Dentro de dias haveria eleições, pelas ruas de Atenas passeavam-se os candidatos vestidos de túnicas brancas, era o símbolo da ética e da pureza, falavam com os eleitores prometendo-lhes tudo o que de mais belo existia sobre a Terra.
Os candidatos tinham pouca inclinação para a modéstia, eram mais atrevidos e descarados, quase todos tinham tendência para o egotismo. O Povo de Atenas desconfiava deles, mas ao mesmo tempo resultava-lhe cómodo acusar os políticos de defeitos que caracterizavam aquela sociedade, e ver neles os seus próprios vícios.
As eleições eram orquestradas pelos líderes das respectivas facções, prometendo a felicidade eterna, tinham o péssimo vício de denegrir os honrados, os que possuíam valores éticos, esses eram incómodos, até o próprio Povo os detestava, porque não lhes enchia os ouvidos de promessas e os bolsos de dinheiro. Diziam os – Chicos Espertos – lá do sítio que os dirigentes honrados eram uns atrasados, e o atraso deles transformaria aquela cidade num atraso de vida. Os honrados respondiam-lhes: «Este Povo só tem o que merece.»
Esperava-se a qualquer momento a chegada junto ao Partenon de um candidato que queria aplausos por cada palavra que lhe saía da boca, um autêntico exibicionista com afã de notoriedade, e atitudes próprias de comediante. O Povo esperava-o com ansiedade, queria ouvir mais promessas…
Terminaram as eleições, tudo voltou ao normal, secou então a fonte pela qual tinham brotado tantas promessas, tantas amizades, tantas lealdades.
:: ::
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
:: ::
Leave a Reply