A reindustrialização é uma palavra que parece não existir em português, mas ela exprime muito bem um problema actual que é o facto de um país ter perdido as suas indústrias, por não importa que motivo, e deseja introduzir ou novas unidades de produção ou deslocá-las de um determinado país para o seu próprio território.

Os economistas e os políticos dizem que é necessário reindustrializar a Europa. Mas já parece como o monstro do Loch Nesse: fala-se muito neste tema, mas nunca se vê a sua realização. Tal como na crise financeira de 2008, também agora nesta, vem sempre ao de cima o mesmo discurso: é necessário repatriar a produção, e depois, passado algum tempo, fica tudo na mesma ou ainda pior. E a prova é que nos últimos 10 anos, as deslocalizações das actividades industriais e manufactureiras intensificaram-se ainda mais.
A crise do coronavírus demonstrou cruelmente a forte dependência do mundo ocidental relativamente à China ou de outros países com baixo custo de mão-de-obra. O exemplo mais esclarecedor foi a penúria de equipamentos de protecção individuais, como as máscaras, quase exclusivamente fabricadas na China e vendidas a preços desafiando toda a concorrência.
Face às graves dificuldades de aprovisionamento de produtos cruciais, as empresas e os engenheiros dos diferentes países europeus colocaram o seu saber ao serviço da colectividade e produziram produtos de uma utilidade incomparável, tais como respiradores, produções de máscaras, blusas para o pessoal médico e outros.
Vários chefes de governo de países europeus apelam que é indispensável repatriar a produção de certos bens em nome da soberania dos Estados. Países que foram berços de grandes indústrias na fabricação do ferro, do vidro, da lã e da indústria automóvel, sofreram uma forte desaceleração industrial. Certas regiões, outrora prósperas, são actualmente um deserto e vêm-se autênticos esqueletos de fábricas que fazem parte da chamada arqueologia industrial.
Cada um dos políticos tem a sua opinião sobre esta matéria, acentuando uns mais um aspecto outros mais outro. Uma coisa é certa, normalmente, a deslocalização comporta um aumento dos preços, já que a mão-de-obra é mais cara nos países europeus que nos do oriente ou da África.
No entanto, haveria alguns sectores que seria interessante relocalizar, juntando-lhe uma dimensão ecológica, como, por exemplo, os electrodomésticos. Seria necessário legislar contra a obsolescência programada, fabricando aparelhos com garantias de cinco ou 10 anos e abrir lojas para os poder reparar, pois não faz sentido que, após dois anos, seja mais interessante comprar um novo aparelho que mandá-lo reparar. Os produtos seriam mais caros, é certo, mas não teríamos de os comprar com a mesma frequência que hoje.
No domínio têxtil poderia haver relocalizações, fabricando com melhor qualidade que as multinacionais situadas no Bangladesh que não respeitam o meio ambiente e exploram o trabalho infantil. Também no têxtil, a inovação permitirá que o vestuário seja igualmente um medicamento, o que requer uma investigação tecnológica avançada que só os países desenvolvidos estão em condições de o fazer.
O domínio agrícola, que não é propriamente um sector industrial, deverá fazer a sua reconversão, incentivando o trabalho da terra que em muito se perdeu, para garantir o sustento das populações, com produtos de boa qualidade, não devendo assim percorrer milhares de quilómetros para serem consumidos.
Não será fácil remar contra as deslocalizações que provocam a desindustrialização, mas o que, desde já, se poderia fazer era manter o que existe e investir na inovação porque há ainda muitos domínios onde será necessário melhorar, substituir e programar, como por exemplo, nos ramos do automóvel, da aeronáutica, dos transportes marítimos e aéreos, da electricidade, altamente poluentes, e onde a engenharia europeia tem ainda muito que inovar e melhorar.
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«Pedaços de Fronteira», opinião de Joaquim Tenreira Martins
Caro António Emídio. Pesquisei no Google e não encontrei nem o artigo nem referências a esses soi-disant professor. Lamento não poder esclarecer.
Senhor Joaquim Tenreira Martins :
Eu sei que é um homem que se interessa pela sua Terra, mas não fica por aí, interessa-se também por Portugal, pela União Europeia e pelo Mundo. Tomo a Liberdade de lhe propor a leitura de um artigo de Jacques Amaury, sociólogo e filósofo francês, também professor da Universidade de Estrasburgo, basta ir ao Google e escrever – Jacques Amaury – começa também com a crise de 2008 em Portugal. Lá está a razão dos nossos salários tão baixos, da corrupção galopante, e da péssima industrialização do País.
Tenho a dizer-lhe que propus a leitura deste artigo a alguém conhecedor da política portuguesa, esse alguém disse-me que possivelmente esse Jacques Amaury não existe, é algum português que escreve o artigo, porque a realidade é de tal ordem…
mais uma vez desculpe este meu atrevimento.
António Emídio