da função publica cabem num dos salários mais altos da mesma administração!?
O preço do leite, do arroz, da massa da luz, da água, do gás, dos combustíveis também é atribuído na mesma ordem de valor e grandeza, e na devida proporcionalidade daquilo que se recebe? Pois! Não é. Viva a democracia!
Haja custos e benefícios a repartir por todos de forma mais equitativa ou proporcional! Seriam medidas de sociedades humanas mais evoluídas!
Países há, como o nosso, em que nas instituições militares e nas forças de segurança, existem messes/cantinas para seres humanos de primeira, segunda e terceira categoria!
A segregação categorial humana no seu melhor!
Democracia!? Liberdade!? Igualdade?! Onde!??!
Demagogo! Ingénuo! Sonhador!
Claro que sim… podem ser essas as minhas alcunhas da reacção ao que aqui se argumenta!
Mas trata-se de uma atitude sem ponta de húbris (arrogância) mas com muita sofrósina (sensatez) e apenas isso.
Mas voltando ao que me levou a escrever… na actual abertura socioeconómica, e continuado desconfinamento persiste um grave problema, senão o maior, pelo menos nas grandes cidades, como retomar as rotinas de regressar ao trabalho. Tanto de transportes públicos como de carro próprio.
As grandes cidades não estão preparadas para os efeitos consequentes e exigentes desta pandemia. Como poderão os cidadãos aguentar circular em autocarros e comboios, transportes públicos como sardinhas enlatadas. Só quem nunca andou em transporte publico em hora de ponta numa grande cidade é que poderá aceitar tal possibilidade com tranquilidade!
Sou impedido de ir à Capeia, às festas da terrinha, à praia, aos centros comerciais, a concertos, a salas de cinema, museus, a ginásios e/ou actividades de aglomerados afins, porque corro risco de contaminar ou ser contaminado! Mas sou obrigado a viajar em comboios, autocarros, metro e barcos sem liberdade de qualquer movimento e uns a bafejar a centímetros de distância para cima de outros.
Retomar as rotinas é necessário quanto antes, para não morrermos do remédio nem da cura. Mas são precisas medidas preventivas e estratégias para acautelar comportamentos das deslocações dos cidadãos em locais de maior densidade.
Não haverá́ máscara, gel ou comportamento de distanciamento social possível ou imaginário, em transportes públicos que continuam sobrelotados!
Onde não houve investimento antes, porque não havia dinheiro, então muito menos haverá agora!
Quem anda de transportes públicos não pode mudar as coisas e quem pode mudar as coisas não anda de transportes públicos! Logo está tudo dito!
Salva-nos o nosso comportamento individual de auto-protecção e auto-cuidado que teremos, que mais do que nunca, pôr em prática imediatamente e de forma mais expedita!
Isto sob risco de que caso não seja acautelado o regresso às rotinas, todo este esforço desmesurado de clausura ou confinamento forçado, terá́ sido e continuará a ser em vão. Estarão o mundo e as sociedades capazes de continuarem a suportar segundas e terceiras ou quartas vagas de novos surtos e pandemias??
Ainda que surja a médio prazo a salvadora vacina para este vírus, que novos vírus estarão na forja?
Quanto tempo levarão a eclodir? Existe vacina para estes incógnitos e desconhecidos vírus?
A biologia, a natureza e a sua capacidade reprodutiva ou evolutiva, não vão deixar de produzir novos vírus e a medicina e a sábia ciência, não conseguem ser tão imediatos, rápidos e eficazes na prevenção e tratamento ou imunização, quanto a biologia na sua natural evolução na componente vírica ou bacteriológica.
Podemos, com tempo, ser bons e eficazes a reagir, mas tudo passa por sermos melhores e mais eficientes a prevenir.
A medicina, ciência e a tecnologia é excelente no diagnóstico, tratamento e cura do que surge. Mas não pode ser eficaz ou eficiente na actuação sobre o inexistente, no complexo e vasto incógnito. Já o nosso comportamento, o que fazer, como e quando e porque fazer desta ou daquela maneira, pode prevenir muito antes do que quer surja, ou possa surgir.
Ninguém quererá ficar refém de um vírus, porque viver no medo e insegurança, risco ou ameaças constantes e refém destes sentimentos é muito pior do que regressar à naturalidade dos dias e esperar que haverá́ sempre uns que viverão e outros nem tanto!
Mas assim foi no passado, vai ter que ser mais tarde ou mais cedo no presente e há-de ser assim no futuro, a vida dos ecossistemas repete-se em ciclos.
Mais uma vez, se reforça que a vida é uma Capeia e para desfrutarmos dos prazeres dela temos que correr riscos e tentar regular o medo! Temos que recuperar a nossa liberdade individual de escolher o que queremos fazer com a nossa vida, encontrando formas e «faenas» de evitar a exposição ou «pega de caras» aos
«cornos invisíveis» desse malfadado Cornovirus, que nos boicotou a festa das capeias este ano. Haja coragem e esperança e havemos de sobreviver a todo este pandemónio.
(Parte 5 de 6.) (Continua.)
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«Território dos Cinco Elementos», opinião de António Martins
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2014.)
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