Dos santos populares, em Águas Belas, só temos o Santo António, mas antigamente festejava-se o São João nas ruas e ia-se à feira de São Pedro ao Sabugal – dias de festa e animação garantidas.

As fogueiras – Uns dias antes da noite de São João, todas as pessoas iam arrancar rosmaninhos – planta muito abundante em qualquer tapada daqui, que floresce pela primavera. Até, os mais velhos o faziam e, aos que já não podiam fazê-lo, algum filho ou neto ia buscar um feixe de rosmaninhos
A certa hora, a seguir à ceia, cada morador acendia a sua fogueira. Como as casas eram muito juntas, as fogueiras ficavam bastinhas. Em cada rua, os vizinhos conviviam uns com os outros, mas quem queria, mais a malta nova, ia «sarnar» as fogueiras, ruas abaixo e ruas acima, uma, duas ou até mais vezes.
«Sarnar» era saltar as fogueiras; às vezes, o lume estava muito alto e era difícil saltá-las, tinha de se deixar arder, até não ser perigoso, mas os mais afoitos saltavam com o lume forte, para mostrarem uma certa valentia. Era uma brincadeira bonita, com uns a incentivar outros, numa noite bem divertida. Na manhã seguinte, ainda, havia cinza no chão e um cheiro agradável a rosmaninho no ar.
O mastro – Havia anos que se juntavam três ou quatro rapazes e raparigas e faziam o mastro. Era um pinheiro todo forrado de rosmaninhos. Compunha-se no chão e depois levantava-se no centro de um largo, ao fundo do povo, à capela, à fonte velha…, sempre devidamente enterrado, para se manter fixo e direitinho.
Era bonito, ver arder o mastro! Aí, sim, muitas pessoas do povo juntavam-se para conviver, contar histórias, adivinhas, anedotas… e passarem uns bons momentos.
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«A minha terra é Águas Belas», crónica de Maria Rosa Afonso
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