A Vida e a Capeia têm os seus riscos mas não podemos perder a paixão de as viver! Muitos não irão ler estas seis reflexões, nem estão para aqui virados, para assuntos batidos e rebatidos sobre vírus e as diferentes perspectivas que proliferam num mundo tão globalizado e tão saturado de opiniões! Alguns irão espreitar! Outros… poucos, irão ler alguns parágrafos! E outros, mas muito poucos mesmo, conseguirão ler até ao fim! (Parte 4 de 6.)

Mas continuando…
Epidemias com os seus trágicos efeitos, houve várias ao longo dos séculos. Poderiam trazer-nos alguma tranquilização e esperança, mas parece que não aprendemos nada com a História!
Importa conhecer alguns números e acontecimentos para percebermos que estamos melhor protegidos actualmente e que seremos com certeza capazes de fazer melhor para mudar o rumo das actuais circunstâncias!
– Entre 1330 e 1350 a Peste Negra matou 75 a 200 milhões de pessoas!
– Em 1520 a frota espanhola leva vírus da Varíola para o México e no espaço de um ano matou 6 milhões e no espaço de 60 anos reduziu aquela população de 20 milhões, em 1520, para 2 milhões de habitantes em 1580.
– Em 1569, no espaço de um ano, a Peste Negra matou, só em Lisboa, cerca de 50 mil pessoas.
– Em 1918, a estirpe virulenta que ficou conhecida como «Gripe Espanhola», em poucos meses afectou 500 milhões de pessoas. E a pandemia daquele surto matou cerca de 100 milhões de pessoas.
– Mas a Varíola em 1967 ainda matava 2 milhões de pessoas e infectava 15 milhões, e apenas em 2014 a OMS deu como erradicado aquele vírus.
– Nos anos 80, a SIDA matou mais de 30 milhões de pessoas e dezenas de milhões foram afectados pelos seus efeitos colaterais, estigma, preconceito, discriminação. E esta doença infectocontagiosa era bem mais perigosa que a varíola.
– A Varíola mata em poucos dias e apenas infectava poucos. Os portadores da HIV, sobrevivem anos sem saber que estão infectados e podem infectar milhares de forma inconsciente, isto é, sem saber que o fizeram.
– Entre 2002 e 2014 tivemos vários surtos epidémicos, a SRAS (matou 1000px), a Gripe das Aves, a Gripe Suína, e o Ébola (este 11000 mortes), que no início eram temidas como novas pestes negras mas que foram todas debeladas e estão sob controlo. E o Ébola, que foi apresentado em Setembro de 2014 como se fosse a mais grave emergência de saúde pública, em Janeiro de 2015 estava sob controlo e em Janeiro de 2016 a OMS anunciou o seu fim.
As epidemias com o evoluir constante da ciência e da medicina (vacinas, antibióticos, medicamentos) deixaram nas últimas décadas de se fazer sentir com a mesma dimensão e impacto, o que nos permitiu aos naturais e actuais sobreviventes do último século ter beneficiado da bonomia da natureza e da ciência.
Para todas estas epidemias mais recentes a medicina encontrou sempre resposta para seu controlo e rápida erradicação.
Mas variantes de peste negra estão sempre à espreita e as mutações casuais dos vírus em que os agentes patogénicos passam dos animais para os humanos, vão continuar a acontecer com mais frequência e com a propagação mundial mais rápida. Cuidado animalistas com a proximidade, a defesa e intimidade para com os animais não é tão boa quanto isso! A nossa saúde fica em risco!
Daí defendermos a distância e preferirmos o forcão para desafiar os touros bravos nas nossas Capeias e tratar os animais com o respeito e consideração que eles nos merecem, mas sem intimidades!
Isto para vos dizer que a medicina, biologia, a física, a química, fazem um trabalho extraordinário, no diagnóstico, no tratamento e na cura, deixaram de ser milagres do divino ou castigos do demónio, mas passaram estes surtos a ser entendidos e controláveis pelas ciências exactas.
Mas milhares de milhões de mortes no mundo, resultam das acções e/ou do comportamento humano, de iniciativa e intenção autodestrutiva! Todas elas uma causa de saúde publica, muito mais mortíferas, mas que já aceitamos como normalidade, mas carecem de medidas tão ou mais urgentes que a actual Pandemia!
A que se deve esta propagação do medo, exageradas e descontroladas medidas de isolamento obrigatório e tão restritivo, com paragem da economia e da vida e da nossa liberdade, quando comparando números actuais de outras mortes, os números da COVID19, são ínfimos!
A vida é uma capeia, é um risco e uma paixão e é para ser vivida!
E para tirarmos prazer dela, vida e capeia, temos que aprender a gerir e regular o medo e a moderar e aceitar o risco. Teremos que, mais tarde ou mais cedo, reaprender a viver com mais este risco para as nossas vidas.
Repare-se nas mortes em Portugal:
Entre 5 de Fevereiro e 8 de Março de 2012, o número diário geral de mortos, era sempre acima de 400.
Em 2020, durante todo período de estado de emergência e durante a pandemia, houve apenas um dia (4 de Abril – 423 mortes) acima de 400.
Todos os anos, em Portugal, há dias, nos picos de gripe (inverno), em que, em apenas num dia morreram 578 pessoas (2 de Janeiro de 2017), isto num dia apenas! E existem outros picos de mortes de verão em dias de calor, completamente perturbadores: 8 de Julho de 2013, 498 mortos; e em 5 de Agosto de 2018, 508 mortes.
Em nenhum dos dias de maior pico da Covid-19 houve um número de mortes mais alto como houve em alguns dias picos de gripe sazonal ou dia de calor… (Aqui.)
Estes dados não são pertinentes? Não dão que pensar? Estes são dados exactos e oficiais, que estão disponíveis no site oficial do SNS/DGS sobre a vigilância da mortalidade em Portugal! Vale e merece uma visita e análise!

Na linha preta estão representadas as mortes ocorridas em 2020. Atente-se nos dias de picos de maior mortandade.
Caso seja tenha curiosidade, numa consulta a aquele site, poderá verificar que neste mês de Julho de 2020, estão acontecer mais mortes que nos outros anos. Todavia, as mortes por Covid, por dia e neste mês, são inferior a dez. Mas o número geral de mortes é muito superior aos outros anos. Serão já os efeitos do abandono de cuidados com as consultas/tratamentos/exames médicos de rotina que as pessoas e/ou os serviços suspenderam??
Agora a vossa atenção para os números de mortes por ano passíveis de associar ao comportamento humano no mundo:
– Fome e má nutrição (1 milhão de mortes/ ano) – obesidade (3 milhões mortes/ano);
– Diabetes (1,5 milhão mortes/ano);
– Suicídio (900 mil/ano);
– Acidentes de viação (1,2 milhões mortes ano + 50 milhões de feridos/ano);
– Mortes violentas por homicídio (cerca de 500 mil/ano);
– Mortes violentas por guerra ou conflitos (cerca de 100 mil/ano);
– Mortes por violência doméstica (50 a 80 mil por ano);
– Mortes por consumo de drogas (cerca de 500 mil/ano);
– Mortes por gripe sazonal (cerca de 650 mil/ano);
– Mortes por HIV em 2018 (770000 + 1,7 milhões de novos infectados e um total de 38 milhões de infectados à data actual no mundo);
– Mortes causadas por tabaco até agora em 2020 (2,84 milhões);
– Mortes causadas pelo álcool até agora este ano ( 1,42 milhão).
Em 2010 a fome era responsável pela morte de um milhão de pessoas. Mas a obesidade foi responsável por matar três milhões de pessoas. O que quer dizer que a obesidade matou três vezes mais que a má nutrição/fome… (Aqui.)
E as mortes em Portugal associadas ou consequentes ao comportamento humano, repare-se nos dados da Pordata referentes a apenas um ano, o de 2017.

Mas voltando ao tema da pandemia e seus efeitos, face ao actual confinamento obrigatório, quantas crianças e crimes de agressão ou violência doméstica ficam por sinalizar e referenciar às autoridades!
Dizem alguns especialistas que com esta crise, a casa de habitação, tornou-se o lugar mais perigoso do que nunca, para este tipo de vítimas. Estão por sua conta e risco, pois os possíveis crimes ficaram escondidos da sociedade!
Só no espaço de dois meses e apenas em Portugal, mais cerca de 60 mil pessoas solicitaram apoio ao Banco Alimentar… (Aqui.)
…mas quantos não puderam ou conseguiram fazê-lo ou dar este passo?? E quantos estão a recorrer a ajuda alimentar nos diferentes municípios?… (Aqui.)
Convém reforçar que os alertas dos cientistas, investigadores, cientistas, bioquímicos, químicos, e afins, são todos imprescindíveis, mas face às previsíveis e constantes graves mutações de vírus no futuro, defende-se que a melhor forma de combater os monstruosos vírus, será́ informar, consciencializar e mudar comportamentos!
Pois aqueles são de momento a melhor profilaxia, dado que as ciências exactas não possuem de momento e podem não possuir no futuro tratamento ou cura imediata dos vírus que se manifestem.
Se em tempos um simples lavar das mãos, entre a observação e consulta de doente para doente, em meio hospitalar, aquele gesto instituído pelos médicos, reduziu drasticamente as infecções hospitalares, sendo uma das revoluções na medicina, a qual teve apenas a ver com a mudança de um simples comportamento! LAVAR AS MÃOS!
Ainda leste até aqui? Então podes enviar dois OK ! Mas não precisas de ler mais! Mas grato pela tua persistência, capacidade superação e tolerância ou curiosidade em acompanhar esta perspectiva!
(Ou então até à próxima partilha da Parte 5.)
(Parte 4 de 6.) (Continua.)
:: ::
«Território dos Cinco Elementos», crónica de António Martins
(Cronista no Capeia Arraiana desde Setembro de 2014.)
:: ::
Leave a Reply